Foto: Rogelio Casado - Encontro Nacional de Saúde Mental, Belô, julho/2006
Ao centro: Geraldo Peixoto. À direita: Dulce Edie Pedro dos Santos. À esquerda: José Gonçalo "Jacaré"
Ao centro: Geraldo Peixoto. À direita: Dulce Edie Pedro dos Santos. À esquerda: José Gonçalo "Jacaré"
Carta Aberta de Geraldo e Dulce
Geraldo Peixoto e Dulce Edie Pedro dos Santos, domiciliados em São Vicente-SP, indignados com o artigo do Dr. Moyses Aron Gotfryd, publicado no jornal "A Tribuna", de Santos, de 30 de maio de 2007 e, na qualidade de familiares/pais de pacientes acometidos de transtornos mentais graves, assim como, antigos militantes do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial, lamentamos, mais uma vez, esse tipo de posicionamento de uma ala da psiquiatria ortodoxa brasileira, que defende, com unhas-e-dentes, a existência do hospital psiquiátrico, como lugar de tratamento. Sentímo-nos no direito de externar nossa opinião, já que, convivemos com nossos dois filhos, desde que adoeceram, há mais de 20 anos: 24 horas por dia, 7 dias por semana, 30 dias por mês e, portanto, não temos dúvida alguma, do que estamos falando. Temos como princípio uma posição desapaixonada, de honestidade e clareza sobre essas questões. O hospital psiquiátrico não trata - o hospital psiquiátrico, apenas, vigia, contém e segrega. Nossos filhos já estiveram, ambos, internados, em melhores e piores hospitais psiquiátricos e, tanto em uns, quanto em outros, o mesmo "tratamento" se repete. Nossa experiência não é uma experiência acadêmica e, não se precisa ser psiquiatra, para se ter uma postura crítica e uma avaliação ao hospital psiquiátrico, pois temos, com quem esteve lá, atrás de seus muros, uma relação visceral e profunda, e não, uma relação acadêmico/técnico/científica. Não nos move nenhuma crítica aos trabalhadores dos hospitais psiquiátricos, mas sim, à instituição, como um todo.
Lamentamos profundamente que, assunto de tal seriedade, seja tratado com tamanha ironia, do tipo: "direitos de cidadania"; "herança maldita"; "Anchieta, como referência Regional"; "psiquiatra denominado Basaglia, que reinventou a roda" (cujo nome real é, exatamente, Franco Basaglia); isto, sem se falar dos chavões, do tipo "os loucos vão ficar abandonados pelas ruas", etc, quando, podemos afirmar que, nossos filhos foram acolhidos e tratados no 1º. CAPS brasileiro, CAPS Dr. Luís da Rocha Cerqueira ou, CAPS Itapeva, como é conhecido, tratamento este, humanizado e feito em espaços abertos para a rua. Queremos dizer, enfim, que, há cerca de cinco anos, nossos filhos estão sendo tratados no CAPS Mater, de São Vicente, cidade onde residimos e, com excelentes resultados.
Portanto, queremos deixar registrado, nosso protesto contra as declarações e insinuações do Dr. Moyses Gotfryd.
Apesar de se poder criticar algumas particularidades da reforma psiquiátrica atual, não podemos deixar de reconhecer o avanço significativo alcançado pela mesma, em tão curto espaço de tempo, em relação às internações psiquiátricas. Sem dúvida alguma, hoje, existe uma política de saúde mental no Brasil, a qual, compreende uma rede de atenção psicossocial, de acordo com o porte do município, bem como, ações de saúde mental na atenção básica. Já foram implantados 1300/1400 CAPS's, ainda insuficientes para a demanda, porém, com a perspectiva de continuidade dessa política da Coordenação de Saúde Mental, do Ministério da Saúde e reafirmada pelo Senhor Ministro da Saúde, Dr. José Gomes Temporão, que a está apoiando, firmemente, além das demais ações, contidas na lei da reforma, como: Serviços Residenciais Terapêuticos; Programa De Volta para Casa; Programa de Atenção a Álcool e outras Drogas; Reestruturação das Diretrizes da Assistência Hospitalar Psiquiátrica; objetivando a redução contínua e programada de leitos e, o mais importante disso tudo, o Programa Permanente de Formação de Recursos Humanos, tornando indispensável a formação de pessoas altamente qualificadas, para exercer atividade, especificamente, na área da saúde mental. A transição do modelo assistencial, com a criação do Sistema Único de Saúde-SUS, do modelo hospitalocêntrico, para outro, baseado na assistência territorial ou comunitária, é o exemplo mais claro desta reestruturação.
Lamentável que, alguns senhores psiquiatras, alguns, não todos, "desanquem a lenha" em quem luta e defende a Reforma Psiquiátrica Brasileira que, apesar dos percalços, vem conquistando espaço, com tão grandes dificuldades.
