Ano 27 -
Goiânia,
Goiás. Edição nº. 08 de 2014 – De 21 de maio a 4 de junho.
Veja nesta
edição:
- Dom Tomás Balduino
fez a sua páscoa
- Dom Celso Pereira nos deixou
- Assentada e filha são encontradas mortas
- Bispos aprovam documento sobre a Questão Agrária
- Fórum Social Temático sobre energia é lançado em Brasília
- Encontro reúne integrantes de povos e comunidades tradicionais de todo Brasil, em Luziânia
- Pescadores protestam contra Belo Monte e fecham Transamazônica
- Munduruku são atacados com rojões por garimpeiros, comerciantes e prefeitura de Jacareacanga (PA)
- Sociedade civil encaminha representação contra relator do novo marco da mineração
- Fazendeiro e capataz são condenados a 130 anos de prisão
- Trabalhadores do MST são assassinados no Rio Grande do Norte
- Líder de assentamento do MST no Paraná é morto a tiros
- Semana da Terra Padre Josimo é encerrada com caminhada dos mártires
- Líder terena é baleado em Mato Grosso do Sul
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Dom Tomás Balduino fez a sua páscoa
Aos 91
anos, Dom Tomás Balduino, bispo emérito da cidade de Goiás (GO) e um dos fundadores da CPT e do Conselho Indigenista
Missionário (Cimi), faleceu na noite do dia 2 de maio, em decorrência de uma trombo embolia pulmonar. O adeus a Dom Tomás
começou na Igreja São Judas Tadeu, em Goiânia – espaço dominicano que acolheu o religioso após se tornar bispo
emérito. No dia 4, a missa de corpo presente foi marcada
por diversas mensagens e histórias
relatadas por pessoas que conviveram com Dom Tomás e o tem como mestre.
Bandeiras de movimentos sociais coloriram a celebração.
Após isso, seu corpo foi levado para a cidade que por muitos anos o teve
como bispo, Goiás. Ao chegar à Catedral de Nossa Senhora
de Santana, onde o corpo foi velado e enterrado, Dom Tomás foi recebido
por cerca de 40 indígenas dos povos Apinajé, Krahô,
Krahô-Kanela, Xerente, Tapuia e Karajá. Os índios pintaram o rosto de
Dom Tomás, dançaram e falaram da sua
importância na luta deles e dos demais povos. Ao longo dos três dias de
despedida, foram muitas as homenagens, poemas, textos e falas que
ressaltaram a figura de Dom Tomás. A notícia de sua morte correu o
mundo, e aí, mais uma vez, foram várias as
demonstrações de agradecimento e sentimento pela partida do dominicano.
(Fonte: CPT Nacional)
Dom Celso Pereira
nos deixou
A
CPT
está mais uma vez marcada por sentimentos de saudade e pela esperança
diante da Páscoa de Dom Celso Pereira de Almeida, que
faleceu no dia 11 de maio, em Goiânia. Dom Celso foi fiel servidor do
Deus dos pobres e dos pobres da terra. Quando bispo de Porto
Nacional, no Tocantins, durante 22 anos, sempre esteve atento e
solidário com os posseiros e outros trabalhadores e trabalhadoras do
campo em
situação de conflito pela posse da terra. Desde o início, esteve sempre
ao lado da CPT Araguaia-Tocantins, da qual foi bispo
acompanhante por anos. Que Dom Celso, de braços dados com Dom Tomás e
Dom Moreira, possa permanecer na nossa memória como fonte
silenciosa e corajosa da vocação solidária, profética e subversiva da
CPT. (Fonte: CPT Nacional)
Assentada e filha
são encontradas mortas
Carmen
Gilcilene
Paes Pereira, de 44 anos, foi espancada e assassinada no dia 15 de
maio, no assentamento Zumbi dos Palmares, em Campos dos Goytacazes, Rio
de Janeiro. A filha dela, de 10 anos, que estava desaparecida desde a
morte da mãe, foi encontrada morta no dia 19.
