PICICA: "Não devemos de forma alguma subestimar o estrago político
social que a verborragia da extrema direita pode causar. O reino da opinião e
preconceito é reforçado diariamente a décadas pela grande mídia. Também há
décadas os espaços institucionais de formação destinam-se a formar analfabetos
funcionais."
A invasão da direita burra as redes sociais.
Todos aqueles que de alguma forma utilizam as redes sociais
da internet já devem em algum momento ter se deparado com tópicos e comentários
constantes e sistematizados de algum reacionário que pela quantidade de
postagens parece destinar “30 horas” por dia a este tipo de atividade.
Esse fenômeno não é tão aleatório, tal como uma análise
pouco atenta possa apontar. Com certeza existe o fator da espontaneidade. A
internet deu voz a muitos que não possuíam, hoje como nunca são variadas as
fontes de informações. No entanto, esta multiplicidade de fontes não garante
por si só a qualidade da informação. Para além da abertura democrática que com
certeza é um ganho existe também o lado negativo desta proliferação, muito
espaço para conteúdo de má qualidade é aberto. Uma viva ao senso comum,
preconceito, boataria e “desinformação” em geral.
Aproveitando desta brecha, sujeitos reacionários que nunca
tiveram coragem de se expor politicamente publicamente (nas ruas, sindicatos,
associações civis e etc), ganharam confiança e agora “gritam” para milhares de
pessoas a verborragia que antes só era exposta em mesas de jantares da casa de
sua família, junto ao taxista que está lhe prestando um serviço ou mesmo em
frente da banca de jornal onde compram o Globo. A internet acabou de ampliar a
voz destes reacionários de porão, que agora vem a luz do mundo por se sentirem
seguros para desfilar seus preconceitos e opiniões mal formuladas virtualmente
sem ter que encarar qualquer consequência.
Para além deste fator existe também a sistematização.
Sabendo do poder das mídias digitais, que é apontada como instrumento poderoso
capaz de derrubar governos e até regimes.
Os mais diversos setores políticos
investem recursos e energia nas redes sociais. Campanhas de blogs bancados pela
CIA contra o regime cubano e notícias “fakes” virais contra o governo
venezuelano são exemplos deste tipo de intervenção nas redes.
Em nosso país, temos cada vez mais pessoas de empresas e
governos infiltrados nas redes. E salta à vista a inserção de setores de
extrema direita atuando desta forma. O sucesso de sua dispersão nos espaços
virtuais com certeza conta com o fator do exotismo. As ideias lunáticas da
extrema direita nacional de tão absurdas cria estardalhaço. Imagine você “um
golpe comunista do PT em 2014 com apoio da China e Cuba comunista, apoiado pela
grande imprensa gay”, com certeza a história parece efeito de lsd em algum
romancista de quinta categoria. De tão ridículo fica difícil não comentar tal absurdo.
De certo tem um pé de verdade a afirmação que render tais
alucinações é “bater palma pra maluco dançar”. Pois ao discutir com seriedade
tais sandices acabamos dando visibilidade a postagens e comentários que
defendem este tipo de coisa. No entanto, ignorar tais propagandas idiotas sem
contra argumentar também é um caminho perigoso.
Mesmo que os discursos sejam bizarros, não devemos duvidar
da capacidade deles funcionarem. Pois a adesão as ideias pela maior parte das
pessoas se dão sobretudo pelo emocional. Autores como William Reich já discutiam como o
discurso emocional pode funcionar nas massas. A máxima da propaganda nazista de
Goebbels de que “uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade” deve ser levada em
consideração. O discurso de fácil assimilação e potente conteúdo emocional
“cola” mais do que extensos debates de alto grau de fundamentação conceitual.
Até a biologia joga contra agente neste sentido, segundo a
neurociência é tendência do cérebro economizar energia, e o pensamento complexo
gasta mais energia do que o superficial.
Não devemos de forma alguma subestimar o estrago político
social que a verborragia da extrema direita pode causar. O reino da opinião e
preconceito é reforçado diariamente a décadas pela grande mídia. Também há
décadas os espaços institucionais de formação destinam-se a formar analfabetos
funcionais.
Para ser eficaz revistas semanais como a Veja e “pensadores” como
Olavo de Carvalho não precisam estar certos, fundamentados. Mais sim massificar
ao máximo no contexto certo. A ação de nerds de direita, surtados pseudo
esclarecidos e grupos organizados de extrema direita em um terreno fértil para
suas ideias graças a setores ressentidos da sociedade, da elite e da classe
média parece andar de vento e poupa.
Soma-se o suporte dos mais variados programas da grande mídia
(jornais de apologia a repressão policial, programas de comédia preconceituosos,
e pseudo conteúdo critico de jornalistas comentadores), a grandes blogs e sites
de direita na internet, que “curiosamente” são muitas vezes bancados por
instituições e organizações internacionais para criar “informação” que logo
será replicada em postagens, memes e comentários por páginas e perfis de grupos
e indivíduos da direita militante, assim como, fakes destes perfis.
Frente a tal fenômeno, cabe a nós da melhor forma possível
contrapor este grande mecanismo “endireitador”. Precisamos revelar o que se
esconde por trás desta, aparentemente banal, invasão da extrema direita às
redes socias. A engenhosidade e seu perigo. Muita coisa está em jogo para não
estarmos atentos.
Fascistas NÃO PASSARÃO!
(Diego Felipe)
(Diego Felipe)
Fonte: Linhas de Fuga
Nenhum comentário:
Postar um comentário