PICICA - Blog do Rogelio Casado - "Uma palavra pode ter seu sentido e seu contrário, a língua não cessa de decidir de outra forma" (Charles Melman) PICICA - meninote, fedelho (Ceará). Coisa insignificante. Pessoa muito baixa; aquele que mete o bedelho onde não deve (Norte). Azar (dicionário do matuto). Alto lá! Para este blogueiro, na esteira de Melman, o piciqueiro é também aquele que usa o discurso como forma de resistência da vida.
outubro 06, 2009
Fortaleza comemora o Dia Mundial de Saúde Mental na Praça do Ferreira
Nota do blog: Aposto um doce de cupuaçu japonês como em Manaus pelo menos uma das comemorações do Dia Mundial de Saúde Mental vai se dar no velho hospício da cidade. O que surpreende é que a reconversão dos recursos humanos, via cursos de "capacitação" (arre do nome!), ainda não surtiu efeito - e lá se vão dois cursos realizados pela insuspeita Fiocruz. Certamente o problema não é a Fiocruz, mas uma subcultura que mistura (in)diferenças muito distintas: a do gestor e a do setor. A insistência em produzir ações no interior do manicômio, a título de celebração de datas alusivas à saúde mental, tem significado negativo, na medida em que não sinaliza para a sociedade que esse tipo de instituição já não pode ser tolerada nessa altura da história da nossa civilização. A menos que se trate da despedida desse espaço histórico de exclusão social, posto que ele será submetido às exigências contidas nos acordos sobre a participação de Manaus como sub-sede da Copa do Mundo de 2014, ao que tudo indica substituindo o velho hospício por um hospital de clínicas. Pois não é, maninho, que o hospício de Manaus fica no entorno do estádio que será demolido para construção da nova arena de futebol! Quem diria? Uma mudança precipitada por um evento global acabou fazendo mais efeito do que o silêncio histórico do setor, descontadas as exceções de praxe. O exemplo de Fortaleza ainda não chegou a Manaus. Ir para a rua não está no roteiro dos reformistas (de araque, acrescento eu) amazonenses. Esperamos que ao menos o Centro de Atenção Psicossocial Silvério Tundis tenha uma progamação à altura do acontecimento, afinal a Lei de Saúde Mental do Estado do Amazonas comemora dois anos. Porque a lei não saiu do papel, e o único CAPS de Manaus é nosso melhor exemplo do que é tratar o transtorno mental com dignidade, por isso mesmo a data é propícia a novas mobilizações para exigir o cumprimento da legislação. Mas isso é pedir demais para nossos reformistas, co-responsáveis pela vergonhosa estatística de termos o estado com o mais baixo indíce de CAPS do Brasil. Para uma região que vive de superlativos (o teatro mais bonito do país, o rio mais caudaloso do mundo, a maior floresta equatorial do planeta - referência geográficas corriqueira nos discursos cotidianos), um tiro mortal na auto-estima geral da população, obrigada a viver num território de escassos recursos para lidar com o sofrimento mental. Quem se importa?!
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