PICICA - Blog do Rogelio Casado - "Uma palavra pode ter seu sentido e seu contrário, a língua não cessa de decidir de outra forma" (Charles Melman) PICICA - meninote, fedelho (Ceará). Coisa insignificante. Pessoa muito baixa; aquele que mete o bedelho onde não deve (Norte). Azar (dicionário do matuto). Alto lá! Para este blogueiro, na esteira de Melman, o piciqueiro é também aquele que usa o discurso como forma de resistência da vida.
fevereiro 26, 2007
Zefofinho põe a boca no trombone
Zefofinho de Ogum, consultor e líder espiritual do sítio PICICA - Observatório dos Sobreviventes, temporariamente desatualizado - o sítio evidentemente, Zefofinho jamais! -, ficou estarrecido com a decisão do governo federal em contingenciar parte do orçamento de 2007, votado e aprovado pelo Congresso Nacional. Eleitor do companheiro presidente, por isso mesmo não deixa de se manifestar quando a cena exige. Para lembrar do sagrado dever de por a boca no trombone, este sociólogo carioca (Zefofinho formou-se pela UERJ), que morou em Manaus e voltou para sua terra natal, mantém em cima da sua escrivaninha uma peça adquirida na Feira de Ipanema - os Três Macacos Sábios - para sempre lembrar de seus compromissos éticos. "Quem não se manifesta tá pebado!", afirma a sábia criatura, que soube aliar a sagacidade carioca com a erudição do caboclo amazonense.
Alías, foi justamente o que gritou Zefofinho quando soube da última do núcleo duro monetarista do governo federal: "Tamo pebado!". Sabedor da aversão à crítica em algumas províncias desse Brasil varonil, ainda mais no estado que deu a maior votação proprocional ao companheiro presidente, Zefofinho manda como aperitivo as "especulações" abaixo publicadas no sítio do Correio do Brasil, nas tintas de Bernardo Kucinski, jornalista e professor da Universidade de São Paulo.
Especulações em torno do orçamento federal
"Com o contingenciamento, todo poder burocrático fica nas mãos do núcleo duro do monetarismo que não quer o crescimento. São eles que liberam ou não as verbas, a conta-gotas. Muitas vezes, como aconteceu no primeiro mandato, ignorando até mesmo ordens expressas do presidente.
Esse núcleo duro monetarista argumenta que o bloqueio de verbas é apenas preventivo: tem o objetivo de garantir as metas de superávit primário, na eventualidade de haver queda das receitas em relação ao previsto na Lei Orçamentária. Nesse caso, a própria Lei de Responsabilidade Fiscal manda que se faça o contingenciamento. Mas, em todos os anos do primeiro mandato, as receitas superaram as previsões orçamentárias. E, este ano, na mesma semana em que saiu o decreto, já havia números mostrando receitas maiores do que as previstas no orçamento. O argumento, portanto, é falso. Além de burro e contrário ao crescimento econômico, o contingenciamento, nessas circunstâncias, é uma violência constitucional. É também um desrespeito ao Congresso, que votou a Lei Orçamentária à toa, já que nada do que está ali vai ser obedecido".
É Zefofinho quem conclama: "Às armas, companheiros!", e arremata: "Quem não chora, não mama!".
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