Em memória de Natalia Penhalosa Duarte

Os irmãos João Paulo e Natalia Penhalosa Duarte durante uma das Caravanas do SOS Encontro das Águas

Foto: Rogelio Casado - Manaus/Maio 2010

Querido João,


A morte de sua  irmã Natalia surpreendeu e chocou a todos nós seus amigos. Diante de uma perda irreparável, nenhuma palavra consola quem está mergulhado na dor. 


Toda morte decorrente da insuportável violência, alimentada por uma desigualdade social que não cessa nunca, nos revolta sobretudo quando o fato é tratado como mais um número da cruel estatística brasileira.


A indignação com o trágico acontecimento está nas páginas da internet. Ela tem de sair da tela do computador. E essa é uma tarefa de todos.


Vivemos uma epidemia de violência que se aprofunda por causas conhecidas. Uma civilização agoniza. As promessas de qualidade de vida não se sustentam na era da lógica de mercado. Impossível negar a evidência de que estamos diante de um abismo onde milhares e milhões de seres vivem uma existência miserável, para os quais inexistem laços de solidariedade. Neste salve-se quem puder estamos pagando com a vida de entes queridos.    


Enquanto rufarem os tambores macabros da barbárie, neste cenário de exclusão brutal de amplas camadas sociais, muitas outras Natalias correm o risco de perder a vida por uma simples máquina fotográfica. Até quando suportaremos a vulgarização da morte e a banalização da vida?


Meu sentimento do mais profundo pesar por perda tão dolorosa, querido João.


Rogelio Casado


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PICICA: As primeiras notícias da morte de Natalia Penhalosa Duarte incorrem em desinformação e especulação. Natalia não só não era uma turista a passeio em Salvador (ele participava como estudante de biologia da Universidade Federal do Amazonas de um evento científico), como seria incapaz de um gesto de resistência. Quem a conhece sabe que com tamanha doçura jamais reagiria a um assalto. 

A vida não pode valer nada .