Clarice Beça, mãe do poeta Anibal Beça
Rogelio querido, as coisas da vida são misteriosas e inesperadas. Não são cartesianas, mas dialéticas. Ao mesmo tempo em que eu recebia o afago crítico, generoso, da querida poeta Astrid Cabral, outro afago se urdia nas sombras da manhã do dia 12 de fevereiro: o afago afiado da temida, mas esperada foice. Anunciada desde o choro primal, que anuncia a vida. Obrigado, amigo, por estampar no seu conceituado e libertário BLOG a minha, que se tornou nossa, violação de correspondência.
CICLO CÍCLICO
Anibal Beça
em memória de dona Clarice, minha mãe querida
(1919-2007)
Temor ao desconhecido
é o que no signo se crava
tremor de Lâmina Aguda
nesse anagrama, palavra
inevitável, anúncio
do fim que nunca abre a trava.
É sempre renúncia a pronúncia
que nos flagra na cilada
já esperada e tão pública,
mas, que não ouso chamar
nem seu nome pronunciar.
No entanto, estarás na esquina
solerte, foice afiada
OFERTÓRIO
tomando a lição
a voz amiga da mãe
o avô repete ao neto
panela de barro
temperado com carinho
o feijão da infância.
colher de pau
solitária na parede
onde os doces da mãe?
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Queridíssimo amigo,
chegado o momento
de trocar astros por círios,
Nivya e eu te enviamos,
nessa hora de dor,
um afetuoso abraço,
Rogelio Casado
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