janeiro 23, 2008

Reserva Raposa Serra do Sol: indígena relata violência policial

Indígenas da Reserva Raposa Serra do Sol

Homologada em abril de 2005, a Terra Indígena Raposa Serra do Sol tem 1,74 milhão hectares, com uma população indígena de aproximadamente 18 mil habitantes. O reconhecimento da reserva foi uma reivindicação histórica dos índios da região, das etnias Macuxi, Wapixana, Ingarikó, Taurepang e Patamona. Há mais de 20 anos, ao lado da Funai e organizações não-governamentais, esses povos lutam pelo reconhecimento definitivo do direito de posse sobre a terra. Para coordenar as ações de desocupação da Terra Indígena e promover projetos de desenvolvimento sustentável para o estado de Roraima, o governo criou, concomitantemente à homologação, Comitê Gestor vinculado à Casa Civil da Presidência da República.Após a homologação, a Funai, em conjunto com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), atualizou o levantamento das benfeitorias realizadas pelos ocupantes não-índios. Até agora, a Funai já repassou R$ 11,7 milhões em indenizações, sendo que R$ 5 milhões já foram depositados em juízo no dia 29 de agosto, em benefício das famílias que ainda não se retiraram.
Fonte: SECOM

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Nota: Acontece que o bicho tá pegando. Estamos em 2008, e até hoje espocam conflitos, tantos quantos são os interesses contratriados.
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13 de janeiro de 2008
Terra Indígena Raposa Serra do Sol

Á Serviço da Minha Terra, Trazido Como Preso Pela Policia Federal.

