maio 22, 2010

Carta aos meus pais, por Paulo José Azevedo de Oliveira

Paulinho José
Foto: Rogelio Casado - Recife - Pernambuco - Brasil, 2008
Paulinho José (de sandálias) conferido o marco zero de Recife

Caro amigo Rogelio, gostaria que você publicasse a carta que escrevi para o meu pai no seu blog e nos demais blogs que o coletivo antimanicomial autorizar. Preciso fazer o maior barulho possível, dentro dos movimentos sociais e antimanicomiais. Estou te pedindo este favor, pois ainda não tive coragem de expor no meu blog.

Obrigado, um abraço e felicidades!

Paulo José Azevedo de Oliveira

BELO HORIZONTE, 01 DE MAIO DE 2010.

AOS MEUS PAIS:

EXPRESSSANDO MEUS SENTIMENTOS


1. INTRODUÇÃO:

Não sou a única vítima de violência neste mundo, por isso não vou me vitimizar e se quiserem usar esta carta como um documento judicial para um psiquiatra ou advogado ou juiz de direito me fuder, não tem problema. A Dona Enedina sempre fez isso, sempre buscou um documento de uma autoridade para ser a dona da razão e no final dizer: “tá vendo, eu não estava certa”. Caso alguém me foda com este documento não vai ser novidade, pois sou vítima de violência desde que nasci. E mesmo porque, a paranóia que toma conta deste mundo, mesmo que eu não escrevesse alguém poderia gravar minha fala ou usar uma testemunha contra mim, portanto sou macho o suficiente para assumir o que faço. Sou cheio de defeitos, mas tenho qualidades, tento ser o mais verdadeiro possível sempre, tento ser sincero e respeitar os sentimentos das pessoas e tento dar amor à quem eu acho que precisa e a todos, pois precisamos tentar ser felizes e compartilhar o amor e a alegria para construir um mundo melhor.

2. A INTERDIÇÃO, UM ATO DE VIOLÊNCIA CONTRA MIM:

A interdição é um ato de violência contra mim, pois cassa todos os meus direitos civis, o de me defender judicialmente, o de casar e o de cidadania, não sou um cidadão. Quando o estado me considera um animal, ou uma criança inimputável (teoricamente). Ser inimputável significa que não tenho razão, não sou capaz de fazer análises sobre o que é certo e errado, segundo o direito (código penal) e a psiquiatria forense.

Para me defender quero fazer uma análise sobre a violência, acho que serve para a minha vida, mas serve também para uma análise dos fenômenos sociais. Já nasci estigmatizado, com uma marca: nasci prematuro, tive convulsões, nasci asmático e segundo filho ameaçando o reino de minha primeira irmã que reinou três anos como filha única, sem dividir o amor dos pais com nenhum irmão. Uma conjuntura muito favorável para muita violência de todas as espécies, contra um ser humano que apesar de feio, magricelo e doente; que ser bem recebido, aceito e amado. Assim como meu filho Kelvin Miller de Jesus, rejeitado por minha mãe, só porque é de uma mulher de família pobre. Ele nem pode vir aqui em casa.

Diante do estigma e da conjuntura descrita fui crescendo triste e confuso. Confuso por não entender o porquê daquilo tudo. Da parte dos meus pais também mais violência: meu pai sempre me agredindo, sob influência do estigma reforçado com o veneno, fruto da inveja e do ciúme criado pela primogênita. Para dividir um pouco a culpa, virei também bode expiatório do estresse do trabalho desta pessoa que se diz pai, mas que era apenas um provedor. Da parte de minha mãe a fragilidade, adorava contar para todo mundo, o tempo todo sobre todas as minhas doenças, sobre todos os médicos, eu sempre fui o assunto da família, sempre na doença. Sempre vítima da chacota da família, da sociedade e da curiosidade da ciência e dos atoas, sempre fui um monstrinho.

Sempre fui muito triste, graças a Deus fui escoteiro, pois sempre fui excluído na escola, por ser mau aluno e por ser estigmatizado (ter uma marca ruim). Graças a Deus consegui ser um pouco criança por ter sido teimoso: andei de bicicleta na rua e joguei bola na rua, meu maior orgulho de criança, pois isso expressa meu desejo de liberdade desde criança.

