PICICA: "Eu certamente não procuro o escândalo. Deus é escândalo neste mundo.
O Cristo, se voltasse, seria novamente o escândalo.
Ele já o foi no seu tempo e voltaria a sê-lo hoje.
É um Deus que destrói a boa consciência conquistada a bom preço,
no abrigo da qual vivem ou vegetam os bem-pensantes,
os burgueses, encerrados em uma falsa ideia de si mesmos."
O Cristo, se voltasse, seria novamente o escândalo.
Ele já o foi no seu tempo e voltaria a sê-lo hoje.
É um Deus que destrói a boa consciência conquistada a bom preço,
no abrigo da qual vivem ou vegetam os bem-pensantes,
os burgueses, encerrados em uma falsa ideia de si mesmos."
O Jesus de Pasolini em debate no IHU
Fonte: www.esquerda.net |
O Instituto Humanitas Unisinos - IHU promove um Ciclo de Atividades “O Cuidado de nossa Casa Comum” (10 de março a 03 de maio), numa perspectiva transdisciplinar, considerando as diversas implicações que da temática emergem: crise ambiental, ecologia integral, gestão ambiental, mudanças climáticas, teologia da criação e diferentes iniciativas voltadas para o cuidado do meio ambiente e sustentabilidade. As atividades pretendem ser reflexivas e relacionais buscando interagir os diversos saberes, numa autêntica fusão de horizontes, respeitando suas fronteiras e dispondo-se numa postura dialogal na mútua colaboração do pensar público e relevante ao ser humano desses tempos.
Baixe o folder do evento em PDF.
Na programação, dia 23 de março (quarta-feira), das 14h30min às 16h, contempla-se um espaço de debate a partir da exibição do filme “O Evangelho segundo são Mateus” de Pier Paolo Pasolini (França, Itália, 1964, Drama, 133min), com a mediação do conferencista MS Marcus Mello (Sala PF Gastal, Usina do Gasômetro – Porto Alegre/RS). O filme foi indicado para o Prêmio Oscar e recebeu o Grande Prêmio da Oficina Católica do Cinema. Depois de 50 anos, o filme é reabilitado e reconhecido pelo Vaticano como a “melhor obra cinematográfica sobre Jesus”. Inaugurando um tempo de perdão e misericórdia ao invés de descaso e "condenação do limbo".
“Embora Pasolini tenha feito uma releitura do livro de Mateus,
ele contribui para a sociedade moderna
‘resgatando a humanidade de Cristo,
pois até 1964 as pessoas conheciam
um Cristo loiro, alto e de olhos claros’”.
Vanildo Luiz Zugno
ele contribui para a sociedade moderna
‘resgatando a humanidade de Cristo,
pois até 1964 as pessoas conheciam
um Cristo loiro, alto e de olhos claros’”.
Vanildo Luiz Zugno
Fonte: lidianacinema.blogspot.com |
“O fato de ser um ateu não retira de Pasolinio dom e a capacidade de retratar Jesus com profundidade e beleza”.
Faustino Teixeira
Faustino Teixeira
É a poesia do absurdo e do escândalo. Nela o poético torna-se drama. Porque assume a prosa da existência. Em Jesus, especialmente no evento da encarnação, ocorre aquilo que permite uma tônica teológica singular e fundamental para entender seja o Jesus de Pasolini seja o Jesus dos Evangelhos – afinal de contas são os mesmos: a kénosis. O rebaixamento de um Deus que se faz gente, ou ainda, um galileu, um nazareno. Ser de Nazaré equivale ser “alguém que nada valia” para o sistema politico, social e religioso de seu tempo.
"Eu certamente não procuro o escândalo. Deus é escândalo neste mundo.
O Cristo, se voltasse, seria novamente o escândalo.
Ele já o foi no seu tempo e voltaria a sê-lo hoje.
É um Deus que destrói a boa consciência conquistada a bom preço,
no abrigo da qual vivem ou vegetam os bem-pensantes,
os burgueses, encerrados em uma falsa ideia de si mesmos."
