PICICA: "As tragédias causadas pelas chuvas que atingem o Brasil podem aumentar se forem aprovadas as propostas de mudanças no Código Florestal. A afirmação é do engenheiro florestal e integrante da Via Campesina, Luiz Zarref. Entre os pontos polêmicos, o texto que propõe mudanças no atual Código, de autoria do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), deixa de considerar topos de morros como áreas de preservação permanente. Esses locais foram os mais afetados por deslizamentos de terra no Rio de Janeiro." Aldo Rebelo, num artigo postado no Portal Vermelho, atribui, pateticamente, a um certo "macarthismo ambiental" as críticas que vem sofrendo. Cá pra nós, o PC do B nunca foi chegado às questões ambientais. O exemplo do Amazonas é emblemático. Omitiram-se na defesa do tombamento do Encontro das Águas e na luta contra a construção de um terminal portuário nas imediações daquele patrimônio ambiental dos amazonenses. E, no apagar das luzes legislativas de 2010, o líder do partido teve o atrevimento de propor a criação de mais 34 municípios no estado do Amazonas. Qualquer estudante de ginásio sabe reconhecer as ameaças que pairam no horizonte para o futuro da região, tanto do ponto de vista socioambiental quanto econômico, menos o PC do B. Armado o circo, o nobre parlamentar, que chama seus opositores de "antas", sugeriu uma falsa solução: realizar um plebiscito. Ora, chamar de debate o que rolou nas "audiências públicas", além de ser um eufemismo esconde a vexatória e escandalosa ausência de discussão com a sociedade civil e científica sobre o futuro da economia amazonense, até hoje inteiramente dependente da Zona Franca de Manaus, fato que estagnou a economia dos municípios amazonenses, levando alguns a um miserê de dar dó. Nem que a vaca tussa, jamais haverá qualquer alteração legislativa para reverter o quadro de investimentos em favor da hinterlandia. Pode tirar o cavalinho da chuva os parlamentares que fazem da defesa da Zona Franca o leitmotiv de seus mandatos, pois que a maior parte dos recursos financeiros continuará sendo investido na capital do estado. Não é um plebiscito fajuto, amparado em material publicitário, que responderá pelo debate necessário sobre o futuro dos munícipes hinterlandinos. Considero a proposta em causa uma ofensa à inteligência do contribuinte, que em última instância é quem vai arcar com o ônus da indigência com que são tratados os impasses da economia do estado. Induzir nossos conterrâneos a falsas expectativas, sem a criação de uma comissão para estudos de soluções inteligentes, é um pecado mortal que depõe contra o brilho da atuação do parlamentar em passado recente. Lástima!
"Tragédias causadas pelas chuvas podem aumentar se novo Código Florestal for aprovado"
(2'22'' / 558 Kb) - As tragédias causadas pelas chuvas que atingem o Brasil podem aumentar se forem aprovadas as propostas de mudanças no Código Florestal. A afirmação é do engenheiro florestal e integrante da Via Campesina, Luiz Zarref. Entre os pontos polêmicos, o texto que propõe mudanças no atual Código, de autoria do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), deixa de considerar topos de morros como áreas de preservação permanente. Esses locais foram os mais afetados por deslizamentos de terra no Rio de Janeiro.
O Projeto já foi aprovado em uma Comissão Especial e está pronto para ser votado pelo Plenário. Para Zarref, a proposta de redução de 30 para 15 metros das áreas de preservação nas margens de rios provocará erosão, ampliando os alagamentos.
“Sem essa área, rapidamente uma trompa d”água se forma. Isso porque a chuva cai em uma área que está desprotegida, fato que aumenta rapidamente o nível do rio. Essas quantidades anormais de água crescem muito mais rapidamente, de que quanto se tem uma área protegida, como está no Código atual.
Ainda segundo Zarref, a tragédia que até o momento já vitimou quase 700 pessoas no Rio é um reflexo da não preservação das áreas com vegetação.
“O que aconteceu no Rio de Janeiro não é só por causa da degradação do topo do morro, de fato foi um nível de chuva muito alto. Porém, com certeza, foi agravado pela devastação, principalmente nas áreas de preservação permanente. A natureza que antes comportava até mesmo uma tempestade, hoje não comporta mais.
Zarref também enfatiza que mesmo com as áreas ocupadas irregularmente, há estudos que mostram que ainda existem soluções para o problema, sem a necessidade de remoção das famílias.
“Em algumas áreas você pode fazer trabalhos de drenagem, galerias pluviais ou até mesmo recuperação florestal. Agora existem áreas de instabilidade geológicas que de fato vai ter que ser construído juntamente com a comunidade um reassentamento das famílias. Essas famílias foram empurradas historicamente para essas regiões. A maioria dessas pessoas são pobres. Então tem que haver uma solução que respeite esse processo histórico.
De São Paulo, da Radioagência NP, Danilo Augusto.
18/11/01
O Projeto já foi aprovado em uma Comissão Especial e está pronto para ser votado pelo Plenário. Para Zarref, a proposta de redução de 30 para 15 metros das áreas de preservação nas margens de rios provocará erosão, ampliando os alagamentos.
“Sem essa área, rapidamente uma trompa d”água se forma. Isso porque a chuva cai em uma área que está desprotegida, fato que aumenta rapidamente o nível do rio. Essas quantidades anormais de água crescem muito mais rapidamente, de que quanto se tem uma área protegida, como está no Código atual.
Ainda segundo Zarref, a tragédia que até o momento já vitimou quase 700 pessoas no Rio é um reflexo da não preservação das áreas com vegetação.
“O que aconteceu no Rio de Janeiro não é só por causa da degradação do topo do morro, de fato foi um nível de chuva muito alto. Porém, com certeza, foi agravado pela devastação, principalmente nas áreas de preservação permanente. A natureza que antes comportava até mesmo uma tempestade, hoje não comporta mais.
Zarref também enfatiza que mesmo com as áreas ocupadas irregularmente, há estudos que mostram que ainda existem soluções para o problema, sem a necessidade de remoção das famílias.
“Em algumas áreas você pode fazer trabalhos de drenagem, galerias pluviais ou até mesmo recuperação florestal. Agora existem áreas de instabilidade geológicas que de fato vai ter que ser construído juntamente com a comunidade um reassentamento das famílias. Essas famílias foram empurradas historicamente para essas regiões. A maioria dessas pessoas são pobres. Então tem que haver uma solução que respeite esse processo histórico.
De São Paulo, da Radioagência NP, Danilo Augusto.
18/11/01
Fonte: Radioagência NP
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