Sexta-feira, 12 de Setembro de 2008
Golpe na Bolívia
Raríssimas análises publicadas na grande imprensa brasileira chamam o golpe de Estado em andamento na Bolívia por seu nome verdadeiro. Uns enxergam “turbulências”, outros “confrontos”, aqueles ainda vêem “protestos”. Parece haver uma “crise” generalizada, cuja responsabilidade é não apenas difusa, mas compartilhada pelo presidente Evo Morales.
Morales é mandatário legítimo, confirmado em referendo pela maioria absoluta da população. Pode ser ruim, pode mesmo ser um crápula, mas foi eleito e governa dentro das normas vigentes. Seus opositores promovem destruição, violência, saques e sabotagens para derrubá-lo. A isso o senso comum denomina “golpe”, sem meias-palavras.
Por simples prazer especulativo, imagine-se que o presidente em questão é FHC e os revoltosos utilizam bonés e bandeiras do MST (com o perdão da rima). Qual seria a reação da Folha de São Paulo, ou do Estadão, ou do Globo?
Mas, não coincidentemente, esses veículos apoiaram o golpe militar de 1964. Os mesmos “defeitos” do governo Jango usados para culpá-lo por ter “provocado” uma reação dos militares são agora ponderados para fazer Morales parecer “merecedor” de castigo semelhante.
É como se dissessem que, em determinados momentos, um golpezinho pode até ser aceitável. Na Bolívia há muitos democratas assim.
Fonte: Guilherme Scalzilli
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