agosto 22, 2014

"“A política está nas ruas e não nas urnas”", by Rafael Lauro

PICICA: "Uma ideia pode ser facilmente apagada de um muro, mas não é tão fácil quanto sonham alguns apagá-la de uma agenda social.  Desde 1968, esta ideia permanece e, talvez, vivamos o tempo em que mais se faz pertinente rabiscá-la nas paredes: onde se dá a política?  Se há uma resposta, estamos convencidos de que ela não está restrita à representatividade de nossa república. Uma mão de tinta pode apagar o que alguém levou minutos para desenhar, mas não há esforço no mundo que nos faça voltar a crer no poder do voto como único mecanismo legítimo da atuação social. Já tivemos o suficiente."

“A política está nas ruas e não nas urnas”

 
"A política passa-se nas ruas, e não nas urnas"

“A política está nas ruas, e não nas urnas”

Uma ideia pode ser facilmente apagada de um muro, mas não é tão fácil quanto sonham alguns apagá-la de uma agenda social.  Desde 1968, esta ideia permanece e, talvez, vivamos o tempo em que mais se faz pertinente rabiscá-la nas paredes: onde se dá a política?  Se há uma resposta, estamos convencidos de que ela não está restrita à representatividade de nossa república. Uma mão de tinta pode apagar o que alguém levou minutos para desenhar, mas não há esforço no mundo que nos faça voltar a crer no poder do voto como único mecanismo legítimo da atuação social. Já tivemos o suficiente.

‘Vote! Exerça a civilidade’ nos soa ‘Acostume-se. Exerça sua paciência’. Jamais estivemos tão afastados do núcleo de decisões que nos envolve enquanto sociedade. O aparelho burocrático é um obstáculo entre nossas ideias e sua prática. Mais vale tomar nas mãos a política do que a justiça. É uma necessidade de primeira ordem repensar e redistribuir os papéis na atuação política. Se é difícil pensar em uma ampliação da participação democrática da sociedade como um todo, é porque esses caminhos não foram ainda devidamente explorados, é porque nas mãos de poucos está o destino de muitos.

Não nos enganemos: bradar de peito cheio contra a classe política não significa que tomamos o fazer político nas mãos, isso está mais para um resmungo conformista. O problema não é a qualidade dos nossos burocratas, mas o entendimento do nosso Estado acerca do fazer político. Há de se colocar as ideias em circulação, há de ser trazer a política para as ruas, há de se promover um fluxo de conflitos, um programa de confrontos entre propostas. Não há nada mais repugnante do que aquilo a que chamamos hoje de debate político. Só nos mostra que,até agora, entendemos muito mal o que significa ‘debate’ e, principalmente, o que significa ‘política’.

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