PICICA - Blog do Rogelio Casado - "Uma palavra pode ter seu sentido e seu contrário, a língua não cessa de decidir de outra forma" (Charles Melman) PICICA - meninote, fedelho (Ceará). Coisa insignificante. Pessoa muito baixa; aquele que mete o bedelho onde não deve (Norte). Azar (dicionário do matuto). Alto lá! Para este blogueiro, na esteira de Melman, o piciqueiro é também aquele que usa o discurso como forma de resistência da vida.
outubro 31, 2007
Criança desaparece no Morro da Liberdade
A criança desta fotografia tem 7 anos. Seu nome é SHARA RUANA.
Shara desapareceu na manhã do último domingo, 28 de outubro, da rua Santa Rosa - Morro da Liberdade/Manaus-Am, quando se dirigia a uma padaria por volta das 7h30m da manhã, e até este momento não mais foi vista.
Estamos acompanhando de perto este cruel episódio, e presenciando o desespero de seus familiares, a comunidade do Morro se encontra também solidária, e pede o teu apoio.
Nos ajude a encontrar SHARA RUANA.
Sarah é uma criança normal com traços bem amazônicos, como podem ver na foto.
Os telefones de contato: 3629.4361 / 36311908 / 9187.1525 / 8124.8503
Existe uma familia desesperada aguardando notícias.
Desde já agradecemos a todos que nos ajudar.
Ivan de Oliveira
outubro 29, 2007
Projeto Acordar Sem Fome
outubro 28, 2007
Hoje é dia de jazz com Humberto Amorim
Logo mais as 20h00 no nosso programa "Momentos de Jazz" pela Radio Amazonas Jazz FM 101,5 vamos curtir repertório das músicas que eram tocadas durante os "jam sessions" do Sinatra/Farney Fã Clube nos anos 50. Paulo Moura e João Donato dois gigantes da música brasileira no CD "Dois Panos Pra Manga" fazem o registro histório de um importante movimento musical da cultura do nosso país que tinha como cenário o antigo Cassino Atlantico no Rio de Janeiro.
Houston Person um dois mais brilhantes saxofonistas de jazz da atualidade ratifica esta consição no cd "Ïn a Sentimental Mood".
Sophie Milman de saída deixa claro o grau da qualidade musical deste seu novo trabalho cantando "Agua de Beber" de Tom Jobim com uma banda americana que demonstra versatilidade brasileira ao extremo.
Rosemary Clooney em sua última apresentação com a Honolulu Symphony Pops no Havaí nos deixa com mais saudades de seu inconfundível fraseado e talento musical.
Se eu fosse você não perderia este programa por nada neste mundo.
Até logo mais, até jazz!!!!!
Humberto Amorim
outubro 27, 2007
A terapia da Morte
Austregésilo Carrano Bueno, autor do texto publicado neste blog, é um dos atores sociais da cena política da Reforma Psiquiátrica brasileira. Personagem do filme "Bicho de Sete Cabeças", ele está proibido pela justiça paranaense de se manifestar contra a psiquiatria conservadora que lhe aplicou 21 sessões de eletrochoque quando ainda era muito jovem. Tudo por causa de um "baseado" encontrado na sua jaqueta, justificativa usada para internação em hospital psiquiátrico. Não são poucos os mentaleiros que mantém uma relação de amor e ódio como o Carrano, em razão da sua língua ferina. O cara tá proibido de se manifestar publicamente, mas os companheiros que não deixam a peteca cair, como o Ileno, continuam repercutindo os textos daquele "enfant terrible" da luta antimanicomial. Em tempo: O Conselho Federal de Psicologia mantém em sua página na Internet uma campanha contra o eletrochoque. No Amazonas - agora é lei - o eletrochoque tá proibido. Em Minas Gerais, também é proibido.
... IMAGINE NA SUA CABEÇA (180 a 460 volts).
Estou estarrecido, morrendo de medo, de que, por qualquer motivo eu venha ser internado novamente dentro de um hospital psiquiátrico. Não pelo fato de eu Lutar com unhas e dentes pelo fechamento dessas casas de pesquisas e torturas psiquiátricas; e Exigir a sua substituição pela “Rede Nacional de Trabalhos Substitutivos” aos “Hospitais Psiquiátricos”... Mas sim, pelas pesquisas que venho fazendo sobre a defesa do uso, quase que indiscriminado, da Eletroconvulsoterapia “Terapia da Morte), por artigos de alguns psiquiatras brasileiros que ainda defendem a utilização deste método em vários quadros psiquiátricos, como sendo a única saída... Assusta e muito!
É deprimente pensar que muitos pacientes ainda estão à mercê deste famigerado e cruel tratamento terapêutico... “ELETRO-CONVULSO-TERAPIA” (choques no corpo até se conseguir uma violenta convulsão corpórea como um tratamento que chamam de “Terapia”... Absurdo).