A maior violência e tirania que fui vítima foram da ciência e do mercado, fui vítima da medicina, dos médicos, da ganância e da ambição de pessoas que tem como primeiro valor o dinheiro e o poder a qualquer custo e que se fodas as outras famílias. Por causa da minha asma e do discurso científico oficial, a CNEN enriqueceu o hospital Infantil Santa Terezinha e o filho da puta do Dr. Carlos. Tudo que eu queria era um tratamento milenar, alternativo, homeopático que me permitisse ser criança e feliz.

Vou parar um pouco só para fundamentar o que estou dizendo: Na história contemporânea o mundo já assistiu duas guerras mundiais devido a tirania do homem, tanto nas ditaduras de extrema esquerda e extrema direita. Os homens de bem que se preocupam com a paz mundial e o convívio harmonioso entre os povos estabeleceram a Declaração Universal dos Direitos Humanos, um documento válido na Justiça Internacional, onde vários países são signatários, entre eles o Brasil. Eu só estou citando os direitos humanos para ninguém dizer que a tirania é fruto da minha imaginação.

Existiu uma época que a tirania era mais a opressão do estado contra o povo. Hoje os tempos mudaram e o que manda é o mercado. O mercado é a lógica onde as pessoas estão em último plano e o lucro em primeiro plano. O que vale é o jogo das grandes corporações internacionais para explorar o máximo os trabalhadores pobres, desesperados por emprego. Também faz parte da regra do jogo ter o lucro máximo, mesmo que seja enganando os consumidores, com os serviços de comunicação de massa e os discursos científicos oficiais.


Para que ninguém diga que estou delirando estou fazendo esta pausa na expressão dos meus sentimentos para dizer que esta tirania e esta opressão são verdadeiras. Será que os sindicatos de trabalhadores e o estatuto do consumidor foram inventados de brincadeirinha?

A medicina oficial tirou minha infância e minha adolescência, quando eu não agüentava mais de tanta tristeza e de tanta violência que faziam contra mim aí eu parti para o suicídio, mais uma vez violência: eu só queria morrer, ninguém me deu um pouco de carinho, ninguém quis me escutar e entender o porquê, só me ofereceram mais violências. Minha família, o estado e a ciência me violentaram. Eu queria morrer e a polícia me dava porrada, o hospital psiquiátrico me segregava e a medicina me entupia de drogas lícitas. Mais uma vez virei motivo de chacota, motivo de curiosidade de estudantes de residência e de amigos de meus irmãos e parentes de meus familiares.

Jesus disse quando as pessoas julgavam a mulher adúltera e queriam apedrejar ela para punir o seguinte: “quem não tiver pecado que atire a primeira pedra”. Todos saíram com vergonha e a mulher não foi apedrejada.

Jesus também disse para as pessoas que gostam de julgar as outras o seguinte: “Porque olhar o cisco o no olho do teu irmão se você não enxergar a trave que está no seu olho. Tira primeiro a trave do seu olho para depois pensar no cisco do olho do seu irmão.”

Isso é minha vida, primeiro julgado por meus irmãos, depois por meu pai, depois pela sociedade, depois pela psiquiatria, depois pela justiça. Sempre sem direito a defesa e com o risco de ser violentado sempre pela ciência, pela família e pelo estado (representado pela polícia).

Quando se sofre uma interdição, um psiquiatra que conversa comigo cinco minutos, usa o direito penal para me penalizar por um crime que não cometi e o juiz dá a sentença cassando todos os meus direitos civis. Recebi uma punição preventiva para acabar com a minha voz, meu auto respeito e me desmoralizar perante o mundo profissional.

Para que reclamar o mundo sempre foi assim, os juízes e a polícia são profissionais do estado pagos não para pensar mas para fazer cumprir alei, independente se ela é injusta ou não.

Quando o Brasil era colônia, era o direito penal que condenava os seres humanos que nasciam negras a serem escravos e também que dava o direito aos senhores de escravos a castigar cruelmente e inclusive a matar em caso de rebeldia. Hoje é o direito penal que dá direito à polícia de matar professores que vão à rua manifestar contra o descaso do governo estadual.

O direito penal é o direito dos pobres, é o direito dos excluídos é o direito preventivo que protege com armas de fogo da polícia os ricos que querem ficar com todas as terras para explorá-las ao máximo. O direito penal é que faz os ricos se sentirem superiores e serem protegidos contra as reivindicações dos direitos dos pobres e excluídos.