O Cristo, se voltasse, seria novamente o escândalo.
Ele já o foi no seu tempo e voltaria a sê-lo hoje.
É um Deus que destrói a boa consciência conquistada a bom preço,
no abrigo da qual vivem ou vegetam os bem-pensantes,
os burgueses, encerrados em uma falsa ideia de si mesmos."
Silvia D'Onghia
O Jesus de Pasolini perpassa
esse transfundo de proximidade daqueles que “não são nada” -
simbolizado nos personagens comuns do filme –, através de uma ação
transformadora, mas, sobretudo de uma palavra e um discurso que faz bem
como possibilidade ética do agir transformador. Aqui encontramos os dois
elementos centrais do filme: “Não vim trazer paz, mas espada” e o “Sermão da montanha” (ou ainda, os discursos de Jesus). É o rompimento kenótico com um Jesus açucarado ou superstar, sem carne e sem proposição concreta na vida das pessoas. Ao ser “descontruído” por Pasolini revela-se na genuinidade e na experiência real de Jesus de Nazaré, como é narrado nas Escrituras. Nesse sentido, chegamos à própria experiência de Pasolini, que não quer simplesmente a dessacralização, mas desmantelar os ídolos para que ressurja aquilo que é essencial.
O grito profético-poético de Pasolini, encontra uma Igreja dogmática e política, que não se afastou do ensinamento do Evangelho.
É uma Igreja distante dos fiéis. As leis/normas são mais importantes
que o amor e a caridade. Não é capaz de falar ao ser humano do seu tempo
dos riscos e perigos que uma sociedade do consumo
poderia implicar. Não é uma critica rançosa (tipicamente de
anticlericais, ateus e marxistas), mas contundente e permanece relevante
na atualidade, sobretudo encontrada na atração pelo Cristo que propriamente concebia. Em meio a duras críticas, uma admiração por João XXIII que nasce de sua abertura as questões importantes de seu tempo.
"Instintivamente, estendi a mão ao criado mudo,
peguei o livro dos Evangelhos que estava no quarto
e comecei a ler desde o início,
isto é, a partir do primeiro dos quatro Evangelhos,
aquele segundo Mateus.
A ideia de um filme sobre os Evangelhos
também tinha me vindo outras vezes,
mas aquele filme nasceu ali, naquele dia, naquelas horas.
O único, portanto, ao qual eu podia dedicar aquele filme
não podia ser senão ele, o Papa João XXIII".
Pasolini
peguei o livro dos Evangelhos que estava no quarto
e comecei a ler desde o início,
isto é, a partir do primeiro dos quatro Evangelhos,
aquele segundo Mateus.
A ideia de um filme sobre os Evangelhos
também tinha me vindo outras vezes,
mas aquele filme nasceu ali, naquele dia, naquelas horas.
O único, portanto, ao qual eu podia dedicar aquele filme
não podia ser senão ele, o Papa João XXIII".
Pasolini
Para acessar o filme "O Evangelho segundo são Mateus"
Versão em espanhol clique aqui
Versão em italiano clique aqui
Fonte: sensesofcinema.com |
Filmes para conhecer Pasolini
- Teorema (1968) Chegada de um estranho convulsiona e transforma família burguesa.
- O Evangelho Segundo São Mateus (1964) Do nascimento à ressurreição, Jesus Cristo é representado como um líder revolucionário.
- Decameron (1971) Primeiro filme da Trilogia da Vida, com episódios satíricos extraídos da obra de Boccaccio.
- Pocilga (1969) Com histórias em tempos diferentes, aborda a degradação moral provocada pela sociedade de consumo.
- Desajuste Social (1961) Conhecido por seu título original, Accattone, nome do cafetão que explora prostitutas em Roma.
Em 2015, Abel Ferrara reconstitui as horas finais do polêmico diretor italiano Pasolini.
O filme acompanha as suas ideiais para um filme não realizado, sua
última entrevista polêmica, os textos provocadores contra a ordem
estabelecida e a relação com os desejos homosexuais.
Por Jeferson Ferreira Rodrigues
Fonte: IHU
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