A resposta para que a aplicação da eletroconvulsoterapia seja aplicada nos dias de hoje é dada por esses psiquiatras que a utilizam, como sendo devido à ineficácia dos medicamentos utilizados... E as gerações medicamentosas; os chamados Medicamentos de Ultima Geração, caríssimos por sinal; Rotularam simplesmente como Ineficientes e... Agora única solução é à “Aplicação da Eletroconvulsoterapia”.
Esse posicionamento soa como mais uma encruzilhada de incertezas as variantes suposições, teses e teorias, muitas esdrúxulas extremamente ridículas e ultrapassadas, que povoam a decantada Psiquiatria Moderna. (Rótulo este que já ultrapassa os sessenta anos: “Psiquiatria Moderna”).
Tais psiquiatras afirmam que as aplicações dos “Eletrochoques” são aconselháveis, depois que as medicações ministradas não tenham causado o “Efeito” esperado no paciente, só que... Não especificam em seus artigos capengas, quais foram Às Medicações Ministradas nas cobaias humanas.
Urgente torna-se saber se estes medicamentos são aqueles antigos e ineficazes que até hoje estão sendo receitados e doados pelo SUS (que são medicamentos que servem apenas para Sedar e Drogar os pacientes), e seus estômagos são e foram usados por anos como depósitos de lixos químicos dentro ou fora das instituições psiquiátricas? Ou...
São as medicações de “Ultima Geração”, as caríssimas; são a essas medicações que afirmam que são também “Ineficazes” e que não atingem as expectativas esperadas?... Esta argumentação sobre a ineficácia das medicações soa como mais um dos “Engodos Psiquiátricos”, onde seus efeitos são as superlotações manicomiais de pessoas transformadas em “Bestas Humanas”.
Caso realmente estejam sendo utilizadas as medicações de “Ultima Geração” e mesmo assim não sejam atingidas as expectativas esperadas, além de causar preocupação e danos econômicos; Pergunto: Será a única Solução? Simples e aconselhável por “estes psiquiatras”, a aplicação da perigosa “Terapia da Eletroconvulsoterapia”? Quem deve ser responsabilizado e indenizado por danos causados por esta “Polêmica Financeira”... Que é única proposta real dos psiquiatras que defendem esta “Terapia do Horror”?
Além de parecer-me haver mais uma Contradição, entre as milhares encruzilhadas psiquiátricas, que poderia gerar outra polêmica discussão entre os Laboratórios que fabricam medicamentos de Última Geração (medicamentos caríssimos que assim estão sendo Menosprezados e Ridicularizados), e os Laboratórios que Comercializam os Ultra Modernos Aparelhos de Eletrochoque, os Choques Humanizados... Háháhá... Digno de risos... Choques Humanizados!
E entre nós leigos e manipulados gerar uma grandiosa preocupação, pois poderemos ser ou terem familiares ou amigos sendo as “Futuras Cobaias Humanas” desse almejado endeusamento do “Tratamento Terapêutico da Eletroconvulsoterapia”... “CHOQUES” aplicados através de ultra sofisticados aparelhos. Dizem: “Sem Contra Indicações”, segundo estes psiquiatras defensores do método. Relegando outros dados científicos que provam ao contrário...
Estão utilizando, com “Ausência Total de Responsabilidades Jurídicas”...
A Eletroconvulsoterapia para casos de Depressão; Gestantes Depressivas em qualquer período da gestação; Esquizofrenia; Quadros de Humor (mania, euforia, delírios, megalomania, agressividade e outros); Transtornos Bipolares; e quadros onde as medicações, até as de última geração (as caríssimas) não atinjam os efeitos esperados... Quase Infinito sua utilização... Logo, logo até unha encravada será curada com aplicação de eletrochoque!
Os familiares de pacientes ou os próprios gastam “Fortunas em Medicamentos”. Principalmente com os ultra-sofisticados e de última geração, grana alta, e mesmo assim são obrigados por mais um engode psiquiátrico criminoso ao retrocesso usos de uma arcaica, torturante, perigosa e criminosa “Terapia do Choque, O Eletrochoque, A Eletroconvulsoterapia, O ECT”.
Dizem, que nós leigos, não sabemos o que dizemos quando afirmamos que o eletrochoque causa a queima de neurônios e variantes seqüelas físicas e emocionais... E que isto é tabu e não tem fundo científico.
Segue detalhes Científicos divulgados por entidades, ongs, comissões e organizações internacionais que condenam como criminosas e bárbaras a chamada “Terapia da Eletroconvulsoterapia”.
