PICICA - Blog do Rogelio Casado - "Uma palavra pode ter seu sentido e seu contrário, a língua não cessa de decidir de outra forma" (Charles Melman) PICICA - meninote, fedelho (Ceará). Coisa insignificante. Pessoa muito baixa; aquele que mete o bedelho onde não deve (Norte). Azar (dicionário do matuto). Alto lá! Para este blogueiro, na esteira de Melman, o piciqueiro é também aquele que usa o discurso como forma de resistência da vida.
fevereiro 28, 2007
Pela libertação de Marcelo Buzetto
Pela libertação de Marcelo Buzzeto, doutorando da PUC e preso político brasileiro
Lúcio Flávio Rodrigues de Almeida*
Seria ridículo se não fosse trágico. Neste país onde, sob quaisquer critérios jurídicos respeitáveis, campeia a impunidade, existem presos políticos. Um deles é nosso colega de magistério. Excelente professor na Fundação Santo André, fez mestrado na PUC-SP e procura, às duras penas (sem trocadilho), desenvolver, também nesta universidade, sua pesquisa de doutorado sobre a questão nacional na América Latina, centrando o foco no caso venezuelano.
Marcelo Buzzeto não aplica na banca, não participa de obras super ou subfaturadas, jamais se intrometeu em crimes do colarinho branco. Pessoa extremamente amável e versada em diversas práticas urbanóides, a começar pelo skate, adora o filho, João Marcelo, e a companheira Claudinha, que também fez mestrado aqui. Devorador de livros, possui respeitável biblioteca sobre os temas que pesquisa. Pelos padrões usualmente alardeados, eis uma das últimas pessoas que se poderia imaginar repartindo a masmorra com outros dezoito seres humanos, estes condenados da terra, dormindo no chão (um colchonete para aliviar) e com a família passando dificuldades materiais.
Sabemos que, em geral, o que os dominantes alardeiam mais oculta do que revela a tessitura do real. Acresce que, para complicar ainda mais as coisas, o moço meteu na cabeça que um outro mundo é possível aqui mesmo, desde que os interessados lutem para construí-lo. Esta certeza é, aliás, uma das principais motivações que levam Marcelo a estudar o mundo.
Maiores detalhes sobre esta prisão aparentemente esdrúxula podem ser encontrados em outro espaço do PUCviva e no tocante depoimento de Frei Betto, que visitou Marcelo no cárcere. O desafio é claro e afeta a todos nós: esta prisão atinge os que lutam contra a barbárie e, especialmente, aqueles que se arriscam a procurar caminhos para, civilizadamente, colocar em prática o que pensam. Fere a democracia e, mais especificamente, o que a vida universitária tem de melhor.
Ato pela libertação de Marcelo Buzzeto e dos demais presos políticos brasileiros será realizado nesta quinta-feira, 1 de março, às 19:30, no auditório 333 do Prédio Novo da PUC-SP.
Sua presença é fundamental.
*Professor do Departamento de Política e do Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais e coordenador do Neils (Núcleo de Estudos de Ideologias e Lutas Sociais)
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