PICICA: "O fim do mundo é
um tema aparentemente interminável — pelo menos, é claro, até que ele
aconteça. O registro etnográfico consigna uma variedade de maneiras pelas
quais as culturas humanas têm imaginado a desarticulação dos quadros
espaciotemporais da história. Algumas dessas imaginações ganharam uma nova
vida a partir dos anos 90 do século passado, quando se formou o consenso
científico a respeito das transformações em curso do regime termodinâmico
do planeta. Os materiais e análises sobre as causas (antrópicas) e as
consequências (catastróficas) da “crise” planetária vêm se acumulando com
extrema rapidez, mobilizando tanto a percepção popular quanto a reflexão
acadêmica. Este livro é uma tentativa de levar a sério os discursos atuais
sobre o “fim do mundo”, tomando-os como experiências de pensamento acerca
da virada da aventura antropológica ocidental para o declínio, isto é,
como tentativas de invenção, não necessariamente deliberadas, de uma
mitologia adequada ao presente."
Há mundo por
vir? Ensaio sobre os medos e os fins, de Déborah
Danowski e Eduardo Viveiros de Castro
Há mundo por vir? Ensaio sobre os medos e os fins
Déborah Danowski e Eduardo Viveiros de Castro
O fim do mundo é
um tema aparentemente interminável — pelo menos, é claro, até que ele
aconteça. O registro etnográfico consigna uma variedade de maneiras pelas
quais as culturas humanas têm imaginado a desarticulação dos quadros
espaciotemporais da história. Algumas dessas imaginações ganharam uma nova
vida a partir dos anos 90 do século passado, quando se formou o consenso
científico a respeito das transformações em curso do regime termodinâmico
do planeta. Os materiais e análises sobre as causas (antrópicas) e as
consequências (catastróficas) da “crise” planetária vêm se acumulando com
extrema rapidez, mobilizando tanto a percepção popular quanto a reflexão
acadêmica. Este livro é uma tentativa de levar a sério os discursos atuais
sobre o “fim do mundo”, tomando-os como experiências de pensamento acerca
da virada da aventura antropológica ocidental para o declínio, isto é,
como tentativas de invenção, não necessariamente deliberadas, de uma
mitologia adequada ao presente.
Orelha de Bruno
Latour | Capa: André Vallias e Alexandre Nodari | Foto da capa: José
Márcio F. Fragoso | 176 pgs, 2014 | Co-edição com o Instituto
Sócioambiental
Preço: R$35,00 [frete incluso] | Compre pela nossa
loja virtual
Sobre o livro
“Aquilo que Isabelle Stengers chama de intrusão de Gaia é algo que nos faz perder todas as nossas referências. Sim, Gaia é uma intrusa, no sentido de que nada havia sido preparado, pensado, planejado, previsto, instituído para vivermos sob seu signo. Nada, ao menos, durante aquele período histórico que não cabe mais chamar de Modernidade. Havia, decerto, a Natureza, aquela grande figura fria, eterna e distante, capaz de ditar suas leis a todas as ações humanas — inclusive as leis da economia. Mas essa divindade nos parece, hoje, demasiado antiquada, de um antropocentrismo excessivamente ingênuo. De qualquer modo, ela também acabou por ser secularizada. Como então poderemos nos familiarizar com Gaia, a Intrusa? É aqui que intervêm os dois autores deste ensaio de mitocosmologia: um antropólogo meio filósofo, uma filósofa meio ecologista. E, claro, eles não começam pelo começo (como se fosse preciso ir do Big Bang até a crise ecológica, passando por Lucy, Lascaux…), mas pelo único ponto pelo qual é possível começar, a saber, pelo fim. Não o fim dos tempos, ao modo de São João, mas com a suspensão das maneiras como o tempo costumava passar. O ensaio principia como um inventário, uma espécie de visita guiada ao pátio dos milagres das monstruosidades filosóficas e literárias em curso, algumas delas bastante em voga, outras menos conhecidas, mas todas sintomáticas do estado de alarme atual. Em seguida, passa-se à antropologia, àqueles mundos indígenas que nunca precisaram se dotar nem de uma Natureza, nem de uma Cultura. O tom muda, porque mudam os mundos. Finalmente, é preciso passar à política. É com ela e por ela que o livro conclui, evocando a mobilização febril de todos os coletivos que sabem que já não têm mais o tempo a seu favor. E assim tudo recomeça — ou tudo recomeçará, deixando para trás muito daquilo em que nos habituáramos a acreditar. Este livro deve ser lido como se toma uma ducha gelada. Para nos acostumarmos. Para nos prepararmos. Esperando o pior.” (Bruno Latour)
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