fevereiro 23, 2010

Só a Rede Globo não vê o óbvio

Nota do globo: A Rede Globo culpa a plebe rude e ignara pela alagação de São Paulo. Kassab culpa São Pedro. Serra pede para a população rezar. Esses dois não tem o menor respeito pelos santos. Tão cutando o povão com a vara curta.

TEMPO DE CALAMIDADE

As ondas da morte me cercavam, tragavam-me as torrentes infernais; na minha
angústia, chamei pelo Senhor, de seu templo ouviu a minha voz (Salmo 17, 5- 7)

Para que serve um DECRETO DE CALMIDADE PÚBLICA?

Sabemos que regiões em situação de calamidade pública devem receber por parte dos setores governamentais, imediatas providências para realização de obras, contratação de serviços e compras necessárias em caráter emergencial para resolver os problemas. No entanto, passados 20 dias de o estado de calamidade pública para o distrito do Jardim Helena ter sido decretado pelo prefeito Gilberto Kassab (decreto de 03/02/2010) e mais de 70 dias em que as famílias vivem represadas, ora em águas podres misturadas a fezes, ratos, cobras etc., ora caminhando por ruas com esgoto a céu aberto, escombros de casas demolidas, bueiros entupidos, cheias de lamas e destroços trazidos pelas águas caídas do céu ou brotadas de tubulações; sem assistência médica adequada por falta de profissionais da saúde adultos e crianças formam filas a espera de atendimento; casas com estruturas abaladas pelo longo período de represamento sem vistorias; famílias inteiras amontoadas em casas de parentes ou de vizinhos ? situação que tem trazido muitos conflitos e desesperança; o Rio Tietê continua assoreado e a cada chuva as casas e ruas voltam à condição de lagoas fétidas; escolas continuam abrigando moradores vitimados pelos alagamentos; as famílias remanejadas para Itaquaquecetuba continuam sem saber do seu futuro, nenhum documento ainda foi assinado e muitos dos seus filhos estão sem vaga nas escolas. Perguntamos: Para que serve um DECRETO DE CALMIDADE PÚBLICA?

As aulas na Escola Professor Flávio Augusto Rosa não foram iniciadas. De quem é a culpa?

Na EMEF Professor Flávio Augusto Rosa (e outras escolas da região) as aulas não foram iniciadas, são milhares de crianças e adolescentes aguardando o início das aulas. O motivo são as famílias (compostas por crianças, adolescentes, idosos, homens e mulheres ? alguns doentes e, animais) alojadas nas escolas há quase trinta dias porque tiveram suas casas inundadas, represadas e inutilizadas para moradia. Hoje, há uma expectativa por parte do governo de que estas famílias saiam da escola por iniciativa própria e tentam culpá-las pelo não início das aulas, quando sabemos que elas estão lá por determinação da prefeitura; portanto, cabe ao governo removê-las para uma situação de dignidade. Sabemos ainda que a situação vivida hoje por estas famílias é a mesma de centenas que estão amontoadas nas casas de vizinhos e de parentes, expostos a situações de humilhações e de privações ao preço de um bolsa-aluguel que não paga o valor de suas casas deterioradas ou derrubadas, de seus bens destruídos, da perda de referência da histórica que construíram na comunidade, da perda da saúde e de entes queridos que morreram; entre outros problemas que têm enfrentado. A diferença entre estas famílias e as que estão alojadas nas escolas, é que deixaram de ser problema para o poder público, elas e seus problemas se tornaram invisíveis aos olhos da sociedade.

O falta de uma POLÍTICA HABITACIONAL para as vítimas dos represamentos é tão grave quanto o problema do não retorno às aulas. Não podemos fechar os olhos às humilhações a que nossa comunidade tem sido submetida e desresponsabilizar o governo de suas obrigações. Estamos em situação de CALAMIDADE PÚBLICA e os governos devem empreender todos os esforços para amparar estas famílias, as alojadas nas escolas e as alojadas em casas alheias. Nossa luta por HABITAÇÃO é tão urgente quanto a luta pela VOLTA ÀS AULAS e, ambas estão associadas ao abandono a que ficamos relegados pelos governos que têm visto em nós apenas um potencial para economizar no processo de desocupação da várzea, na medida em que nos ameaçam, nos fazem engolir a política da bolsa-aluguel enquanto método de ?expulsão barata? do território que será base para a construção do tapete de cimento decorado com plantinhas para a burguesia passar sobre as nossas dores - obra que será plataforma política eleitoreira ainda neste ano ? Via Parque Várzea do Tietê!

De quem é a culpa?
Contra quem devemos lutar?
Quais são os nossos verdadeiros inimigos?

REDE DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE DA VILA ITAIM E DO JARDIM ROMANO

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