março 26, 2012

"Entre os muros da Escola: teoria do currículo, multiculturalismo e diferença", por Leandro Calbente


Entre os muros da Escola: teoria do currículo, multiculturalismo e diferença


A temática escolar já motivou inúmeros filmes. Podemos mesmo falar da existência de um gênero cinematográfico constituído a partir de filmes sobre a escola. Os exemplos são diversos, Ao mestre com carinhoSociedade dos Poetas MortosEscritores da liberdade, apenas para lembrar dos mais tradicionais e conhecidos. Esse gênero cinematográfico, em geral, é acompanhado por reflexões e teorias a respeito do papel da escola, da educação e dos agentes envolvidos nesse ambiente. Por isso, pode-se dizer que tais filmes se apropriam e dialogam com as teorias do currículo. A partir dessa premissa, a proposta deste trabalho é discutir um filme em particular, o francês Entre os muros da escola, e refletir sobre o modo que esta obra se apropria e dialoga com o campo das teorias do currículo[1].
Como hipótese de trabalho, enxergo o filme de Laurent Cantet como uma poderosa desconstrução de uma reflexão muito consolidada sobre o universo escolar, qual seja, aquela que enxerga essa instituição como o espaço de uma operação quase milagrosa sobre a realidade. Por consequência, o filme ajuda a desconstruir uma espécie de substrato teórico, ou melhor, uma metanarrativa que sustentou e continua sustentando inúmeras teorizações sobre o currículo na contemporaneidade. Para dar conta dessa reflexão, iniciarei com uma breve discussão sobre o que significa falar em teorias do currículo; em seguida, destacarei alguns elementos bastante disseminados no gênero de filmes escolares; finalmente, discutirei como o filme Entre os muros se afasta e desconstrói essa tradição.
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