abril 13, 2006

A Reforma Psiquiátrica que buscamos: por uma clínica antimanicomial


Quase 20 anos depois de uma greve de fome em defesa da Reforma Psiquiátrica no Amazonas, quando anunciei os riscos que corríamos de perdermos o rumo da nossa história, estarei numa mesa de debates representando o estado no Encontro Nacional de Saúde Mental, na bela Belo Horizonte. Tema: A Reforma Psiquiátrica que buscamos: por uma clínica antimanicomial.

Os riscos agora são outros. Já não é possível separar os que são contrários e os que são favoráveis às mudanças
no sistema de cuidados aos portadores de sofrimento mental na cidade de Manaus, onde os cuidados em saúde mental se concentraram em apenas dois serviços públicos nos últimos 20 anos. Entretanto, sirvo-me da advertência do psicanalista Benilton Bezerra para alertar: "embora muita gente pareça estar no mesmo barco, nem todos estão fazendo a mesma viagem".

Apoiado na advertência do professor Benilton Bezera, digo mais: cuidado com os reformistas de araque que se apropriaram do vocabulário progressista e reformador. Eles sabem o que fazem: ontem, usavam 'o veneno burocrático para transformar o humano em instrumento, o agente em máquina'; hoje, usam 'sujeitos como objeto nas suas mãos'. Incapazes de quebrar o paradigma manicomial, costumam dar sobrevida a práticas manicomais, prestando um desserviço às novas gerações em processo de formação. Conseqüência das sua ações: diante da dificuldade de participar da construção de um terreno de práticas compartilhadas e da criação de um horizonte de ação comuns, costumam usar de todos os instrumentos para provocar um mal-estar na opinião pública. Digo isso porque toda fala tem efeitos éticos e políticos, sempre incidirá sobre um sujeito. Parodiando o poeta gaúcho Mário Quintana: eles passarão, eu passarinho.


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