Eu estou falando de injustiça em um universo macro, para dizer que na célula da família existe um universo micro onde existem relações cruéis, nefastas, destruidoras e perversas, onde a mulher pode destruir o marido em nome do ego e irmãos podem se destruir por dinheiro ou para não dividir o amor dos pais. É assim desde adão e Eva. Caim matou Abel por nada. Se fosse hoje Caim anularia Abel com internações psiquiátricas, eletrochoques, psicocirurgia, medicações psiquiátricas. Também poderia usar ajustiça para desqualificar a voz de Abel com uma interdição judicial. Um ato de violência mascarado de dum discurso de amor.

A dona Enedina diz que é amor, mas haviam outras saídas. Primeiro aprender a ser mãe, poderia promover a solidariedade no lar, poderia fazer uma previdência privada, poderia com a minha mesada, ajudar a fazer uma poupança. Mas não tem que mandar. Ela é a culpada do meu estigma de doente que eu nunca consegui lutar contra, foi ela que fez da minha doença motivo da sua vida e me fez um imbecil, medroso e covarde que nunca aprendeu e conseguiu fazer nada e lutar pela sobrevivência, foi ela que sempre me fragilizou e me tornou inseguro. Ao invés de me fuder mais deveria ter pensado em algo mais positivo, mais feliz. Até o momento não foi possível pois o seu espírito nazista fala sempre mais alto.

Nada contra, mas hoje em dia a sociedade é capitalista e consumista e tudo que existe no mundo é organizado para alguém lucrar. Thomas Hobbes dizia que o Homem é o Lobo do Homem, eu digo que o home é o urubu do homem. A dona Enedina é tão burra que sempre gostou bancar de sabidona, repetindo igual a um papagaio, tudo que o médico fala. Nuca enxergou que ela, na sua ignorância foi sempre uma marionete histérica da medicina e da indústria farmacêutica, mesmo fazendo mal ao seu filho, mesmo machucando, destruindo e anulando o que importava era ela aparecer para os outros com gostosona, pois ela nunca consegui se realiza de nenhum jeito, nunca conseguiu formar o segundo grau.

Quanto à minha felicidade eu estou cuidando, quanto à felicidade da Dona Enedina ela que cuide, mas não me inclua nela, pois eu não passo de um retardado tratado com um carinho imbecil e que só recebe as migalhas que os meus irmãos permitem me dar. Nada do que eu faço será reconhecido por ela e por minha família. Será porque que eu sempre to escolhendo morrer. A dona Enedina, nem estes médicos filho da Puta, além de não ter compaixão não sabem se colocar no lugar dos outros e tentar imaginar o que a pessoa está sentindo. Pessoas como a dona Enedina só querem fazer valer a sua vontade a qualquer custo, com o amparo da lei e da ciência. Esta mulher nem sabe como surgiu a ciência e o direito, não sabe que estas ciências surgiram na academia, afastada do povo e da realidade, de uma forma imaginativa só para oprimir e explorar. Ela não entende nada, mas quer ser alguém as custas do sofrimento do outro. A partir de agora ela não tem mais o meu amor de filho ela morreu dentro de mim.

QUEM É O RENATO VELOSO:

Este advogado que preparou os documentos para solicitar a minha interdição judicial é um filho da puta, um psicólogo frustrado que nunca conseguiu clinicar e nunca consegui ser mais que um chefe de recursos humanos. Como funcionário público federal da CNEN, Comissão Nacional de Energia Nuclear, chefe do departamento de recursos humanos, resolveu, segundo as palavras dele estudar direito para ficar rico. Estudou direito e virou advogado. Como advogado é um criminoso, pois comete sempre um crime contra o governo e contra o patrimônio Público (Peculato e improbidade Administrativa). Como advogado, imprime, trabalhos relativos ao seu escritório de advocacia no serviço público onde trabalha e usa o computador, na hora que está trabalhando, para ver os andamentos dos processos dos quais atua como advogado.

