agosto 18, 2014

"Homo Ludens Contemporâneo", by Vinicius Lopes

PICICA: "Enquanto o homem trocar o esporte pela competição, amarra-se, impede que o jogo lhe traga experiência, que o mude, recrie, lhe dê sapiência."

Homo Ludens Contemporâneo


Vencer é não desvencer: é não competir”

Caros amigos, da Copa eu tiro alimentos, levo-o para minha cozinha e planejo um bom jantar.


O esporte na contemporaneidade cansa mais que o suor dos atletas. Há uma desvio do exercício físico para o esporte competitivo. Talvez herança greco-olímpica, de uma ânsia em reunir diferentes povos em prol de uma atividade que daria prazer a todos. Mas o resquício do evento olímpico é claro: competição.




Na era dos espectadores, ligamos a televisão, vamos ao estádio, ginásio, autódromo, ou qualquer outra arena em que se estabeleça um “jogo” para ver… competição. Se tiver porrada ou risco de vida, o “jogo” é mais interessante, lucrativo e mais assistido. Afinal, na final nacional de campeonato de xadrez, haviam duas pessoas assistindo: o juiz e a mãe do vencedor.


A idéia de jogo se esvaiu, e o ser humano, que já fora denominado como homo ludens pelo filósofo Huizinga, está cada vez mais distante de experimentar um jogo. Como espectador, sempre busca um vencedor e um perdedor, e jamais se propõe ao devir possível de simplesmente estar presente em um jogo.


Como seria então, assistir a um jogo de futebol em que não haja gol, campeonato nem rivalidade? Por qual caminho vergaria o indivíduo que estivesse na arquibancada, e quanto tempo aguentaria ver um jogo sem propósitos competitivo. Em outros dizeres: o quão competidores somos, e o quão banhada nossa visão é, para apenas competição ser?


A Copa do Mundo sem taça é a Copa do Mundo sem graça.


O prazer está em ter vencedor a sorrir e perdedor a sofrer; a lógica é discutir pela razão de se ganhar, o que anula o simples sentimento de estar. Não podemos mais sentar à beira do mar e ver um nadador surfar. Se não houver apito, tubo e a melhor onda, a vida em práticas esportivas se torna tão efêmera, que beira o invisível.


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A congregação do esporte nu, por onde anda? O campeonato sem chaves e pontos corridos, que vence o que se abre ao jogo, ao novo, ao imprevisto e improviso – cadê o perigo?


Enquanto o homem trocar o esporte pela competição, amarra-se, impede que o jogo lhe traga experiência, que o mude, recrie, lhe dê sapiência.



grafite-olimpico


Fonte: Razão Inadequada

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