Omitem, não mencionam porém em seus “Artigos Capengas e cheios de Engodos Criminosos” em defesa da Eletroconvulsoterapia... Os Estudos Científicos feitos nos “Cérebros de Pacientes que Faleceram” após as aplicações da Eletroconvulsoterapia, que revelaram Alterações e Queima dos Tecidos Cerebrais de gravíssima ordem, e visíveis até a olho nu.
Não mencionam as experiências científicas, na sua grande maioria de origem Européia, que provam: Queima de Neurônios; Perda total ou parcial da Memória e Destruição da Saúde Mental dos Pacientes (muitas irreversíveis).
Outras pesquisas cientificas afirmam sobre o risco de MORTE na hora, dias, meses e até anos depois das aplicações da Eletroconvulsoterapia, por enfraquecimento e deficiência de órgãos que são bombardeados pelas cargas elétricas simultâneas do tratamento, em curto espaço de tempo. Toma-se geralmente uma aplicação de Eletrochoque no dia e descansa outro. Um dia sim, outro não.
Infelizmente estão até absurdamente chamando de “Aplicações Humanizadas” através desses ultras modernos aparelhos, porque a convulsão do corpo é mínima... Outro engodo... O que estão usando são “Relaxantes Musculares Fortíssimos”, para se conseguir minimizar a convulsão do corpo. Não mencionam porém, que a carga elétrica é variada (180 a 460 volts) até se atingir a convulsão corporal, mantendo os riscos a saúde mental e física do paciente. O que se conseguiu foi um maior controle da fratura de ossos comuns nas convulsões, apenas isso que mudou, e somente através da introdução de Fortíssimos Relaxantes Musculares, que também devem ter suas contra indicações, não mencionadas e nem analisadas com os devidos cuidados científicos.
Os outros riscos, como a destruição TOTAL da Saúde Mental e também o de Morte, continuam.
Ongs internacionais, muitas delas encabeçadas por “Psiquiatras de Renomes Internacionais”, Condenam e criminalisam o uso da eletroconvulsoterapia, colocando-a como tratamento bárbaro...
Afirmam que é uma VIOLÊNCIA AOS DIREITOS HUMANOS.
Ongs internacionais, na maioria “Européia” lutam há anos pela proibição dessa arcaica, criminosa e torturante “Terapia do Terror” em todo o mundo.
Existem também até nos USA, Ongs pela proibição do uso da Eletroconvulsoterapia, com leis estaduais rigorosas para a sua utilização... Fatos que são “Omitidos nos artigos dos Psiquiatras Brasileiros que defendem essa Terapia”.
Dentro da psiquiatria chamada de moderna, existem duas linhas de destaque; a “Psiquiatria Européia” que segue uma linha mais humanitária e aberta e vem tentando há anos esclarecer, enfrentar, denunciar e até prender os responsáveis pelas torturas e crimes psiquiátricas.
A “Psiquiatria Americana” que há anos comercializa a psiquiatria, em boa parte, visando apenas “Lucro”, onde o uso terapêutico em sua maioria é superado pelos interesses econômicos dos Laboratórios Nortes Americanos, no abuso de usos medicamentosos, experiências, utilização do eletrochoque e suas comercializações. Esta última (Psiquiatria Americana) tem no contexto nacional seus maiores seguidores.
Os maiores laboratórios dos medicamentos usados na área da psiquiatria são americanos, como os são os fabricantes dos aparelhos de eletrochoque; geram lucros, bilhões de dólares ano.
Vejo muito profissional da área da Psiquiatria brasileira, visando interesses financeiros únicos, e não terapêuticos. Pseudos intelectuais da psiquiatria brasileira que vem glorificar o uso da Eletroconvulsoterapia (Choque elétrico aplicado nas têmporas numa Voltagem de 180 a 460volts). Pleiteiam hoje, junto ao SUS, a cobrança de R$ 400,00 por aplicação dessa famigerada terapia.
Minha questão está em saber se existe contra senso em tudo isto? Ou... Se somos somente joguetes financeiros nessa história toda? E a nossa saúde mental, onde fica? Os Laboratórios Americanos estão, há anos, estipulando, redigindo e orientando o que É, e como Deve ser utilizada a Psiquiatria no Brasil.
Sabe-se que, até os meados dos anos 90, o Brasil tinha o “Maior Parque Manicomial do Mundo”, consumidora de mais de $ 1.000,000,000,000 (Um Bilhão de dólares ano) em drogas psiquiátricas e nas internações. As internações que tiveram média por décadas de ter “Seiscentas Mil Internações Ano”, nos 453 Hospícios brasileiros... Gerando grandiosas fortunas psiquiátrico-familiares, e milhares de vitimados psiquiátricos (seiscentas mil entre mortos e inutilizados). Nenhuma Indenização Digna as vítimas sobreviventes ou familiares foram pagas até hoje, a não ser um caso de abuso da aplicação de eletrochoque em um paciente inutilizado para o resto da vida no estado de São Paulo em 2005.
