PICICA: "O que aconteceu no verão europeu de 1914 vinha sendo articulado há
décadas. A inauguração do Canal de Suez, em 1869, abalou em definitivo o
império otomano. O conflito franco-prussiano, de 1870, tirou da França
uma rica fatia de território. O paroxismo ideológico deslanchado pelo
caso Dreyfus, em 1894, forneceu a munição.
Mas foi a crença de que novas tecnologias são suficientes para garantir
a paz e o progresso o principal equívoco cometido nesse xadrez.
A serviço do rancor, os milagres da ciência convertem-se em pesadelo."
PRIMEIRA GRANDE GUERRA
Os 100 anos da guerra que não acabou
Alberto Dines | Programa nº 736 | 05/08/2014 |
Ela foi chamada de belle époque, também de dourada era da
segurança; os mais céticos preferem classificar o período como o alegre
apocalipse. A exposição mundial de Paris, em 1900, exibiu as maravilhas
da eletricidade com a iluminação da Torre Eiffel. As novas tecnologias
despertaram novas energias e fortíssimas ambições. O avião, os
transatlânticos, automóveis, o metrô, o cinema, o rádio e os avanços da
medicina simbolizavam um progresso, uma paz que, imaginava-se, jamais
seria revertida. Nos subterrâneos deste mundo excitante e refinado um
vulcão roncava, emitia avisos que poucos queriam escutar.
Alfred Nobel, o inventor da dinamite, primeira arma de destruição em massa, captou esses sinais, assumiu-se como pacifista e no testamento deixou recursos para a concessão de cinco prêmios anuais, um deles o Nobel da Paz, concedido pela primeira vez em 1901.
Se os esforços pela paz precisavam ser estimulados e premiados, significa que a guerra era uma ameaça concreta, assustadora. Conflitos bélicos não acontecem por acaso. Os contenciosos acendem diversos pavios, até que um deles chega ao barril de pólvora mais próximo.
O que aconteceu no verão europeu de 1914 vinha sendo articulado há décadas. A inauguração do Canal de Suez, em 1869, abalou em definitivo o império otomano. O conflito franco-prussiano, de 1870, tirou da França uma rica fatia de território. O paroxismo ideológico deslanchado pelo caso Dreyfus, em 1894, forneceu a munição.
Mas foi a crença de que novas tecnologias são suficientes para garantir a paz e o progresso o principal equívoco cometido nesse xadrez.
A serviço do rancor, os milagres da ciência convertem-se em pesadelo.
Fonte: OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA
Alfred Nobel, o inventor da dinamite, primeira arma de destruição em massa, captou esses sinais, assumiu-se como pacifista e no testamento deixou recursos para a concessão de cinco prêmios anuais, um deles o Nobel da Paz, concedido pela primeira vez em 1901.
Se os esforços pela paz precisavam ser estimulados e premiados, significa que a guerra era uma ameaça concreta, assustadora. Conflitos bélicos não acontecem por acaso. Os contenciosos acendem diversos pavios, até que um deles chega ao barril de pólvora mais próximo.
O que aconteceu no verão europeu de 1914 vinha sendo articulado há décadas. A inauguração do Canal de Suez, em 1869, abalou em definitivo o império otomano. O conflito franco-prussiano, de 1870, tirou da França uma rica fatia de território. O paroxismo ideológico deslanchado pelo caso Dreyfus, em 1894, forneceu a munição.
Mas foi a crença de que novas tecnologias são suficientes para garantir a paz e o progresso o principal equívoco cometido nesse xadrez.
A serviço do rancor, os milagres da ciência convertem-se em pesadelo.
Fonte: OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA
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