Este Outro Olhar mostra um vídeo especial sobre a luta dos índios Tupinambás pelo reconhecimento do seu território. Um relatório da Funai prevê a demarcação da área, mas os fazendeiros da região dizem que isso vai prejudicar a economia local. No sul da Bahia, próximo a Ilhéus, o lugar foi um dos primeiros pontos de chegada dos portugueses ao Brasil. A produção do vídeo é da organização não governamental "ìndios on line".
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Israel informa:
Tupinambas retomam seu territorio na Bahia
Os Tupinambá retomam a Fazenda do grileiro Alfredo Falcão, principal articulador das ações de perseguição aos Tupinambá na região da Serra do Padeiro. A fazenda está incluída no território tradicional dos Tupinambá, conforme estudo de identificação já oficializado e publicado pela Funai.
Após a retomada, o Alfredo em pessoa comandou uma ação de expulsar os indios da fazenda , mas sem nenhum mandado judicial, embora acompanhado de alguns policiais federais e de diversos jagunços armados, o que deixa bem claro a sua influencia no orgão federal naquela região.
Com a chegada desses, os Tupinambá se retiraram estratégicamente para as matas próximas, após o que os federais e o Alfredo se retiraram deixando na fazenda apenas os jagunços armados, os Tupinambá então retornaram e cercaram a fazenda, com isso e se vendo acuados os jagunços começaram a atirar na tentativa de afugentá-los. Os Tupinambá esperaram até que a munição dos jagunços acabasse e então apertaram o cerco e, em grande maioria numérica, reexpulsaram os jagunços fazendo uso apenas de suas armas (arco e flecha, tacapes, etc) principalmente bordunas. Como se sabe, os Tupinambá não usam armas de fogo.
Conforme informações dos parentes que participaram nesta operação de retomada do território dos Tupinambas não há jagunços feridos a bala, nem mortos, como informam os jornais comerciais da região. Também, não há reféns, todos os jagunços fugiram. Como se sabe, Tupinambá nao fazem mais refens, como ocorria na época da colonização.
Alguns jornais também mentem, pois informam que o grileiro, Alfredo Falcão estava na fazenda no momento desse confronto, ele nao estava lá, portanto nao se feriu.
Os Tupinambá apreenderam as armas de fogo usadas pelos jagunços, já descarregadas por eles mesmos, e já fizeram ontem contato com as Secretarias de Justiça e de Segurança Pública do estado para entregá-las.
Os Tupinambá têm plena consciência do seu direito ao seu território e estão dispostos a seguir lutando por ele com os meios ao seu alcance, até que as autoridades federais que já reconhecem esse direito agilizem e concluam os processos burocráticos e legais para a sua garantia definitiva.
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Tupinambá retomam terras em Itabuna (BA)
Por Conselho Indigenista Missionário 21/02/2006 às 14:15
Tupinambá de Olivença retomam parte do território reivindicado na região da Sapucaieira, Município de Ilhéus, Bahia
Cerca de 200 índios Tupinambá de Olivença retomaram em 19 de fevereiro de 2006 a fazenda Limoeiro, de cerca de 700 hectares. A área retomada fica a cerca de 40 km da sede do distrito Olivença, municipio de Ilhéus, sendo um local de difícil acesso. A situação até a manhã de hoje (20/02) tem sido tranqüila. Não houve resistência do fazendeiro e algumas famílias de trabalhadores que se encontravam no local saíram de forma pacífica. A fazenda Limoeiro produz cacau e seringa e já foi alvo de ocupação por trabalhadores rurais da região, sendo que o Incra não a desapropriou pelo fato de ter sido externada reivindicação dos Tupinambá e da Funai em relação às terras.
Cansados de esperar a morosidade da Funai, os Tupinambá estão identificando e retomando o seu território.
Os Tupinambá no sul da Bahia eram conhecidos como “Caboclos de Olivença” até a década de 90, quando reiniciaram a luta pelo reconhecimento étnico e territorial. Em 2000, foram muitos bem recepcionados na Conferencia Indígena em Coroa Vermelha, o que lhes deus muita força e animação na luta. Em 2004 a Funai cria um Grupo Técnico para a identificação do território. Os antropólogos Suzana Viegas e Jorge de Paula são os encarregados pelo relatório, que é entregue à Funai em Brasília em 2005, sendo que até o momento os índios não tiveram acesso ao trabalho. Já forma feitas diversas visitas a Brasília para a conclusão e a devolução do relatório, sem que a situação seja alterada.
Atualmente, os cerca de 3000 Tupinambá de Olivença vivem em pequenas glebas de terra, nos município de Ilhéus, Una e Buerarema. Para sobreviver, trabalham “na diária” para os fazendeiros de cacau, seringa, piaçava e gado e de pequenos serviços nas periferias das cidades de Ilhéus e Una. Estão divididos em três grandes regiões: Os Acuípes, onde o cacique é Alicio Amaral; Olivença, tendo como cacique Valdelice Amaral e na Serra do Padeiro, onde o cacique chama-se Rosivaldo.
Os Tupinambá, hoje participam ativamente do Movimento Indígena Regional, estando presentes em todas as mobilizações dos povos indígenas do Sul e Extremo sul da Bahia, lutando por terra, políticas públicas diferenciadas e pela garantia dos direitos indígenas em geral.
Ao comunicar a ação de retomada neste dia 19, solicitam a ajuda e solidariedade todos os parentes e aliados nesta luta pela sua sobrevivência física e cultural do povo Tupinambá no sul da Bahia, e reafirmam ESTA TERRA SEMPRE TEVE DONO- Os Tupinambá.
Itabuna, 20 de fevereiro de 2006
Conselho Indigenista Missionário
Fonte: CIMI
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