A menina, segundo a polícia, tinha marcas de facadas e pauladas
no corpo. O assentamento registra vários casos de
assassinatos, sendo: Cícero Guedes dos Santos, Regina dos Santos Pinho e
Carlos Eduardo Cabral Francisco. Gilcilane vivia na área desde
o início do assentamento, há 17 anos. Ela morava e produzia no lote da
família. Segundo a agente da CPT no estado, Carolina
Abreu, a região vem sendo disputada por grupo(s)
que têm interesse de arrendamento de lotes e negociações. Ela manifesta preocupação com a coordenadora da CPT
Campos, Viviane Ramiro e seu marido Alcimaro, agente da CPT, que são vizinhos na área onde ocorreram os três últimos
crimes. (Fontes: CPT Nacional e MST)
Bispos aprovam
documento sobre a Questão Agrária
O
plenário da 52ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB) aprovou no dia 7 de maio o Documento sobre a
visão da Igreja em relação à Questão Agrária Brasileira no século XXI. O
processo de
construção começou há 5 anos. Em 2010, um documento de estudos com o
mesmo nome do documento foi publicado pela CNBB. Este
documento serviu de base para a elaboração do documento agora aprovado. O
Documento está dividido em três partes. Na
primeira, faz uma contextualização da situação agrária atual. A segunda
parte traz o olhar dos bispos sobre a atual
questão agrária, abordando a posse e o uso da terra à luz da Sagrada
Escritura e dos Documentos da Igreja. Já na terceira
parte, surgem os compromissos pastorais diante da questão. A parte final
do Documento apresenta os desafios diante de realidades bem concretas:
trabalho escravo, defesa da natureza, cuidado com a água, produção de
energia sustentável. O episcopado também
cobra do poder público uma posição sobre esta realidade. (Fonte: CNBB)
Fórum Social
Temático sobre energia é lançado em Brasília
Foi
lançado
no dia 15 de maio, na Câmara dos Deputados, em Brasília, o Fórum Social
Temático Energia, que traz como tema
central “Energia: para quê? Para quem? Como?”. O evento ocorrerá entre 7
e 10 de agosto desse ano, na Universidade Nacional
de Brasília (UNB). No lançamento, estiveram presentes o deputado federal
Chico Alencar (PSOL-RJ), a equipe de facilitação
para a realização do Fórum, militantes, apoiadores e representantes de
movimentos e organizações sociais e de
comunidades tradicionais. Chico Whitaker, ativista social e membro da
Comissão Brasileira Justiça e Paz, destacou, durante o ato de
lançamento, o perigo do uso de energia nuclear, defendida pelo governo
brasileiro, e a crescente construção de usinas
hidrelétricas no Brasil, em detrimento dos direitos dos povos
tradicionais presentes nas áreas em que elas serão
instaladas.
Encontro reúne
integrantes de povos e comunidades tradicionais de todo Brasil, em Luziânia
O
Encontro
Ampliado da Articulação das Comunidades e Povos Tradicionais ocorreu
entre os dias 14 e 16 de maio, no Centro de Formação
Vicente Cañas, em Luziânia, Goiás. O evento avaliou a conjuntura e as
ameaças que envolvem as populações e
comunidades tradicionais, no intuito de construir perspectivas para a
luta desses grupos no País. Participaram do encontro representantes das
populações indígenas, quilombolas, vazanteiros, fundo e fecho de pasto e
das comunidades pesqueiras do Brasil, além de
assessores da CPT, Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP), do Conselho
Indigenista Missionário (Cimi), Cáritas e da FASE. Diversas
situações de violências vividas pelos povos também foram denunciadas,
como o caso do Quilombo Rio dos Macacos, na Bahia,
que sofre constante pressão da marinha brasileira. A articulação
trabalha na construção de estratégias para
que os grupos tradicionais criem formas de resistência diante dessa
conjuntura adversa. (Fonte: Assessoria de comunicação do
Encontro)
Pescadores protestam
contra Belo Monte e fecham Transamazônica
Na noite do
dia 12 de maio cerca de 150 pescadores das colônias de pesca de Altamira, Vitória do Xingu, Porto de Moz e Senador José
Porfírio, no Pará, realizaram um grande protesto contra a falta de negociação e indenizações por parte do
Consórcio Norte Energia, responsável pela usina Belo Monte. Na entrada do canteiro de obras da usina, segundo o presidente da
colônia de Porto de Moz, Laércio Farias, os manifestantes foram recebidos pela Força Nacional com balas de borrachas e gás
lacrimogêneo. Farias relatou que muitas pessoas ficaram feridas após a ação policial. Em retaliação, os
manifestantes queimaram quatro ônibus da empresa. Os pescadores fecharam ainda a rodovia Transamazônica em vários pontos,
interrompendo completamente o trafego de automóveis. (Fonte: Xingu Vivo Para Sempre)
Munduruku são
atacados com rojões por garimpeiros, comerciantes e prefeitura de Jacareacanga (PA)
No
dia 13
de maio, cerca de 500 garimpeiros, comerciantes e membros do Poder
Público de Jacareacanga, no Pará, atacaram 20 índios
Munduruku, durante ação contra a presença dos indígenas no município.
