Flávio Resmini, Coordenador Municipal de Saúde Mental de São Lourenço do Sul-RS, acaba de lançar a idéia de prestar homenagem ao diretor do documentário de longa metragem "Estamira" Marcos Prado, através do Grupo em Defesa da Reforma Psiquiátrica. Este grupo surgiu como resposta às agressões do presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria à Reforma Psiquiátrica brasileira num artigo publicado no jornal "O Globo". Através de e-mails, o grupo discute o cenário político-social da luta por uma sociedade sem manicômios. A idéia de Flávio Resmini agrada gregos e latinos, em todas as latitudes. Já tem quem proponha data da homenagem: 10 de Outubro - Dia Mundial de Saúde Mental. Como diria Machado de Assis: seria de bom alvitre consultar os campos que giram em torno da Reforma Psiquiátrica brasileira, pois como diz Priscila Beltrame, do blog Estação Libertar: "Estamira está em todos os cantos, em todos nós e todos precisam de Estamira. Não sei de todos, mas eu preciso".
première Brasil
O discurso poético de Estamira
Enquanto fazia um trabalho fotográfico no Aterro Sanitário de Jardim Gramacho, na Baixada Fluminense, o produtor, diretor e fotógrafo carioca Marcos Prado encontrou uma pérola: Estamira, 63 anos de idade. Ela trabalha no lixão há mais de duas décadas e há muitos anos sofre de esquizofrenia, mas nem por isso deixa de ter fortes opiniões a respeito das pessoas, de Deus e até da política internacional. Além disso, ela lidera a pequena comunidade onde vive, formada por velhos que habitam o lixão. "A Minha missão, além de ser a Estamira, é mostrar a verdade e capturar a mentira (...) Você é comum. Eu não sou comum. (...) Eu sou a visão de cada um. Ninguém pode viver sem mim, sem a Estamira", afirma.
Deste encontro inesperado surgiu o documentário Estamira, onde Marcos Prado acompanhou, durante três anos, a vida desta mulher que sobrevive no lixo da civilização. Desde 2000, ela começou a se tratar em um centro psiquiátrico. O filme mostra suas idéias e sua transformação a partir dos efeitos dos remédios.
Com um discurso eloqüente, filosófico e poético, ela consegue superar sua condição miserável para por em questão os valores perdidos da sociedade. "Às vezes é só resto. Mas, às vezes também vem descuido. (...) Economizar as coisas é maravilhoso, pois quem economiza as coisas tem. Quem não tem sofre.", disse Estamira, sobre o lixo.
Apresentado na tarde de sexta-feira (01/10) no Odeon BR, com a presença do diretor, de Estamira e do produtor José Padilha, o documentário arrancou aplausos e elogios de uma platéia bastante animada. "Eu tenho visto muitos documentários em festivais, mas este com certeza é o mais corajoso de todos", afirmou Padilha. A equipe do filme e a família do diretor foram convidados ao palco e foram feitos muitos agradecimentos, principalmente à família da homenageada.
No filme, Estamira também aborda questões contemporâneas. Ela defende que os EUA não são nossos inimigos e diz que adora Osama Bin Laden. O que a tira do sério mesmo é a idéia de Deus. O que gera brigas, inclusive com um de seus filhos, que é religioso, e com os netos. Mas, como filosofa a própria "A criação é toda abstrata. A água é abstrata (...), o fogo é abstrato. A Estamira também é abstrata".
O diretor Marcos Prado, de 43 anos, foi produtor de Ônibus 174, de José Padilha, (vencedor do prêmio da crítica no Festival do Rio de 2002) e de Os carvoeiros, de Nigel Noble Brasil, inspirado em seu premiado ensaio fotográfico e selecionado para o Sundance Film Festival. (Dominique Valansi).
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- Ganhou o prêmio de Melhor Documentário - Júri Oficial no Festival do Rio.
- Ganhou o prêmio de Melhor Documentário na Mostra Internacional de São Paulo.
- Ganhou uma Menção Especial no Festival de Londres.
- Ganhou o prêmio de Melhor Documentário no Festival de Karlovy Vary.
- Ganhou o Grande Prêmio do FIDMarseille, no Festival Internacional do Documentário de Marseille.
- Ganhou o prêmio de Melhor Filme - FIPRESCI, no Festival de Viena.
- Ganhou o 3º Prêmio Coral de Documentário e o prêmio de Melhor Documentário em Memória a Pablo de la Torriente Brau, no Festival de Havana.
- Ganhou o Grande Prêmio de Cinema de Direitos Humanos de Nuremberg.
- Ganhou o Prêmio Especial do Júri no Festival de Miami.
- Ganhou o Prêmio SIGNIS de Melhor Documenário, no 18º Reencontro de Cinema Latino-Americano de Toulouse.
- Ganhou uma Menção Especial do Júri, no Festival Cine Las Americas.
- Ganhou os prêmios de Melhor Filme, Melhor Filme - Voto da Imprensa e Melhor Filme - Voto Popular, no Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental.
- Ganhou os prêmios de Melhor Filme e Melhor Fotografia, no Festival de Belém.
- Ganhou o prêmio de Melhor Filme e a Menção Honrosa da Juventude, no 11º Cine Eco.
- Ganhou os prêmios de Melhor Documentário e Melhor Direção de Arte, no Ekofilm.
- Ganhou o prêmio de Melhor Documentário no Festival de Cinema Brasileiro de Goiânia.
- Ganhou 2 prêmios no Prêmio ACIE de Cinema, nas categorias de Melhor Documentário e Melhor Fotografia.
- É o 1º longa-metragem dirigido por Marcos Prado.
- Exibido na mostra Première Brasil, no Festival do Rio 2004.
- O orçamento de Estamira foi de R$ 806 mil.
Fonte: Adorocine A.com
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NOTA: Não deixe de ler a crítica de LUIZ FERNANDO GALLEGO, psicanalista e cinéfilo, coordenador dos debates cinematográficos do SESC-Flamengo (Rio).
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NOTA: Se não houve contratempo, desde o dia 5 de Junho "Estamira" está nas boas casas do ramo em DVD em todo o Brasil. Em Manaus, ainda não há previsão. Como a notícia da independência do Brasil só chegou ao Amazonas quase dois anos depois, peça logo o seu pela internet: é mais seguro.
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