setembro 26, 2006

Vale-tudo?




















Nota: Associo-me aos cidadãos indignados com matéria ofensiva aos direitos das mulheres, direitos que foram desrespeitados por um tradicional e respeitado (?) meio de comunicação amazonense. No vale-tudo em que se transformou a política baré, é inaceitável que uma mulher, pertencente a uma humilde classe social, procure um serviço público para parir e acabe vítima de uma exposição fotográfica que ela não consentiu (aqui a foto não é reproduzida - xis branco - para não revitimizar uma cidadã que, oxalá, venha a ser reparada judicialmente pela ofensa de que foi alvo).

Um jornal que enfrentou homens públicos poderosos, dentro da melhor tradição da imprensa braseleira na luta contra o autoritarismo, não pode se render aos interesses de uma sórdida campanha eleitoral.

O uso de mulheres para atingir objetivos eleitorais já foi condenado na campanha eleitoral para prefeitura. Será igualmente rechaçada nas urnas por um eleitor cada vez mais consciente de que a manipulação não tem mais espaço na democracia brasileira.

A mensagem abaixo mereceu essa breve introdução, depois que a professora e historiadora Gleice Antonia Oliveira endereçou carta manifestando sua indignação e não teve o acolhimento desejado pelo jornal que ela escolheu para se manter informada. É indignação pura, a despeito das explicações técnicas dadas pelo diretor da maternidade Ana Braga em programa eleitoral. Para a historiadora, a explicação deveria ser oferecida através de um outro meio de comunicação. De todo modo, se o parto transcorreu de maneira invitável, já que o bebê favia "coroado" e a expulsão era eminente, a professora Gleice Oliveira, pergunta indiganada: "a que interesses serve a fotografia desrespeitosa publicada em A Crítica?"

Oi Rogelio!

Amigo, estou escrevendo porque estou indignada. Tem a ver com a matéria publicada pel'A Crítica sobre a mãe que pariu os filhos no corredor da maternidade. Entrei no site do jornal (A Crítica Digital) e escrevi uma notinha que transcrevo abaixo para você ler.

Pessoal d´A Crítica:

Sou leitora e telespectadora de vocês. Elegi A Crítica como meio de comunicação para me manter informada. Claro que nem sempre tenho concordância com todos os pontos de vista expressos, mas considero um trabalho feito com empenho e eficiência. No entanto, hoje vocês me envergonharam, a mim e à população desta cidade e deste estado. Digo o mesmo em relação ao poder público municipal e estadual.

Nada, nenhum argumento pode justificar a falta de respeito, de ética e, principalmente, de humanidade com a mulher que pariu seu filho no corredor da maternidade. Nos envergonha as autoridades municipais e estaduais ao não garantirem um direito óbvio inerente a qualquer ser humano, que é o de receber socorro. Mais ainda por tratar-se de uma mulher na hora divina, sagrada mesmo, da maternidade. É inaceitável, considerando tudo que pagamos em impostos, que o poder público não garanta o mínimo de um leito e assistência médica para uma mulher ter seus filhos. Mas também é inaceitável a atitude de A Crítica ao fotografar e, principalmente, ao publicar fotos dessa mulher logo após o parto, sem roupas e sem condições de se proteger e de garantir sua privacidade e intimidade. E quero deixa claro que não reclamo por uma questão moral de ver um corpo nu exposto nas páginas do jornal. Reclamo porque A Crítica não se colocou ao lado dessa mulher/mãe, ao contrário, vilipendiou a sua nudez com o discurso da denúncia pela falta de assistência dos governantes.

Quanto aos governantes, esses já não têm mesmo o respeito da população. Espero que no próximo pleito eleitoral o povo deixe isso bastante claro não reelegendo-os.

Quanto A Crítica deixo expresso meu mais profundo pesar e minha revolta e indignação pela atitude adotada. Quero ver se vocês são realmente democratas e publicam as posições contrárias à linha que o jornal adotou nesse caso.

Obrigada.

Gleice Oliveira Posted by Picasa

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