Dois Munduruku foram feridos nas pernas
depois de serem atingidos por rojões lançados pelos manifestantes
anti-indígenas. A Polícia Militar estava durante o
ataque, mas nada fez. No dia 12, cerca de 200 indígenas Munduruku
desocuparam a prefeitura de Jacareacanga após conseguirem um acordo
com o Poder Público. Durante uma semana, os índios reivindicaram o
retorno às aulas de 70 professores indígenas, que este
ano não tiveram o contrato renovado pelo município. Entre os
manifestantes anti-indígenas, os Munduruku identificaram o
secretário de Assuntos Indígenas de Jacareacanga Ivânio Alencar e o
vice-prefeito Roberto Crispim. (Fonte: Cimi)
Sociedade civil
encaminha representação contra relator do novo marco da mineração
Um grupo de
organizações da sociedade civil, movimentos sociais e cidadãos comuns, encaminharam, no dia 6 de maio, à Secretaria Geral
da Mesa da Câmara Federal, uma representação inédita, por quebra de decoro parlamentar, contra o deputado Leonardo
Quintão (PMDB-MG), relator do Projeto de Lei do novo marco legal da mineração. É a primeira vez que uma
representação popular, por quebra de decoro, é apresentada contra um parlamentar pelo fato dele relatar um projeto de interesse
direto de seus financiadores de campanha. O Código de Ética da Câmara prevê que deputados não podem relatar
matéria de interesse de financiadores de campanha, caso do peemedebista, que admite ser financiado pelo setor de mineração e o
defende abertamente. (Fonte: ISA)
Fazendeiro e capataz
são condenados a 130 anos de prisão
Quase
30
anos após o crime, o fazendeiro Marlon Lopes Pide e seu capataz Lourival
Santos da Rocha foram condenados a 130 anos de prisão pelo
assassinato de cinco trabalhadores rurais, crime ocorrido em setembro de
1985, na fazenda Princesa, no município de Marabá, no
Pará. O julgamento foi realizado no dia 8 de maio, na capital, Belém. Os
jurados acataram a tese da acusação e
consideraram que Marlon foi o mandante da chacina. E Lourival tendo
participação nos crimes, por obedecer as ordens de Marlon e levar os
pistoleiros até as casas dos posseiros, obrigando-os a se dirigirem à
sede da fazenda, onde foram torturados e assassinados sob o
comando de Marlon. O fazendeiro continuará em liberdade até que sejam
julgados os recursos de sua defesa. Lourival está foragido
e teve prisão preventiva revigorada. (Fonte: Nota dos movimentos sociais
e órgãos)
Trabalhadores do MST
são assassinados no Rio Grande do Norte
Os
sem
terra Francisco Laci Gurgel Fernandes, de 34 anos, mais conhecido por
Chacal, e Francisco Alcivan Nunes de Paiva, de 46 anos, foram executados
no dia
6 de maio, após uma mobilização na qual se encontravam 500 trabalhadores
acampados da região de Apodi, no Rio Grande do
Norte. As mobilizações faziam parte da jornada de lutas do Movimento dos
Trabalhadores Sem Terra (MST). Em uma moto preta e sem placa,
dois homens abordaram os militantes e atiraram neles. Os trabalhadores
residiam no acampamento Edivan Pinto, onde também está sendo
construído o perímetro irrigado do Departamento Nacional de Obras Contra
as Secas (DNOCS), área onde os sem terra sofrem
