abril 21, 2008

Tapauá é mais embaixo

General Augusto Heleno

Meia volta, volver - O general Augusto Heleno Ribeiro, aquele que disse que o Exército serve ao país, não ao governo de plantão, deu a senha para a manifestação dos aloprados ávidos por discursos patrióticos, tão ao gosto dos que gozam com movimentos de caserna. Como não há mais espaço para quarteladas - esse filme a gente já viu -, sobra o terreno histérico da desinformação. Para que ela não se dissemine, recomendo a leitura do imortal Ribamar Bessa.

TAQUI PRA TI

TAPAUÁ É MAIS EMBAIXO

José Ribamar Bessa Freire

20/04/2008 - Diário do Amazonas

Dona Lourdes Normando dava aula particular em sua casa, no Beco da Indústria, bairro de Aparecida, Manaus. Às sextas-feiras, dia de sabatina, ela sapecava bolos de palmatória em quem errava a tabuada. Um dia, em 1955, na prova oral de geografia, perguntou: - “Seu Bessa-Freire, qual o rio que banha a cidade de Tapauá?”. Era a primeira vez que eu ouvia falar em Tapauá nos meus sete anos de vida. Arrisquei: - “Rio Juruá”. Rimava. Mas não era a solução. Ela, então, me fez copiar duzentas vezes a frase: “Tapuá fica no rio Purus”. Fiquei com calos no dedo, mas nunca mais esqueci.

Lembrei do método de ensino da dona Lourdes nessa semana, quando li as declarações a O Globo do Comandante Militar da Amazônia, General Augusto Heleno. Ele aloprou. Criticou duramente o Governo, dizendo que a terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, demarcada por FHC em 1998 e homologada por Lula em 2005, constitui uma ameaça à soberania nacional, que “dar terras” aos índios em faixa de fronteira é uma ameaça à integridade nacional e blá-blá-blá, blé-blé-blé.

Leia o texto na íntegra. Acesse TAQUI PRA TI

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2 comentários:

Matheus Gondim disse...

Fui representando a PROEX em uma palestra na FIEAM onde esse cidadão foi chamado para falar sobre a experiência no Haiti. Na hora ele se empolgou e começou a falar sobre as relações da "America Latina e o Barril de Pólvora", alertando os presentes de uma possivel guerra num futuro BEM próximo.

Matheus Gondim disse...

Após esse momento ele então iniciou uma abordagem contra a politica indigenista do governo federal e também contra os próprios indios. No ápice de sua empolgação ele soltou a seguinte frase: "Se, para defesa nacional, for preciso construirmos uma estrada que passe por cima de uma aldeia, podem ter certeza de que o faremos".
A platéia era formada por empresários que aplaudiam empolgados. Ao final, o espaço para debate se abriu e se fechou com uma rapidez espantosa! Lembrando aqueles portais dos filmes de ficção científica que nos levam ao futuro, mas também podem nos levar AO PASSADO.