PICICA: "Uma ideia pode ser facilmente apagada de
um muro, mas não é tão fácil quanto sonham alguns apagá-la de uma agenda
social. Desde 1968, esta ideia permanece e, talvez, vivamos o tempo em
que mais se faz pertinente rabiscá-la nas paredes: onde se dá a
política? Se há uma resposta, estamos convencidos de que ela não está
restrita à representatividade de nossa república. Uma mão de tinta pode
apagar o que alguém levou minutos para desenhar, mas não há esforço no
mundo que nos faça voltar a crer no poder do voto como único mecanismo
legítimo da atuação social. Já tivemos o suficiente."
“A política está nas ruas e não nas urnas”
Uma ideia pode ser facilmente apagada de
um muro, mas não é tão fácil quanto sonham alguns apagá-la de uma agenda
social. Desde 1968, esta ideia permanece e, talvez, vivamos o tempo em
que mais se faz pertinente rabiscá-la nas paredes: onde se dá a
política? Se há uma resposta, estamos convencidos de que ela não está
restrita à representatividade de nossa república. Uma mão de tinta pode
apagar o que alguém levou minutos para desenhar, mas não há esforço no
mundo que nos faça voltar a crer no poder do voto como único mecanismo
legítimo da atuação social. Já tivemos o suficiente.
‘Vote! Exerça a civilidade’ nos soa
‘Acostume-se. Exerça sua paciência’. Jamais estivemos tão afastados do
núcleo de decisões que nos envolve enquanto sociedade. O aparelho
burocrático é um obstáculo entre nossas ideias e sua prática. Mais vale
tomar nas mãos a política do que a justiça. É uma necessidade de
primeira ordem repensar e redistribuir os papéis na atuação política. Se
é difícil pensar em uma ampliação da participação democrática da
sociedade como um todo, é porque esses caminhos não foram ainda
devidamente explorados, é porque nas mãos de poucos está o destino de
muitos.
Não nos enganemos: bradar de peito
cheio contra a classe política não significa que tomamos o fazer
político nas mãos, isso está mais para um resmungo conformista. O
problema não é a qualidade dos nossos burocratas, mas o entendimento do
nosso Estado acerca do fazer político. Há de se colocar as ideias em
circulação, há de ser trazer a política para as ruas, há de se
promover um fluxo de conflitos, um programa de confrontos entre
propostas. Não há nada mais repugnante do que aquilo a que chamamos hoje
de debate político. Só nos mostra que,até agora, entendemos muito mal o
que significa ‘debate’ e, principalmente, o que significa ‘política’.
Fonte: Razão Inadequada
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