Celebração de 20 anos de luta - No próximo dia 18 de maio será realizada a vigésima edição do Dia Nacional de Luta Antimanicomial. Marcus Vinicius Oliveira, ex-presidente do Conselho Federal de Psicologia, um dos mais importantes ideólogos do movimento social por uma sociedade sem manicômios e um dos principais expoentes da Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial, reflete sobre a importância da data: "São vinte anos consecutivos sustentando um esforço coletivo, para numa mesma data repercutir por todo o país, em um movimento de unidade a mesma mensagem: fora com o manicômio, viva a dignidade humana!"
Marcus Vinicius defende a idéia de que o lema deste ano devia informar isso para a sociedade: "20 anos de luta e não estamos cansados, 20 anos de luta e continuamos nas ruas a exigir por uma sociedade sem manicômios, com muita energia, coragem, fibra e bom humor, com alegria e criatividade"
Para ele, " não é qualquer movimento social que pode sustentar um patrimônio político como esse".
Os companheiros da Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial embarcaram no desafio de Marcus Vinicius e já começaram a chover propostas de temas para a data comemorativa da luta pela desistintucionalização da loucura. Eis algumas sugestões:
1 - 18 de maio: 20 anos de luta pela dignidade humana e contra a opressão!
2 - 18 de maio: 20 anos de luta contra o preconceito e a discriminação!
3- 18 de maio: 20 anos de luta pela diversidade! Para que todos tenham vida plena!
4 - 18 de maio: 20 anos de luta contra os manicomios e contra a discriminação!1
5 - 8 de maio: 20 anos de luta pela Reforma Psiquiatrica!
6- 18 de maio: 20 anos de luta contra a violência e pela expansão da vida!
7 -18 de maio: 20 anos de luta por um Brasil sem manicomios!
8 - 18 de maio: 20 anos de luta para que alma não seja pequena!
Contribuição dos militantes amazoneses - A Associação Chico Inácio (Manaus-AM) - filiada à Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial -, com larga experiência no enfrentamento contra os reformistas de araque que tentam se apropriar duma história que não lhes pertecem, entrou pelo viés do humor e encaminhou a seguinte mensagem: "Considerando a disposição, a energia, a coragem, a fibra e o nosso inquebrantável bom humor, sugerimos:
18 de maio: 20 anos de luta... nóis verga, mas num quebra!
18 de maio: 20 anos de luta... só chora a morte da bezerra quem já botou a viola no saco!
18 de maio: 20 anos de luta... vivendo e dando asa pra cobra!
18 de maio: 20 anos de luta... com disposição, nóis espicha mais 20!
18 de maio: 20 anos de luta... os manicômios tão com o c... na reta!
18 de maio: 20 anos de luta... mais um pouco e os manicômios esticam as canelas.
18 de maio: 20 anos de luta... ninguém nasce pra fazer curso de canário.
18 de maio: 20 anos de luta... e ainda tem zé mané pegando o bonde errado!
18 de maio: 20 anos de luta... nóis num nega fogo contra o preconceito.
18 de maio: 20 anos de luta... sem mijar fora do penico.
18 de maio: 20 anos de luta... manicômios: nem com a banda passando!
18 de maio: 20 anos de luta... ou vai, ou racha!
18 de maio: 20 anos de luta... se precisar nóis parte pra "ignorância"!
O caráter brincalhão da Chico Inácio é dado pela ala "Nóis sofre, mas nos goza", ala criada em homenagem ao esculhambador-mor da república Macaco Simão.
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Moradia assistida (III)
O trabalho da Terapeuta Ocupacional Márcia Maria Gomes de Souza surgiu diante de um impasse institucional quanto ao futuro das moradias assistidas. Estimulada pela Coordenação Estadual de Saúde Mental, sua equipe entrou em ação em março/2006 com o objetivo de promover um processo de efetiva desinstitucionalização dos internos-residentes no Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro – ao todo 46 pessoas, alguns com 40 anos de vida institucional –, visando o retorno à vida social.
Um a um os internos foram estudados e escutados, sendo reservado dois espaços físicos que permitissem a aplicação de conteúdos que ajudassem na construção de habilidades e os tornassem capazes de tomar as rédeas de suas próprias vidas, como nos lembra Márcia Maria.
Esses dois verdadeiros laboratórios foram chamados por Márcia e sua equipe de Residências I (pavilhão aberto José da Silva) e II (pavilhão aberto Maria Damasceno).
(Havíamos criado o espaço físico do pavilhão Maria Damasceno no início dos anos 1980, no exercício da função de Diretor Clínico, para abrigar o Grupo de Agricultura – atividade de Reabilitação Psicossocial remunerada, importante página da história no combate à ociosidade química reinante. Parte de seus remanescentes ainda hoje vive ali).
Na residência I José da Silva estão alojados os residentes idosos e os com maior grau de dependência, ficando estabelecido que exigirão uma moradia assistida diferenciada, com cuidadores 24 hs, suporte técnico diário e pessoal auxiliar permanente na residência.
Na residência II Maria Damasceno foram colocados os residentes mais ou menos independentes e os semi-dependentes, com o objetivo de trabalhar a autonomia dentro e fora de uma residência. Aqui os cuidadores trabalharão apenas 12hs.
Resta saber quais as atividades programadas para as pessoas com um processo tão longo de institucionalização, cujos hábitos de cuidar de uma casa ficaram tanto tempo sob suspensão.
Aguarde o próximo artigo e se surpreenda! Imagens desse trabalho no meu blog.
Manaus, Abril de 2008.
Rogelio Casado, especialista em Saúde Mental
Pro-Reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da UEA
www.rogeliocasado.blogspot.com
Nota: Artigo publicado no Caderno Raio-X, do jornal Amazonas em Tempo, onde escrevo às quartas-feiras.
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