Como pessoa é um pedófilo, se ele foi um instrumento que elaborou a minha interdição para que Estado me considerasse uma criança ou um animal ou um incapaz, ele abusa sexualmente de pessoas indefesas. Quando encontrei com ele primeira vez depois que me interditou, a primeira coisa que me disse é que agora eu poderia dar o cú à vontade, desrespeitou uma pessoa indefesa, que além de interditado, não tem dinheiro para pagar um advogado, ofendeu minha honra. Depois me enviou por email três vezes, que ia me fuder e que se eu falasse para minha mãe ele negaria até a morte. Talvez as provas do email enviado e recebido por minha caixa de entrada e que passou por um servidor que deve ter também o registro, sirva em um processo. Como eu sou considerado um incapaz perante a justiça, se ele não for pedófilo, ele deve ser um pederasta ou um maníaco sexual que abusa de pessoas menos favorecidas de proteção, pessoas que ninguém vai acreditar na palavra.

Como psicólogo pratica tráfico de influência, pois usa o título de psicólogo para seduzir as pessoas se tornarem clientes de seu escritório de advocacia. Contraria o Conselho Federal de Psicologia e a Ordem dos Advogados do Brasil que lutam pela inclusão social e cidadania dos loucos, apoiando o Movimento Nacional da Reforma Psiquiátrica Antimanicomial.

FAZENDO UM EXERCÍO DE IMAGINAÇÃO

Ante de iniciar este exercício, queria dizer que mesmo sendo considerado incapaz, sou mais capaz que meu irmão Marcus Flávio. Eu vivo com uma mesada de R$ 100, 00 e tenho poupança, portanto não sou pródigo, tenho capacidade de administrar dinheiro e guardar. Quem deveria ser interditado era o Fafá, ele gasta mais do que tem. Jesus Cristo disse muitas coisas sobre o amor e o perdão. Cristo falou que quando te baterem numa face, ofereça a outra. Eu durante muito tempo, venho sempre acreditando no amor, mas não venho recebendo o que planto. A nação mais evangélica do mundo, os Estados Unidos prega uma coisa, mas na prática querem ser o Juiz do mundo fazendo guerra e oprimindo. O Papa, que deveria dar o exemplo de amor, protege bispos nazistas, padres pedófilos. No Brasil existe o artigo quinto das liberdades individuais, eu posso escolher e desescolher a religião que eu quiser. O Brasil é maioria Cristã que é uma religião baseada na Bíbila que tem dois testamentos, o antigo e o novo. No novo que é depois de Cristo, do qual eu acredito que seja um exemplo e tento imitá-lo. Acho que sou muito humano. Para ser igual a Cristo. Tem também no antigo testamento a lei de Moisés, a lei de talião (olho por olho, dente por dente). Se eu escolher seguir a Moisés ao invés de Cristo eu tenho o direito de devolver na mesma moeda o que fazem comigo. Sou uma pessoa de 37 anos, que me sinto um adolescente e que luta para manter a criança interna, como uma forma de manter a pureza e ser feliz. Se crescer é só pensar em dinheiro, dinheiro, dinheiro, dinheiro, quem sabe não vale à pena se manter num mundo de ilusão. Talvez me rotularam de esquizofrênico, por viver num mundo de ilusão, mas minha vida foi sempre solitária e triste, mesmo acompanhado. Eu tinha que continuar vivendo, estava condenado a não fazer nada pela medicina, julgado e não aceito por meus irmãos, excluído social, tinha que ter uma ilusão. Até os dezessete anos não estava muito capaz de construir laços afetivos. A identidade que tenho hoje, que a única memória de felicidade e plenitude da minha vida é quando vivia em Santa Rita do Sapucaí, quando comecei a ter amor pelos estudos e a sonhar o que queria ser, lá eu me sentia capaz. Se eu tiver pisado na bola eu aceito, mas foi lá que me senti socialmente aceito pela primeira vez. Isto ficou marcado na minha memória para o resto da minha vida, até hoje sonho em fazer aquela escola técnica de eletrônica. A outra parte da minha identidade foi construída no CERSAM Noroeste e no centro de Convivência Carlos Prates. Foi lá que descobri e aprendi muitas coisas e pude sonhar a um dia voltar para Santa Rita do Sapucaí. Acho que um dia vou voltar, lá é que vou reviver momentos felizes e sentir a realização do sonho de formar lá. Traduzindo a minha identidade, é a identidade daquele estudante que estudou fora, longe da casa dos pais, esta é a minha lenda pessoal. A outra parte da minha identidade é a construída na Luta Antimanicomial, movimentos sociais e espiritismo cristão. Meu sonho sempre foi sair de casa.