Após a briga entre índios e não índios, depois que tudo estava consideravelmente tranqüilo, resolvi voltar a Boa Vista, por volta das seis horas e quarenta minutos da tarde daquele dia, juntamente com um motorista a minha esposa e meu filho de um mês de vida, encontramos com a equipe da Policia Federal em varias viaturas, que estavam indo ao local, como eu havia participado da confusão maior, ou melhor da briga, nós retornamos até a comunidade Jacarezinho, para prestar mais esclarecimentos, mas, os policiais federais haviam passado direto para o lago do Caracaranã, aguardamos ali juntamente com mais umas vinte pessoas, uns trinta minutos, e decidimos ir ao encontro deles até o Caracaranã, seis pessoas comigo, onde os Policiais Federais estavam colhendo as informações do fato ocorrido, estavam presentes uma pessoa da FUNAI, um do Ministério Público Federal, Policiais Federais, e o prefeito de Normandia, o Delegado que estava juntamente com a sua equipe nos chamou a parte e pediu explicações do que realmente havia acontecido, porque as informações obtidas por ele juntamente ao povo que estava no lago do Caracaranã dizia que estaríamos matando as pessoas e proibindo entrada e saída destes. Expliquei ao delegado que o nosso trabalho juntamente com as lideranças indígenas era sobre a forma de como éramos tratados ali, no jacarezinho, por pessoas que vinham de passagem ao Caracaranã, ou a Normandia, havia muitos palavrões aos indígenas que ali moram e muito despejo de lixo, como litros de cachaça, latas de cerveja, fraldas e copos descartáveis, tiro contra a casa onde moram as pessoas, som altas horas da noite e alto volume, em torno de tudo isto foi que nos organizamos e resolvemos fazer um dia de conscientização, mas que infelizmente chegou uma pessoas que disse ser do exercito e entrava a saia na hora que quisesse. Os policiais federais pediram que nós, fossemos juntamente com eles no retorno, e então ficamos aguardando, e muito rapidamente, parecendo assim, uma revolta contra nós indígenas, um deles gritou revistem todo mundo, naquele momento eu foi encostado em uma viatura da Policia Federal, com muita forca, procurando de nós se tínhamos armas, eu não falei nada fiquei quieto e eles me revistaram tudo até os meus sapatos, olhei para o lado estava meu pai sendo revistado em pé, e assim os outros também, para nossa infelicidade e alegria dos que estavam, ali assistindo aquela sena, foi encontrado no bolso direito da calça do meu pai, três munições, e deram a ele uma ordem de prisão, ele não falou nada, nem resistiu a nada ficou muito quieto, e foi por duas vezes encostado no carro por quatro policiais, deram dois chutes na perna dele e o derrubaram, um deles gritava.
- mostra arma vagabundo?, onde está a arma?. Naquele momento quando estava sendo revistado um policial pos a mão no meu bolso e retirou minha carteira abriu e sorriu debuxando de mim, ele tem até cartão de credito, como é que tu é índio e anda de L200, por que não anda nu, que índio é este, pediram que eu ficasse quieto e fiquei, olhava para o meu pai e pisavam com muita força nas costas dele, deram lhe um soco no rosto, umas nas costas mesmo ele estando no chão, com as mãos pra trás algemadas e, de barriga no chão, pisado por quatro policiais, levantaram ele com muita força e o colocaram na grade de uma das viaturas dos policiais, nos dividiram um de nós em cada viatura, o nosso veiculo foi dirigido por um policial federal. Indo ao jacarezinho foi ouvindo abuso de um dos policiais da equipe alfa, a maneira como eles se comunicavam, eles eram três somente o que estava a minha esquerda no banco de trás é que vinha falando mais, o da direita me disse olha, não faça força, vamos quietinho, o da esquerda, foi dizendo, o que é que tú quer indiozinho, quer tirar onda de gostosão é?. Se mostrando que é valentão?. Por que não se mostrou pra gente, fica Flechando pessoas de bem?, vendo que são pais de familiar com crianças, tu teve a sorte de encontrar a pessoa errada se tu tivesse me parado na estrada, sabe aonde tu estaria hoje vagabundo?, no inferno!, eu tinha estourado a tua cabeça de bala, tu e quem tivesse com flechas, vocês não se conformam com a terra que já tem, governo deu terra para vocês e ainda vivem incomodando, pessoas que querem dar as suas famílias um final de semana tranqüilo, vai tirar onda de gostoso seu PLAYBOYZINHO INDIGENA, PLAYBOY INDIGENA, NINGUEM MERECE!!, vê se tu não vai se arrepender se encontrar comigo e me parar na estrada! Faz a gente viajar altas horas da noite para levar você preso, viu só no que deu, vagabundo. Ao chegarmos no jacarezinho um outro policial chegou a procurar quem poderia achar a arma, do qual haviam encontrado as munições com o meu pai, não sei quem trouxe mas, entregaram a arma de meu pai, passamos mais ou menos, dose minutos ali onde revistaram o motorista de outra viatura nossa e meu irmão de dose anos, estes estavam apenas de calção, na hora da vistoria, saímos em direção a Boa Vista, e foi ouvindo mais coisas Pra que vocês inventam estas coisas, seus amimais, olha se eu te encontrar parando carro na estrada eu te meto a bala, e fica quieto, qualquer mexidinha tu vai ver o que eu vou fazer contigo, tu acha que nós vamos acreditar que os caras vem de longe jogar lixo na porta da casa de vocês, vocês só querem ser coitadinho, mas não são ficam parando as pessoas com armas de fogo vocês são policiais?, fiquem quietos e vejam as coisa acontecerem a justiça vai resolver as coisa para vocês. E então segui a viajem até Boa Vista, e não falei nada mais, ah! A equipe alfa no qual eu vim saiu e chegou na frente puxando o comboio, até Boa Vista, foi o primeiro a entrar no Superintendência da policia federal seguro pelo pescoço, aos poucos foram chegando os outros veículos e os nossos também, vieram os dois carros nossos até a policia federal, foi assim a minha viajem pela primeira vez como preso, pela Policia Federal enquanto cuidava do que eu tenho como patrimônio, A MINHA TERRA RAPOSA SERRA DO SOL, Não sei se eles tomaram a arma do cara que sacou a arma por duas vezes, para nós, só tenho uma certeza todos os brancos que são do lado contrário a causa indígena tem o privilégio e a maiorias dos políticos estaduais, federais e municipais, já ouvi dizer que de for assim o povo de Normandia irá interditar o aceso dos índios a vila de Normandia, a Normandia só existe por que as lideranças indígenas quiseram involuntariamente, sob uma negociação, quer dizer é parte da Raposa Serra Sol.

Gercimar Morais Malheiro

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