abril 16, 2010

Pelo fim do hospício de Manaus

Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro
Foto: Rogelio Casado - Manaus-Amazonas, 2008
Nota do blog: Situado em lugar privilegiado e estratégico na cidade de Manaus, o Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro fica ao lado do estádio de futebol Vivaldo Lima. De acordo com entendimento com a FIFA, ele será demolido para a construção de uma nova praça de esportes para a Copa do Mundo de 2014. Bem que poderiam incluir no pacote a demolição do velho hospício. Aliás, o Conselho de Saúde do Estado do Amazonas manifestou-se, recentemente, favorável à mesma proposta contida na Política de Saúde Mental, aprovada em novembro de 2003, quando este blogueiro respondia pela Coordenação Estadual de Saúde Mental. Manteve-se a proposta original: substituir o hospital psiquiátrico por um hospital de clínicas, mantendo um serviço de atenção à crise, além de leitos psiquiátricos. Tudo de acordo com a lei de serviços substitutivos que vigora no país. O velho hospício já vai tarde! Estamos certos de que o Iphan não vai se interessar pelo caso: as edificações do hospício não tem o menor valor arquitetônico. Em tempo: o texto abaixo, da assessoria do deputado Luiz Castro, omite a existência da Lei de Saúde Mental do Estado do Amazonas, sancionada pelo governador Eduardo Braga, lei conquistada graças à militância da aguerrida Associação Chico Inácio (filiada à Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial), autora da proposta. É essa lei, deputado, que precisa sair do papel. Seria uma questão federal, não tivessemos tornado-a uma questão estadual.

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Usuários criticam sistema de saúde mental do Estado

A escassez de psiquiatras, a falta de medicamentos e os problemas na marcação de consultas são as principais reclamações dos usuários do sistema de saúde mental do Estado. A informação partiu dos próprios pacientes e funcionários do Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro, que, na manhã desta quarta-feira, se reuniram com o vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Amazonas, deputado estadual Luiz Castro (PPS), no auditório do hospital.

“Já faz um tempo que nós estamos envolvidos com a questão da saúde mental do Estado. Esta reunião tem o objetivo de ouvir os pacientes e seus familiares, além, é claro, dos funcionários e pessoas ligadas diretamente ao sistema”, revelou Castro, que defende a implementação da Lei Federal da Saúde Mental, aprovada em 2001, mas nunca implementada no Estado. “Essa Lei é muito importante porque regulamenta o processo de Reforma Psiquiátrica no Brasil”, observou o deputado.

Para a diretora do Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro, Ivone de Oliveira, uma das maiores dificuldades enfrentadas é a falta de compromisso da SUSAM no repasse dos medicamentos. “Outro problema é a ausência de um serviço alternativo nos sistemas de saúde do estado e do município para o tratamento desses doentes, o que ocasiona a superlotação do pronto-atendimento do hospital”, fez questão de enfatizar.

Trabalhando no Eduardo Ribeiro há mais de dez anos, a terapeuta ocupacional Sabrina Bastos revela que, mesmo com pouca capacidade de atendimento, o hospital psiquiátrico é a única referência para os municípios do interior. “O hospital não possui nenhuma rede de atendimento. Infelizmente, falta respeito aos pacientes e aos próprios profissionais. Para se ter uma idéia do problema, nós somos apenas duas terapeutas ocupacionais para atender mais de 50 mil pacientes cadastrados”, revelou a profissional.

A aposentada Therezinha Gomes, cujo filho, Manoel Gomes, se trata a mais de 25 anos no Hospital Psiquiátrico, ressaltou a dificuldade na hora de marcar a consulta ou receber o remédio controlado. “Quase sempre nós temos que dormir no hospital ou chegar de madrugada, em busca de uma senha para a entrega de medicamentos ou para o atendimento com o psiquiatra. Isso deixa o tratamento ainda mais difícil”, desabafou.

O deputado lembrou que, no final do ano passado, durante reunião com profissionais da área de saúde mental do estado e do município, realizada na sede da SUSAM, o Secretário de Estado de Saúde, Agnaldo Costa, se comprometeu em dar prioridade à questão já a partir do início deste ano. “Mas pelos relatos de hoje, podemos concluir que a saúde mental não está sendo nem um pouco priorizada”, disse.

Castro destacou a importância dos governantes assumirem a responsabilidade pela reestruturação do sistema de saúde mental do Estado e garantiu que, antes do dia 18 de maio, data em que é comemorado o Dia Nacional da Luta Antimanicomial, será marcada uma reunião com a Comissão de Saúde da Assembléia para discutir a questão. “O objetivo é favorecer o debate e a melhoria no atendimento dos pacientes”, frisou.

Fonte: Assessoria de Imprensa
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