Mas como quem recebe violência, só recebe violência, para onde vai esta energia? Será que vou ter que suicidar, voltar esta violência contra alguém ou perdoar sempre pelas pessoas cassarem meus direitos, porque um advogado quer arrumar para minha mãe uma internação permanente ou fazer uma vasectomia só para dar uma de gostosão?

Perdoar temos que perdoar, mas não posso continuar eternamente deixando estas pessoas me humilhar e deixar julgar o meu destino, o que mereço. Como se fala muito em amor no discurso e a prática é outra, quem sabe eu não me torne uma pessoa violenta de tanta violência que fazem comigo. Violência física já fizeram muito, agora eu só estou sofrendo de uma violência moral. Aqui em casa eu não tenho os mesmo direitos que meus irmãos, sou considerado um retardado gente boa. Não posso dirigir, não posso estudar fora e realizar meu sonho (ou fazer medicina fora, ou reviver as alegrias de santa Rita do Sapucaí), resgatar minha identidade. Como o amor está faltando para mim, vou começar a crer na filosofia norte-americana da cultura da guerra, vou começar a achar que a realidade do mercado animal e sem regras e sem caráter é realidade. O que a Luta Antimanicomial prega é uma sociedade sem manicômios, não por ideologia, mas por inteligência. Se só existir ideologias de mercado ou de estado nunca vai existir PAZ e possibilidade de manifestações psicológicas diferentes. A psiquiatria quer nos transformar em animais dóceis, para não contestar, não pensar e não manifestar nossos pensamentos e sentimentos.

MEUS SONHOS:

Como já falei sou um ser humano que tem sentimentos e desejos e que percebeu que sendo bonzinho a mamãe não ajuda em nada, só engana e fala mentira para não sobrar para mim nada. Tínhamos combinado que a Faculdade era um treino. Se eu fizer Jornalismo, quando formar, ou quero ir para Santa Rita do Sapucaí estudar técnico em telecomunicação, não pelo curso, mas pelo resgate da identidade ou da realização dos sonhos; ou quero fazer cursinho para fazer vestibular em medicina, fora de Belo Horizonte. Hoje em dia tem CAPs em todo o Brasil e eu já aprendi a me assumir, a pedir ajuda e me virar. Tá certo que não trabalho, pois estava resgatando os relacionamentos afetivos, no momento não quero fazer concurso e nem ficar preso a uma carteira assinada. Trabalhar eu trabalho aqui em casa, anotando recados, abrindo porta, recebendo o Gás, etc. e também trabalho no sentido de Allan Kardec (trabalho é qualquer ocupação útil). Acredito que com minhas leituras ajudo o movimentos social a pensar melhor, ajudo as pessoas a buscarem seus direitos, faço as pessoas rirem e ficarem alegres, compartilho meus conhecimentos com meus amigos de faculdade. Acho que quando estiver fazendo jornalismo, no meio do curso posso estar com mais clientes de forma autônoma, é o que pretendo construir. Se eu sair de casa, também poderei ter uma renda para estudar fora assim. Acho que tenho vocação para político mesmo, mas por enquanto o meu sonho é realizar um estudo fora, uma faculdade pública, ou terminar o técnico de dois anos em Santa Rita do Sapucaí.

Eu não sou, nem nunca fui louco, eu só queria morrer, por ter sido muito triste e por me sentir excluído e culpado e julgado pela minha família.

O FUTURO QUE MINHA MÃE ME DESEJA:

Caso eu viva muito e não tenha mais pai e nem mãe e for um doido interditado cheio da grana, vou ser alvo fácil de urubus. Aí minha vida vai ser igual a da Marta. Paulo Emílio inventa um tanto de mentira para o Psiquiatra, para a família, a Marta fica super dopada, sem capacidade de reagir e Paulo Emílio, tira o dinheiro da Marta para comprar cigarro (o mais caro, Carlton). A Marta dopada fica sem reação e enquanto ela viver, Paulo Emílio explora ela. Aí, eu cheio da grana vou ser vítima o do Fafá com Natália, ou da Adriana, ou da Alexandra. É melhor ser pobre com dignidade.

Mal caráter e filho da puta tem mais direito do que doido. Ou melhor, doido não tem nenhum direito.

FIM

POR FAVOR, NÃO ME RESPONDAM ESTA CARTA COM OUTRA CARTA. JÁ FALEI O QUE QUERIA E É MUITO TRISTE TER QUE TER UMA COMUNICAÇÃO FAMILIAR DESTA MANEIRA.

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