maio 20, 2010

Lutas sociais precisam se articular contra o modelo neodesenvolvimentista

MST

Lutas sociais precisam se articular contra o modelo neodesenvolvimentista


Brasil - Laboral/Economia
Quinta, 20 Maio 2010 02:00 
200510_lutasocial Adital - Camponeses, camponesas e movimentos sociais têm um grande desafio pela frente. Isso é o que afirma o pesquisador do Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores (Cepat), César Sanson. Presente no debate de ontem (18), no segundo dia do III Congresso Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Sanson acredita que um dos principais desafios para os movimentos sociais é perceber "o momento de profundas transformações que impactam a sociedade".
O pesquisador explica que o mundo está vivendo uma "crise civilizacional" composta não por apenas uma ou duas crises, mas por um conjunto de cinco crises: a econômica, a ecológica, a alimentar, a energética e a do trabalho. Crises que afetam gravemente o planeta e o homem. "A crise civilizatória ameaça a espécie humana", revela.

De acordo com ele, o sistema capitalista provoca uma forte "pressão no planeta Terra". Isso porque está relacionado ao modo de produzir e de consumir. "Para o capitalismo, o crescimento tem que ser infinito. E, para isso, ele precisa de recursos naturais, que são finitos", destaca.

De todas as crises vividas atualmente pela humanidade, Sanson ressalta a ecológica, que também está relacionada com as outras. Para ele, esse modelo que prega o "crescer, crescer e crescer" impacta principalmente o meio ambiente e as comunidades locais.

A opção pelos modelos desenvolvimentistas mostra isso. "O modelo neodesenvolvimentista é perverso. Os governos financiam projetos que impactam as comunidades", afirma. Para ele, Belo Monte é um exemplo claro. Segundo Sansnon, a ideia da construção da hidrelétrica no Rio Xingu é para fins econômicos, mas também está relacionado com a energia (produção energética) e com o ecológico (impacto ambiental). "Belo Monte é emblemático nesse aspecto. Que tipo de país nós queremos?", questiona.

Na opinião dele, é preciso articular as lutas sociais contra esses modelos e crises. "É necessário se contrapor a esse modelo com projetos alternativos", considera. E, para o pesquisador, a solução para essas crises será dada pelas comunidades locais. "A resposta [à crise civilizatória] virá do local, de experiências alternativas, do respeito ao meio ambiente", acredita.

III Congresso da CPT

O III Congresso Nacional da CPT começou na segunda-feira (17) e vai até a próxima sexta-feira (21) em Montes Claros (MG). O evento, que tem como tema "Biomas, Territórios e Diversidade Camponesa", reúne cerca de 900 pessoas, entre trabalhadores e trabalhadoras do campo, movimentos sociais e assessores da Comissão.

Na noite de hoje (19), as atividades do Congresso prosseguem com uma caminhada pelas ruas da cidade mineira em memória às vítimas da violência no campo. Os participantes sairão do Colégio São José, Marista, às 19h, e seguirão rumo à Igreja do Senhor do Bonfim, na Praça do Morrinho. No decorrer da caminhada, serão realizadas seis paradas, uma para cada bioma brasileiro: Amazônico, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal.


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