PICICA: "O rizoma é um modelo de resistência
ético-estético-político, trata-se de linhas e não de formas. Por isso o
rizoma pode fugir, se esconder, confundir, sabotar, cortar caminho. Não
que existam caminhos certos, talvez o correto seja o mais intensivo (e
não o caminho do meio).
As linhas de fuga são aquelas que escapam da tentativa totalizadora e
fazem contato com outras raízes, seguem outras direções. Não é uma forma
fechada, não há ligação definitiva. São linhas de intensidade, apenas
linhas de intensidade."
Deleuze: rizoma
rizoma: ri.zo.ma, sm (rizo+oma) Bot. Caule subterrâneo no todo ou em parte e de crescimento horizontal. (definição do dicionário Michaelis)
Mais uma vez, se vamos definir o que
significa o conceito de rizoma para Deleuze e Guattari, é importante
evidenciar a diferença entre o substantivo e o conceito. Rizoma é uma
raiz, mas não aquela raiz padrão que aprendemos a desenhar na escola,
trata-se de uma raiz que tem um crescimento diferenciado, polimorfo, ela
cresce horizontalmente, não tem uma direção clara e definida.
Deleuze e Guattari “roubam” esta
definição da botânica para aplicá-la à filosofia. Do mesmo modo que
Descartes afirma que a filosofia seria uma árvore “a raiz a metafísica, o
caule a física e a copa e os frutos a ética”, Deleuze subverte esta
ideia para transformá-la em um rizoma. Não devemos mais acreditar em
árvores, nem em seus prometidos frutos. Queremos um pouco de terra… já é
tempo.
O rizoma é um modelo de resistência
ético-estético-político, trata-se de linhas e não de formas. Por isso o
rizoma pode fugir, se esconder, confundir, sabotar, cortar caminho. Não
que existam caminhos certos, talvez o correto seja o mais intensivo (e
não o caminho do meio).
As linhas de fuga são aquelas que escapam da tentativa totalizadora e
fazem contato com outras raízes, seguem outras direções. Não é uma forma
fechada, não há ligação definitiva. São linhas de intensidade, apenas
linhas de intensidade.
“Uma agenciamento é precisamente este crescimento das dimensões numa multiplicidade que muda necessariamente de natureza à medida que ela aumenta suas conexões. Não existem pontos ou posições num rizoma como se encontra numa estrutura, numa árvore, numa raiz. Existem somente linhas” (Deleuze & Gattari, Mil Platôs I).
As
estruturas quebram o rizoma, o aprisionam. Veja o que acontece com
todas as teorias: elas cortam as multiplicidades, elas reduzem seu
objeto. “Toda vez que uma multiplicidade se encontra presa numa
estrutura, seu crescimento é compensado por uma redução das leis de
combinação” (Deleuze & Gattari, Mil Platôs I). O rizoma não se deixa
conduzir ao Uno (n), ele tem pavor da unidade, por isso podemos
defini-lo como n-1, contra um fechamento, contra regras
pré-estabelecidas, o pensamento rizomático se move e se abre, explode em
todas as direções.
“Deixarão que vocês vivam e falem, com a condição de impedir qualquer saída. Quando um rizoma é fechado, arborificado, acabou, do desejo nada mais passa; porque é sempre por rizoma que o desejo se move e produz” (Deleuze & Guattari, Mil Platôs I).
Pesadelo do pensamento linear, o rizoma
não se fecha sobre si, é aberto para experimentações, é sempre
ultrapassado por outras linhas de intensidade que o atravessam. Como um
mapa que se espalha em todas as direções, se abre e se fecha, pulsa,
constrói e desconstrói. Cresce onde há espaço, floresce onde encontra
possibilidades, cria seu ambiente. Se trata de ciência? Isso importa?
São apenas agenciamentos, linhas movendo-se em várias direções,
escapando pelos cantos, o desejo segue direções, se esparrama, faz e
desfaz alianças. Chame do que quiser então: “riacho sem início nem fim,
que rói suas duas margens e adquire velocidade no meio” (Deleuze &
Guattari, Mil Platôs I).
Não podemos mais apostar em
compartimentos, o rizoma se espalha. Não há motivos para seguir uma
linha reta, um método cartesiano. As linhas tortas se ligam, se
confundem, se espalham, alastram. As conexões se multiplicam, logo, a
intensidade também. Aí sim temos a chance de criar novos sentidos,
micro-conexões se difundindo, se diluindo, se confundindo, se
disseminando. “A questão é produzir inconsciente e, com ele, novos
enunciados, outros desejos: o rizoma é esta produção de inconsciente
mesmo” (Deleuze & Guattari, Mil Platôs I).
Fonte: Razão Inadequada
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