ameaças constantes de jagunços armados e seguranças da empresa que
realiza a obra. (Fonte: MST)
Líder de
assentamento do MST no Paraná é morto a tiros
Valdair
Roque,
de 38 anos, líder do assentamento do Movimento dos Trabalhadores Sem
Terra (MST) Sétimo Garibaldi, em Terra Rica, Paraná,
foi morto no dia 4 de maio, em frente a casa onde morava. Segundo a
Polícia Civil (PC), dois homens chegaram à residência de
Roque e passando-se por compradores de galinhas. Quando a liderança saiu
da casa para atendê-los, os suspeitos dispararam vários
tiros contra ele. A polícia informou que acreditava que o crime não
teria sido motivado por conflito agrário. Em nota, o MST
lamentou a morte de Valdair e alegou que o crime foi uma emboscada, pois
a o trabalhador se tornou alvo de latifundiários e de políticos
da região por ter atuado intensamente em negociações pela Reforma
Agrária. (Fonte: G1 Paraná)
Semana da Terra Padre
Josimo é encerrada com caminhada dos mártires
Após
diversas
atividades e celebrações entre os dias 10 e 18 de maio, a Semana da
Terra Padre Josimo foi encerrada em Aragominas com uma
caminhada e uma missa em homenagem aos mártires da terra. O evento foi
realizado pela Diocese de Tocantinópolis, CPT e Movimento Juvenil
Dominicano. Durante a caminhada final, a comunidade carregou uma faixa
com o rosto de Josimo e levaram estandartes com imagens de pessoas que
entregaram suas vidas em defesa dos desfavorecidos, como Irmã Dorothy
Stang, Dom Oscar Romero, João Canuto, Raimundo Ferreira Lima, o
“Gringo” e Oziel Alves Pereira. Ao longo desses dias, o evento também
contou com a palestra de Frei Betto na Universidade Federal
do Tocantins (UFT), em Araguaína. Com o tema “Como podemos
mudar este mundo?”, cerca de 150
pessoas lotaram o anfiteatro para ouvir as experiências do dominicano.
No dia 10 de maio, completaram-se 28 anos da morte de padre Josimo
Morais
Tavares. Ele foi assassinado em 1986, quando entrava na sede na CPT, na
cidade de Imperatriz, no Maranhão. (Fonte: CPT
Araguaia-Tocantins)
Líder terena
é baleado em Mato Grosso do Sul
Paulino
da
Silva Terena, 31 anos, um dos líderes dos índios Terena que reivindicam a
demarcação da Terra Indígena Pillad
Rebuá, foi baleado no dia 19 de maio, em Miranda, no Mato Grosso do Sul.
O índio saía de casa, no acampamento Moreira, quando
percebeu a aproximação de pessoas estranhas. Outros índios ouviram
gritos e chamaram reforços. Os criminosos, ao
perceberem a chegada dos indígenas, se esconderam e realizaram vários
disparos de arma de fogo. Um dos tiros acertou a perna de Paulino.
Outros dois tiros atingiram o carro do Terena. Paulino foi atendido em
hospital da região e recebeu alta médica. A Polícia Civil
registrou um boletim de ocorrência por tentativa de homicídio. Não é a
primeira vez que Paulino é alvo de um
atentado. Em 2013, homens encapuzados atearam fogo no carro dele. O
índio estava dentro do veículo e sofreu algumas queimaduras. A
comunidade terena atribuiu a produtores rurais a tentativa de homicídio.
O processo de demarcação da Terra Indígena Pillad
Rebuá se arrasta há mais de um século. (Fonte: Agência Brasil)
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