Lamentável, profundamente lamentável...
- A loucura não autoriza a ninguém, tirar a liberdade de seu semelhante.
Geraldo Peixoto e
Dulce Edie Pedro dos Santos
Geraldo Peixoto e Dulce Edie Pedro dos Santos, domiciliados em São Vicente-SP, indignados com o artigo do Dr. Moyses Aron Gotfryd, publicado no jornal "A Tribuna", de Santos, de 30 de maio de 2007 e, na qualidade de familiares/pais de pacientes acometidos de transtornos mentais graves, assim como, antigos militantes do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial, lamentamos, mais uma vez, esse tipo de posicionamento de uma ala da psiquiatria ortodoxa brasileira, que defende, com unhas-e-dentes, a existência do hospital psiquiátrico, como lugar de tratamento. Sentímo-nos no direito de externar nossa opinião, já que, convivemos com nossos dois filhos, desde que adoeceram, há mais de 20 anos: 24 horas por dia, 7 dias por semana, 30 dias por mês e, portanto, não temos dúvida alguma, do que estamos falando. Temos como princípio uma posição desapaixonada, de honestidade e clareza sobre essas questões. O hospital psiquiátrico não trata - o hospital psiquiátrico, apenas, vigia, contém e segrega. Nossos filhos já estiveram, ambos, internados, em melhores e piores hospitais psiquiátricos e, tanto em uns, quanto em outros, o mesmo "tratamento" se repete. Nossa experiência não é uma experiência acadêmica e, não se precisa ser psiquiatra, para se ter uma postura crítica e uma avaliação ao hospital psiquiátrico, pois temos, com quem esteve lá, atrás de seus muros, uma relação visceral e profunda, e não, uma relação acadêmico/técnico/científica. Não nos move nenhuma crítica aos trabalhadores dos hospitais psiquiátricos, mas sim, à instituição, como um todo.
Lamentamos profundamente que, assunto de tal seriedade, seja tratado com tamanha ironia, do tipo: "direitos de cidadania"; "herança maldita"; "Anchieta, como referência Regional"; "psiquiatra denominado Basaglia, que reinventou a roda" (cujo nome real é, exatamente, Franco Basaglia); isto, sem se falar dos chavões, do tipo "os loucos vão ficar abandonados pelas ruas", etc, quando, podemos afirmar que, nossos filhos foram acolhidos e tratados no 1º. CAPS brasileiro, CAPS Dr. Luís da Rocha Cerqueira ou, CAPS Itapeva, como é conhecido, tratamento este, humanizado e feito em espaços abertos para a rua. Queremos dizer, enfim, que, há cerca de cinco anos, nossos filhos estão sendo tratados no CAPS Mater, de São Vicente, cidade onde residimos e, com excelentes resultados.
Portanto, queremos deixar registrado, nosso protesto contra as declarações e insinuações do Dr. Moyses Gotfryd.
Apesar de se poder criticar algumas particularidades da reforma psiquiátrica atual, não podemos deixar de reconhecer o avanço significativo alcançado pela mesma, em tão curto espaço de tempo, em relação às internações psiquiátricas. Sem dúvida alguma, hoje, existe uma política de saúde mental no Brasil, a qual, compreende uma rede de atenção psicossocial, de acordo com o porte do município, bem como, ações de saúde mental na atenção básica. Já foram implantados 1300/1400 CAPS's, ainda insuficientes para a demanda, porém, com a perspectiva de continuidade dessa política da Coordenação de Saúde Mental, do Ministério da Saúde e reafirmada pelo Senhor Ministro da Saúde, Dr. José Gomes Temporão, que a está apoiando, firmemente, além das demais ações, contidas na lei da reforma, como: Serviços Residenciais Terapêuticos; Programa De Volta para Casa; Programa de Atenção a Álcool e outras Drogas; Reestruturação das Diretrizes da Assistência Hospitalar Psiquiátrica; objetivando a redução contínua e programada de leitos e, o mais importante disso tudo, o Programa Permanente de Formação de Recursos Humanos, tornando indispensável a formação de pessoas altamente qualificadas, para exercer atividade, especificamente, na área da saúde mental. A transição do modelo assistencial, com a criação do Sistema Único de Saúde-SUS, do modelo hospitalocêntrico, para outro, baseado na assistência territorial ou comunitária, é o exemplo mais claro desta reestruturação.
Lamentável que, alguns senhores psiquiatras, alguns, não todos, "desanquem a lenha" em quem luta e defende a Reforma Psiquiátrica Brasileira que, apesar dos percalços, vem conquistando espaço, com tão grandes dificuldades.
Lamentável, profundamente lamentável...
- A loucura não autoriza a ninguém, tirar a liberdade de seu semelhante.
Geraldo Peixoto e
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