Os Kaxinawá
Os Kaxinawás pertencem à família lingüística Pano que habita a floresta tropical no leste peruano, do pé dos Andes até a fronteira com o Brasil, no estado do Acre e sul do Amazonas, que abarca respectivamente a área do Alto Juruá e Purus e o Vale do Javari. Se autodenominam Huni Kuin , homens verdadeiros, ou gente com costumes conhecidos.
Constituem a população indígena mais numerosa do Acre, com cerca de 4 mil habitantes distribuídos em doze terras indígenas, com extensão de 648.833 ha, situadas nos rios Purus, Envira, Tarauacá, Jordão, Murú, Humaitá e Breu. Três dessas terras são partilhadas com grupos vizinhos, com os Kulina no alto rio Purus, os Ashaninka no rio Breu e os Shanenawa no rio Envira. Três outras, as duas terras Kaxinawá do Rio Jordão e Kaxinawá-Ashaninka do Rio Breu, limitam-se com a grande reserva extrativista dos seringueiros do Alto Juruá (506.186 ha). Outra parte significa de sua população, estimada em 1.500 pessoas, ocupam 30 aldeias situadas nos rios Curanja e alto Purus, em território peruano.
Os Huni Kuin estão divididos em duas metades exogâmicas e cerimoniais: duabakebu (os homens são dua e as mulheres banu) e inubakebu (os homens são inu e as mulheres inani). Na cultura Kaxinawá toda pessoa ao nascer pertence a uma ou a outra. O homem pertence sempre à metade de seu pai, enquanto a mulher pertence à metade oposta de sua mãe. Os parentes da mesma metade são consangüíneos e os da metade oposta são afins. A dualidade das metades Kaxinawá regulamentam o parentesco e o casamento e marcam profundamente toda a sua mitologia e rituais.
Suas aldeias são territórios coletivos, que englobam nichos ecológicos complementares, nos quais as famílias utilizam recursos naturais diversificados da floresta e de espaços domesticados, a saber, rios, lagos e igarapés para a pesca e a obtenção de água potável; terreiros das casas para as plantações de ervas e fruteiras e para as criações domésticas; seringueiras para a produção de borracha; terras firmes para os roçados; praias e barrancos para os cultivos agrícolas de verão; madeiras e palheiras para a construção de casas, galinheiros e paióis; capoeiras e mata bruta onde são coletado um amplo leque de espécies vegetais, tais como, frutas nativas, palhas, corantes, cipós, coagulantes e plantas medicinais. Alguns recursos são apropriados de forma privada pelos moradores de uma casa, enquanto outros são aproveitados de forma coletiva pelas famílias das várias casas que compõem a aldeia ou locais de moradia próximos.
Fonte: Huni Kuin Kaxinawa News
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