fevereiro 19, 2012

Ocuppy - mais do que novas ideias, um novo método (Antonio Negri)


PICICA: A estrutura da expressão política deve mudar. Um novo método de participação vem despontando. O mecanismo de representação política tradicional caducou. Antonio Negri não me deixa falando sozinho. Poderia dar o exemplo nacional, mas limitemo-nos ao regional. Enquanto o deputado Sinésio Campos, do PT, é visto na companhia de militares em visita ao Puraquerara e adjacências, na mesma região em que se desenrola um conflito agrário entre o Exército nacional e comunidades tradicionais de ribeirinhos - e onde pretende-se construir o Polo Naval de Manaus, com uma sedutora promessa de criação de 12 mil empregos, sem que haja qualquer diálogo com a sociedade civil organizada -, seus pares, comprometidos por um pragmatismo centrado na aliança entre classes (aqui representado pelo PDT, de Amazonino Mendes, o PMDB de Eduardo Braga, o PSD de Omar Aziz, e até recentemente pelo PRB de Alfredo Nascimento, todos aliançados nacionalmente ao PT), omitem-se ao tirar de suas pautas temas de relevante interesse público. Silenciaram vergonhosamente na questão da construção do terminal portuário das Lajes (só o fazendo tardiamente, quando já despontava no horizonte o novo ciclo eleitoral), como emudecem agora sobre o futuro da região rural do município de Manaus, para onde a cidade deve crescer (des)ordenadamente, de acordo com interesses unilaterais embutidos na expansão da região metropolitana. O PT, enquanto partido, não tem posição consensual, nem num caso, nem noutro. Daí o desembaraço com que o deputado Sinésio Campos ocupa o espaço político, passando a falsa impressão de que fala em nome do seu partido. No rastro de seu discurso já é possível enxergar os indícios dos problemas socioambientais que virão pela frente. É de se perguntar até quando o PT terá apoio e legitimidade de uma sociedade desinformada. A julgar pela vitoriosa construção de hidrelétricas na Amazônia, a resistência que lhe vem sendo oferecida não é o suficiente para fazer o PT desembarcar da canoa furada do neo-desenvolvimentismo. Desse modo, em nome de interesses ditos "públicos" é que as comunidades tradicionais de ribeirinhos aos poucos estão ficando sem sustentação parlamentar, submetidas que estão à confusão das representações encarnadas pelo PT, outrora claramente manifesta em defesa dos pobres. Agora, meia dúzia de caciques, com amplo domínio da máquina partidária, põe à prova a credibilidade do PT em mediar conflitos. Por essa e por outras que não se sustentam candidaturas próprias aos cargos majoritários. O que preocupa é que o PT não só vai-se demitindo da sua história, como deixa o capital proclamar verdades sob sua bandeira. Lastimável! As urnas vão chiar. 

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