PICICA: "Tyler Durden:
Somos uma geração sem peso na história, cara. Sem propósito ou lugar.
Nós não temos uma Grande Guerra. Nem uma Grande Depressão. Nossa Grande
Guerra é a guerra espiritual… nossa Grande Depressão são nossas vidas. Todos
nós fomos criados vendo televisão para acreditar que um dia seríamos
milionários, e deuses do cinema, e estrelas do rock. Mas nós não somos. Aos poucos vamos tomando consciência disso. E estamos muito, muito revoltados.”"
Resenha – Clube da Luta
As regras do Clube da Luta:
- Você não fala do clube da Luta;
- Você NÃO fala do Clube da Luta;
- A luta só acaba quando alguém disser “pare” ou perder os sentidos;
- Só duas pessoas em cada luta;
- Uma luta de cada vez;
- Sem camisa, sem sapatos;
- As lutas duram o tempo que for necessário;
- Se esta é a sua primeira noite no Clube da Luta, você tem que lutar.
Quebrando as duas primeiras regras,
pretendo fazer uma análise deste filme que tanto me marcou. Lançado em
1999, o filme traz Edward Norton (narrador), no papel de um americano de
classe média com uma vida medíocre e sem perspectivas, e Brad Pitt
(Tyler Durden), representando tudo que o narrador quer ser mas não tem
coragem. Adaptação do livro de Chuck Palahniuk, Clube da Luta é uma Ode
contra a nossa grande depressão atual: nossas vidas:
Tyler Durden: Somos uma geração sem peso na história, cara. Sem propósito ou lugar. Nós não temos uma Grande Guerra. Nem uma Grande Depressão. Nossa Grande Guerra é a guerra espiritual… nossa Grande Depressão são nossas vidas. Todos nós fomos criados vendo televisão para acreditar que um dia seríamos milionários, e deuses do cinema, e estrelas do rock. Mas nós não somos. Aos poucos vamos tomando consciência disso. E estamos muito, muito revoltados.”
Esta é a razão de ser de todo filme,
todos os personagens vivem a grande depressão espiritual de uma época
perdida em entorpecimento e comerciais de televisão, eles sentem isso,
mas não conseguem se libertar. Viramos escravos das revistas de beleza,
carros, móveis. O filme inteiro é um grito de protesto, não queremos
mais a sua arte, as suas ideias, o seu ideal de perfeição! Um grande
Sim! está por trás de cada soco que quebra um dente ou põe um homem
inconsciente. O grito é em nome da algo maior, mas para criar algo no
lugar, é preciso destruir antes.
Tyler Durden:Você não é seu trabalho. Você não é o quanto de dinheiro tem no banco. Você não é o carro que dirige. Você não é o conteúdo da sua carteira. Você não é a porra da sua (calça) caqui”
Como chegar ao fundo? Esta é a pergunta,
para ser livre é preciso antes chegar ao fundo, livrar-se de tudo que
impeça o movimento, liberdade, deixar as coisas que não importam
realmente fluírem. “as coisas que você possui, acabam possuindo você“. Estamos presos a emprego, família, amigos, posição social, contas…
O filme tem um sentido muito afirmativo, basta ter coragem para perceber. “Sem dor, sem sacrifício, não teríamos nada“,
tudo que Tyler quer é criar algo novo, dar um novo sentido, ter a
capacidade de sentir o mundo novamente, experienciá-lo como nunca antes,
“este é o melhor momento de sua vida, e você o está perdendo em outro lugar“.
Ele busca a liberdade, não a que nos vendem, mas a uma liberdades que
podemos sentir como tal. Estamos entorpecidos, este é o diagnóstico,
como superaremos a nós mesmos? Convenhamos, não temos tempo a perder, “em uma linha de tempo longa o bastante, a taxa de sobrevivência de todos cai pra zero“, e as saídas de emergência nunca são confortáveis.
Tudo que nos venderam se deteriorou e
agora não temos nada, eram sonhos falsos e não temos como voltar para o
útero de nossa mãe pedindo segurança e conforto, também não há mais Deus
para o qual rezar. “Você precisa considerar a possibilidade de Deus
não gostar de você, nunca o quis, e muito provavelmente ele te odeia.
Não é a pior coisa que poderia acontecer“, não há nada de errado,
estamos cansados de sua teologia e seus ideais. O prazer se encontra na
luta, e é impossível isso não ficar mais óbvio que em Clube da Luta. Nos
alimentamos de nossos medos, nos alimentamos do desconforto, crescemos e
nos tornamos melhores: “Antes você precisa saber, não temer, que um dia você vai morrer“.
A possibilidade da morte como combustível para a vida. Só assim, usando
o medo e a dor como combustível, a possibilidade de mudança se torna
real.
A possibilidade de morte, por exemplo, é o
que dá vida para Raymond K. Hessel: tenho certeza, nunca provaremos um
café da manhã tão bom quanto o dele. Esta é a intenção de Tyler, “Sem medo. Sem distrações. A habilidade de deixar aquilo que não interessa verdadeiramente passar“.
Deixar para trás tudo que atrapalha, deixar para trás a falsa liberdade
que te venderam na TV, e procurar sua legítima forma de ser livre. “Quanto mais você descer, mais alto vai voar“.
Sejamos um pouco como Tyler, aliás, façamos como o Narrador e deixemos o que há de Tyler em nós mostrar um pouco o caminho. “Eu não quero morrer sem cicatrizes”;
ainda não sabemos do que somos capazes, e muitos morrem sem nunca
saberem! Ainda não chegamos ao fundo do poço e só assim seremos
verdadeiramente livres, só assim encontraremos nosso verdadeiro caminho.
Mas sabemos de uma coisa, derrubamos Ídolos, deixamos de lado a
perfeição (“um momento é o máximo que você pode esperar da perfeição“). Queremos a vida intensa, não a promessa da vida intensa (veja: a mediocridade do caminho do meio), Tyler nos deixou algumas diretrizes importantes, mas antes, temos que chegar ao fundo:
Projeto Caos:
- Você não faz perguntas;
- Você NÃO faz perguntas;
- Sem desculpas;
- Sem mentiras;
- Você precisa confiar no Tyler.
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