PICICA: "Pela terceira vez consecutiva, sempre no dia 18, trabalhadores,
estudantes e usuários do SUS estão tomando as ruas pela saída do
coordenador nacional de saúde mental Valencius. A trajetória de
Valencius na saúde mental é marcada pela defesa do manicômio, pois ele
foi diretor do maior manicômio da América Latina e os ativistas da luta
antimanicomial argumentam que ele, na coordenação NACIONAL de saúde
mental, estaria no lugar errado."
Escrito por Paulo Spina |
Sexta, 19 de Fevereiro de 2016 |
Pela terceira vez consecutiva, sempre no dia 18, trabalhadores, estudantes e usuários do SUS estão tomando as ruas pela saída do coordenador nacional de saúde mental Valencius. A trajetória de Valencius na saúde mental é marcada pela defesa do manicômio, pois ele foi diretor do maior manicômio da América Latina e os ativistas da luta antimanicomial argumentam que ele, na coordenação NACIONAL de saúde mental, estaria no lugar errado. Este texto é totalmente parcial em defesa do #FORAVALENCIUS. Entretanto, com tanta coisa errada e absurda, alguns podem argumentar que Valencius está no lugar certo. Explico melhor: o médico do livro de Machado de Assis, “O Alienista”, diante de suas teorias em relação à normalidade e à loucura, prende diferentes pessoas em seu manicômio. Ora, e se este personagem saísse do livro direto para as ruas do Brasil em 2016? Com certeza teria muita dificuldade em dizer onde está a loucura. Talvez dissesse que loucos são aqueles que vão para as ruas, com seus cartazes multicoloridos e com centenas de frases, que falam do ZIKA, do ministro, deste tal de Valencius e fazem uma batucada agitada em plena Avenida Paulista às três da tarde. Mas assim que este personagem soubesse dos absurdos dos governos DILMA e também do governo ALCKMIN, e logo que ele desse uma olhada no coordenador de saúde mental VALENCIUS ou lesse que o ministro da saúde abandonou o cargo por um dia em plena epidemia do vírus ZIKA para salvar uma votação em favor do governo DILMA, ele, com certeza, mudaria sua teoria. Quem iria direto para o manicômio seriam os governantes. Nesta possível teoria do nosso médico saído das páginas de Machado de Assis, os gabinetes dos políticos em Brasília e em São Paulo seriam o próprio manicômio. Neste caso, Valencius, com sua experiência de dono de manicômio, estaria então no lugar certo. Mas o nosso médico ficcional não parou por aí. Descobriu o peso de algumas siglas: PMDB, PSDB, PT e depois se perguntou: “ora, mas como estes aí viraram governantes?”. Ah! Tome cuidado, leitor, pois agora – para nosso personagem médico – os maluquinhos podem ser vocês! Sim, os eleitores do PT, PMDB, PSDB e tantos outros partidos que só defendem os próprios interesses e os interesses das – neste momento, o médico faz a mesma expressão quando um matemático resolve um problema dificílimo – empreiteiras, dos convênios e conglomerados da saúde, dos bancos, das grandes redes de TV... Enfim, de todos aqueles que financiam ou influenciam campanhas com muito dinheiro e se beneficiam com mamatas. Chegaria, quem sabe, a simples conclusão de que só faria sentido existir manicômios se fosse para colocar os políticos manicomiais e suas relações capitalistas dentro. Mas pensou ele que as forças policiais de Dilma e Alckmin acabariam por impedi-lo na porrada. Como ele queria um fim diferente do que acabar ele mesmo preso, achou que o melhor mesmo seria destruir o manicômio. Lembraria então dos manifestantes às três da tarde na Avenida Paulista - no protesto #FORAVALENCIUS. Compreenderia – com a lembrança do protesto colorido – algo importante: desistiria de identificar a loucura e se concentraria na liberdade. Então, terminaria sua passagem no Brasil de 2016 lá, com um cartaz escrito: “A rua é mais que o asfalto onde se pisa, é o caminho que nos leva à liberdade”. PS: A próxima reunião será dia 3 de março, no MASP às 18h. Todos que querem lutar por liberdade estão convidados Paulo Spina é ativista do núcleo de saúde mental do Fórum Popular de Saúde. |
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