fevereiro 12, 2010

O futuro de Manaus não pode ser decidido pelos grupos políticos de sempre

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Nota do blog: No final do ano de 2007, entrevistado pelo então Ouvidor Geral do Estado Josué Filho em seu programa na rádio Difusora, a propósito da criação da Lei de Saúde Mental do Estado do Amazonas pelo governador Eduardo Braga, lá pelas tantas passamos a falar das mudanças sofridas pela cidade desde a instalação da Zona Franca de Manaus. Lembrei que a casa do seu pai, no topo da Av. João Coelho, era praticamente a última casa antes de cruzarmos o boulevard Amazonas para entrar na estrada que dava acesso aos Bilhares e à Chapada, região abundante em igarapés, onde centenas de famílias curtiam o lazer dos finais de semana após as obrigações religiosas. Qualidade de vida igual jamais os manauaras conhecerão. Tudo porque a indústria de pneus é quem dita as regras do urbanismo atual. Parceira da indústria do automóvel, nossa cidade está sendo desfigurada a cada ano que passa. São 3 a 4 mil veículos habilitados a trafegar nas esburadas ruas de Manaus, a bem alimentar a mais degradante noção de desenvolvimento do moderno capitalismo. Pode inventar viadutos, passagens de nível: o futuro da cidade é o entupimento amplo, geral e irrestrito. Ainda bem que não temos tucanos no poder local (ao que parece hipótese remota, dada a performance desastrada do PSDB local). Eles, que adoram uma privatizaçãozinha, seriam capazes de propor mais viadutos com cobrança de pedágio para triplicar a frota de carros atual, tudo em nome do progresso, com um detalhe, sem nenhuma discussão sobre a cidade que queremos, o que aliás não é uma particularidade dos tucanos: nenhum partido atual discute o desastrado urbanismo imposto à cidade. A esperança é que os movimentos sociais e a sociedade civil organizada aproveite a Conferência das Cidades (conquistada na marra, diante da omissão da Prefeitura), que se encerra hoje, não deixe passar a oportunidade de exigir a partipação popular nos destinos da cidade. Oxalá não prospere o mau exemplo de São Paulo. Projetada para carros, a cidade está submergindo. Pior é que esse parece ser o destino de Manaus. Desde Eduardo Ribeiro aterram-se igarapés. Um século depois, casas no centro da cidade estão afundando. O conjunto Tocantins, que tem muito menos tempo de vida, já tem vários blocos condenados pela Defesa Civil. O mais vergonhoso é que o volume de investimentos em ciência não se traduz em diálogo com o setor. Os cientistas são os menos ouvidos quando se trata de impactos socioambientais. Taí o exemplo da construção do terminal portuário das Lajes. Aqui o cenário é devastador: sindicalistas, políticos, intelectuais, estudantes de um modo geral ou são cooptados ou silenciam sobre essas tragédias anunciadas. Viva o movimento SOS Encontro das Águas. A cidadania resiste. A luta continua!

Projetada para carros, São Paulo submerge

Impermeabilização e construção de avenidas de fundo de vale e de córregos sanfonados “afundam” a cidade no caos

05/02/2010

Eduardo Sales de Lima

da Redação


As seguidas gestões, seja do governo estadual ou da prefeitura, pavimentam as ruas da cidade de São Paulo segundo o desenvolvimento de um modelo que prioriza carros. Desde meados do século 20, o “projeto” urbanístico da metrópole não leva em conta o curso das águas, mas sim dos automóveis. Hoje, o erro se repete. Uma das principais obras do governo paulista de José Serra (PSDB) é a ampliação das vias da Marginal Tietê; mais um erro na visão de especialistas.

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