janeiro 29, 2013

No lago do Aleixo, em Manaus, um conjunto habitacional ameaçado por erosão e uma fábrica poluidora desafiam o 'bom-senso' e revelam a insensatez do poder público

PICICA: Tamanha é a dor de todo o país pela morte de mais de 230 jovens numa casa noturna de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, que muitos pedem silêncio para prantear os que perderam a vida precocemente. Respeito os quem assim procedem. É uma forma de acolher o sofrimento dos familiares enlutados. Mas é compreensível a indignação que toma conta dos que apontam responsabilidades em acidentes que poderiam ser evitados não fosse a óbvia omissão das autoridades, que oscilam entre uma vasta gama de permissividade e práticas escusas, sem mencionar a corrupção endêmica vigente no país. Que município brasileiro está fora do risco oferecido por obras que põem em risco a vida do cidadão? Que cidade pode dormir sossegada sem temer pela vida dos seus com tantas irregularidades em obras públicas e privadas? Em Manaus, um shopping foi autorizado a funcionar com a quase totalidade dos banheiros sem condições de uso, e ainda por cima o público consumidor viu-se obrigado a conviver com a poeira deixada pela obra inconclusa. Duas das nossas administrações municipais passaram seus mandatos sem retirar da via pública os cacarecos que sobraram do falido projeto conhecido como Expresso, concebida em outra administração. E lá se vão mais de oitos anos. Até hoje os usuários de transporte público 'abrigam-se' temerariamente nesses terminais, que caem aos pedaços em toda a extensão da av. Constantino Nery. Tudo isso sem mencionar a vergonhosa ausência de sinalização da maioria das artérias da cidade, o que faz do trânsito da Manaus um dos mais perigosos do país. Entre outras irregularidades, o fotógrafo Valter Calheiros, militante do movimento SOS Encontro das Águas (movimento socioambiental contrário à criação de um terminal portuário próximo ao início do encontro das águas, na região que separa o perímetro urbano da área rural do município de Manaus), vem registrando duas flagrantes ameaças à vida e à saúde pública. A primeira trata-se de uma imensa cratera que vem se abrindo diante do conjunto habitacional Amine Lindoso, às margens do lago do Aleixo, construido para habitação dos antigos hóspedes da Colônia Antonio Aleixo, conhecido no passado como Leprosário. Lula veio para a inauguração. O que se deixou de informar ao presidente da república, é que parte do aterro que serviu como base para a obra é composta por serragem de uma serraria desativada na região. Resumo da ópera: a cratera aberta por força de incontrolável erosão já pôs abaixo parte da praça e ruma em direção às residências. A segunda envolve a Fábrica Sovel, que continua despejando afluentes químicos, resultante do trato com a celulose, nas águas do lago do Aleixo, sem que as autoridades ambientais ponham fim ao descalabro tantas vezes denunciado pela Associação dos Moradores do Bairro. As fotografias são do querido companheiro Valter Calheiros, acompanhadas por um ofício endereçado ao MPF - Procuradoria da República do Amazonas.     

Aos Excelentíssimos Procuradores
Dr. Leonardo Andrade Macedo
Dr. Julio José Araujo Junior
MPF - Procuradoria da Republica no Amazonas

(com cópia para Sra. Marisa Lima, Lucilene Silva, Delvanir Serrão, Elisa Wandelli,  Neuzarina França, Valdenora, Elza Souza, Hamilton Leão, Adenaldo de Oliveira, Elton de Jesus Corrêa, Ademir Ramos, Padre Cardona, Padre Geraldo, Rogelio Casado, Francisco Menezes, deputado Luiz Castro e demais membros da Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa Am.)

Assunto: Registro Fotográfico
1- Lago do Aleixo – Área da SOVEL
2- Conjunto Habitacional Cidadão II – Amine Lindoso

Prezados Senhores

Na manhã deste domingo (27/01/2013) acompanhado dos senhores Rogelio Casado e Francisco Menezes, fotografamos no Lago do Aleixo as áreas da SOVEL e do Conjunto Amine Lindoso.

ÁREA DA SOVEL:
As imagens revelam que a referida empresa continua despejando matérias poluentes na águas do lago, demonstrando assim a necessidade de uma análise da água, mas de forma independente, para que seja comparada com as análises que estão sendo apresentadas pela Empresa Sovel.

CONJUNTO CIDADÃO II – AMINE LINDOSO:
As imagens alertam para que providencias sejam tomadas em relação as residências localizadas próximas a praça. Acreditamos ser necessária uma vistoria nas referidas casas, alertando aos moradores quanto ao surgimento de rachaduras ou outros indícios de perigo.

Esperamos que as imagens possam colaborar na Ação Civil Publica do MPF AM.

Cordialmente.

Valter Calheiros
Movimento SOS Encontro das Águas.




























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