LUMINE
Aníbal Beça ©
Como quem rabisca calçadas remotas
escrevo com os cacos da nossa infância.
Tu tinhas a palidez ruborizada dos anjos
e eu as mãos trêmulas de um tocador de harpa.
Tudo era sacro em céu profano.
Deitados tínhamos nossa própria luz
as sombras nossos lençóis
e o escuro era o mundo de fora.
Essa memória que me assalta
por um instante ilumina tua boca e a minha
úmidas do primeiro orvalho.
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