A quem interessa este imbróglio do ENEM?
Ex-companheiro de Jorge Guinle Filho, o fotógrafo Marcos Rodrigues ganha direito ao usucapião urbano
A semana começou triste, com a morte de Mercedes Sosa, a voz que nos apaziguava a dor e açulava a esperança, nos anos tintos de sangue e negror das ditaduras nos anos 60/70/80.
Falando nestes anos de chumbo e lágrimas - que trouxeram a melhor safra de música brasileira que já tivemos, na minha opinião - , é uma farsa esta propaganda do governo pedindo informações sobre os desaparecidos políticos, quando ele mesmo não abre os arquivos da ditadura e não mostra ao país o que há ali.
Uma turma de garotos de escolas particulares e da classe média carioca formou o grupo Os Nove e passou a discutir e criticar o ocorrido no Enem, coisa que a UNE, entidade chapa-branca, não fez. E os caras pintadas e nós, que lutamos como estudantes contra a ditadura militar, também éramos da classe média. A diferença é que, ali, os militares ainda não haviam destruído o ensino brasileiro, e filhos da classe média também estudavam em escolas públicas, pois eram boas.
Já o Ministério da Fazenda a pune, retendo sine die as merrecas que têm que devolver por lei ao contribuinte que pagou imposto de renda a mais. Como a lei não estipula o prazo da devolução, ainda tivemos que ver Guido Mantega, cinicamente, explicar que isso até era um bom negócio, pois os juros seguiriam a taxa Selic, e o atraso será como uma poupança. Compulsória. Quebrou-se a relação de confiança entre o contribuinte e os arrecadadores.
Do mesmo naipe da explicação de Mantega, foi a declaração idiota e absurda do ministro da Justiça, Tarso Genro, que viu aspectos positivos no vazamento do ENEM, pois mostrou a importância do exame . Data venia, ministro, pqp! Francamente.
O MST fez o que fez e vimos na TV, na Fazenda produtiva Santo Henrique, no interior de São Paulo, começando por derrubar pés carregados de laranjas e terminando por destruir 28 tratores da fazenda, quando a Justiça determinou que deixassem a invasão.
Não há explicação para o que foi feito e se derrubaram 900 ou sete mil pés de laranjas, tanto faz. Não é o número que determina o delito.
Lula se posicionou contra e todos esperamos que os responsáveis sejam punidos, mas, infelizmente, não será a última vez que veremos cenas como aquelas.
E reforma agrária mesmo, de verdade, necas.
Em Honduras, ontem, o pau comeu entre a polícia e partidários de Manuel Zelaya, que continua na embaixada brasileira. O golpista Ricardo Micheletti prometera suspender o estado de sítio, mas este ainda está em vigor, a OEA entrou e saiu de Tegucigalpa sem conseguir resolver nadica de nada, e eu continuo dizendo que aquilo ali tem tudo para acabar muito mal - apesar do Brasil achar chique ter inaugurado uma nova forma de asilo – que costuma ser para retirar a pessoa do país. Neste caso, a embaixada foi usada para uma pessoa entrar no país , se mantendo no estrangeiro, no caso, em território brasileiro.
No Rio, cenas de pancadaria e violência da polícia de Sérgio Cabral, contra usuários revoltados com os freqüentes atrasos de trem nas horas de pique. Houve vandalismo, também, e roubo: assaltaram as bilheterias e levaram a grana toda, o que, claro, não tem nada a ver.
Os atrasos dos trens são seculares, e mudaram pouco quando a malha ferroviária foi privatizada, e os espanhóis,da Supervia, chegaram arrotando caviar, que todos os vagões teriam ar refrigerado, vidros duplos e o escambau.
Uma pessoa que trabalhava comigo, cansava de chegar atrasada, porque não tinha trem de manhã cedo, linha Saracuruna ( a do quebra-quebra desta semana, foi linha Japeri) e nunca o governo tomou a menor providência, ou a mídia cobriu o abuso com a frequência necessária. Na verdade, tratou sempre o assunto com completo descaso.
Na hora que o conflito amenizar, também vai parar de cobrir o assunto, ou alguém acha que ela vai ficar vigilante e ver se as linhas estão funcionando no horário, etc, como praxe?
Não adianta o governador ir falar na televisão que vão ser comprados não sei quantos trens. O problema, agora, é que eles atrasam, especialmente nas horas do rush, e isso tem que ter um jeito. Agora.
Mas ele apenas chama de vândalos quem participou do quebra-quebra e não dá uma palavra sobre os atrasos contumazes dos trens.
Isso, poucos dias depois da vitória para as Olimpíadas de 2016.
Que beleuza, D. Creuza!
No mundo, surpresa com a concessão do Prêmio Nobel da Paz a Barack Obama, quase uma premiação pelo o que ele prega para o futuro. Mas, em 1971, Willy Brant, premier alemão, também foi agraciado com o Nobel, por ter recém iniciado o diálogo com os países do leste, na sua chamada Ostpolitik, embrião da queda do Muro de Berlim, quase 20 anos depois.
No segmento diversidade sexual, Parada do Orgulho LGBT em Porto Velho, Rio Branco, e em Niterói, amanhã. E a vitória do fotógrafo Marcos Rodrigues, companheiro por 17 anos do artista plástico Jorge Guinle Filho, e que havia sido expulso do apartamento onde moravam juntos: ele ganhou na Justiça uma ação de usucapião urbano. Cabe recurso, pois foi em primeira instância, mas é muito bom sentir o gostinho da Justiça sendo feita. Marcos inovou, quando, em 1989, conseguiu que o testamento de Jorginho Guinle, que lhe dava 50% dos seus bens, fosse reconhecido, abrindo caminho para muita gente e muita coisa.
Uma pergunta que não quer calar: a quem interessava esse merdelê no ENEM? Alguém acredita que os cabeças são aqueles dois idiotas que foram vender a prova à repórter do Estadão por meio milhão de reais? Qual foi o barato de melar o exame, que tem melhorado cada vez mais e, este ano, valeria como primeira fase para diversos vestibulares? Pensando alto, com ele sendo usado como primeira fase, acaba, em tese, a ditadura dos cursinhos...
Melhorou o IDH do país e, ontem, o IBGE deu que somos mais de 20milhões de idosos e quase o mesmo número de jovens entre 18 e 24 anos. O país está em transição. Vamos ver para onde.
O Botafogo saiu da zona de rebaixamento, batendo o Atlético Mineiro por 3 X 1, e eu convido vocês para o CURTIR TAMBÉM É CIDADANIA de hoje, que deve ter Violeta Parra, em homenagem a Mercedes Sosa e a todos os que sobrevivemos aos militares.
E tem uma petição on line lá, também, para a implantação imediata da audiodescrição. Leia o texto e, se concordar, assine, tá? É um direito dos deficientes visuais que tem sido espezinhado pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, também sob o silêncio da mídia;
E há, também, um artigo interessante, publicado pela Agência Envolverde, Sustentabilidade: mídia e opinião pública, que republiquei.
Bom feriadão!
Marcia de Almeida
Editora
http://www.emdiacomacidadania.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário