maio 15, 2009

Abaixo-assinado em defesa da autonomia universitária

Foto: Rogelio Casado - Universidade na comunidade - Manaus-AM, 2007

Professor Gilson Monteiro em atividade com alunos de mestrado numa escola estadual do bairro do Coroado

Nota do blog: Gilson Monteiro é graduado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Amazonas (1989), licenciado em Letras pela Universidade Federal do Amazonas (1992), mestre em Administração pela Universidade de São Paulo (1998) e doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (2003). Professor adjunto da Universidade Federal do Amazonas, é coordenador do curso de Jornalismo da Ufam e coordenador do Programa de Pós-graduação em Ciências da Comunicação (PPGCCOM) da Ufam. Depois de ter sido agredido em plena sala de aula, o professor Gilson Monteiro vem recebendo solidariedade da comunidade acadêmica, que hoje realiza um ato público em defesa da autonomia universitária, as 09h00, no hall do Instituto de Ciências Humanas e Letras da Universidade Federal do Amazonas. Leia o abaixo-assinado eletrônico de iniciativa dos professores de jornalismo da Uninorte - http://www.petitiononline.com/mao_1405/ . Manifeste, também, o seu apoio.

Prezados,

Nós, professores de Comunicação Social abaixo assinado, entendemos que a agressão sofrida pelo professor e jornalista Gilson Monteiro, no dia 11 de maio deste ano, na UFAM, deve ser estendida a toda a categoria de professores e de jornalistas também. Longe de entendermos os detalhes do que aconteceu dentro da sala de aula, nenhuma agressão física deve ser aceita como justificativa para pessoas que se sintam ofendidas seja qual for o motivo.

Não é de hoje que temos conhecimento de outras agressões sofridas dentro ou fora da sala de aula. Os motivos são os mais medíocres possíveis: insatisfação com uma avaliação; reprovação e agora também um comentário sobre a cobertura de um fato jornalístico. Se isto não é assunto para ser discutido em sala de aula, desculpem-nos, fechem as instituições de ensino superior. A Universidade, ao que sabemos, é o lugar das idéias, do debate, das discussões, da civilidade e não da barbárie. Um lugar de construção da autonomia de pensamento, da criticidade e da reflexão, requisitos essenciais para o pleno exercício da cidadania.

Na repercussão do fato pela mídia, o que mais nos chamou atenção foram pessoas dizendo que o professor "teve o que mereceu". Também é de revoltar a cobertura de alguns jornais, invertendo os valores: o professor Gilson não apareceu como vítima, mesmo tendo sido espancado em um ato de selvageria e covardia, mas sim como culpado. Há aí, portanto, mais uma agressão, desta vez ao jornalismo, aos jornalistas e ao dever da verdade. Nosso manifesto vem para repudiar qualquer ato de violência e também para unir: professores, jornalistas e qualquer categoria que seja ameaçada pela truculência. Não podemos nos calar diante da barbárie. E, notem, estamos indignados, sim, mas, agora, utilizamos uma única arma: as palavras. É assim que deve (ou deveria) ser.
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