Tudo isso e mais, são omitidos e ignorados nos artigos da PSIQUIATRIA BRASILEIRA; da Associação Brasileira de Psiquiatria a ABP, e pelas Associações Estaduais de Psiquiatria... Por quê?
As experiências científicas internacionais com a “Eletroconvulsoterapia”; “Sua Proibição” na Europa e outros paises são omitidos nos artigos dos pseudos intelectuais psiquiatras, muitos deles responsáveis diretos pelo Holocausto Psiquiátrico Brasileiro.
São omitidos esses dados fundamentais aos familiares no consentimento onde assumem as responsabilidades do uso desta “Terapia da Morte”, consentindo ao médico psiquiatra o uso do Eletrochoque no seu familiar. Aqui no Brasil quaisquer danos ao paciente causados pela aplicação da “Eletroconvulsoterapia” as responsabilidades são dos familiares que assinaram os “Termos de Responsabilidades de Consentimentos”, e não do Profissional,... Como podem assinarem tais termos, se aos familiares é negado ou omitido todos os dados pertinentes aos termos de responsabilidades... Isto é “Engodo Psiquiátrico Criminoso”. Chamo aqui a responsabilidade também para o descaso do Jurídico Brasileiro, onde vocês se escondem? Bando de Omissos e Coniventes com estes e outros “Crimes Psiquiátricos” que já vem ultrapassando há um século!
Todas estas barbáries e falcatruas são patrocinadas por interesses econômicos, manipulações, engodos de muitos Laboratórios Americanos que estão e compram há anos os psiquiatras brasileiros “por quilo”. Avalizados por uma omissão social generalizada da sociedade brasileira, e dos órgãos governamentais de defesa dos interesses públicos no Brasil.
Estão vendendo, “EM MASSA” os aparelhos chamados de “última geração”, os “Choques Humanizados”, “Eletrochoques” ao custo de apenas $ 15.000 (Quinze mil dólares) aos Donos e Associados de Hospícios e aos Psiquiatras Brasileiros da Subserviência da Cultura Psiquiátrica Americana e comprometidos com os Laboratórios dos Gringos.
Garantem os Laboratórios Americanos, que a instituição a partir de seis meses de uso constante das aplicações da Eletroconvulsoterapia, se recupera o “Investimento da Compra desses Aparelhos de Eletrochoque” e de “última geração”, e começam a gerar os “Grandes Lucros”. Sucesso financeiro maior ainda, se conseguirem o pagamento das aplicações de eletrochoque pelo SUS.
Sabendo disto tudo, é muito fácil entender por que estes aparelhos de Eletrochoque não são comprados pelos países da Europa. Além do que, nesses países Europeus já está PROIBIDO o uso da Eletroconvulsoterapia. “Terapia” esta condenada, há anos, como uma “Terapia Torturante”.
Nestes países, o profissional psiquiatra que utilizar este “tratamento” é passível de “Ações Judiciais”, além de poder ser preso e condenado a “Indenizar o Paciente” por quaisquer danos sofridos... (Dados omitidos nos artigos dos psiquiatras eletroconvulsioanimados em defesa de mais um faturamento econômico fácil, em cima das aplicações da Eletroconvulsoterapia).
No Brasil não existe, em toda a história Forense Brasileira (raríssima exceção do caso em São Paulo) INDENIZAÇÃO por ERRO MÉDICO PSIQUIÁTRICO.
Isto facilita realização de meras pesquisas, experiências com cobaias humanas e a utilização indiscriminada da eletroconvulsoterapia. Além do lucro, não existem cobranças de responsabilidades e nem indenizações pelos danos que o paciente possa sofrer. Um campo vasto, também, para especuladores em cima desta “Terapia do Terror”.
Nos artigos em que é defendido o uso da Eletroconvulsoterapia, vale mencionar também a justificativa que é dada em relação ao uso do método como sendo comparada ao “Choque dado no Coração”, em casos de parada cardíaca.
Esta comparação não serve como exemplo de comparação, são casos distintos. Os “Choques no Coração” são dados em casos extremos, e aplicados na região do “Tórax”, e não repetidos periodicamente e aplicados nas “Têmporas” diretas no “Cérebro”, como nos casos do tratamento da Eletroconvulsoterapia. Não serve como exemplo, e sim como mais uma tentativa de engodo psiquiátrico aos tidos por eles, como leigos ignorantes, que estão acostumados a engoli suas teses e teorias esdrúxulas, e que em pouco tempo perdem suas supostas justificativas cientificas.
REAL - A Eletroconvulsoterapia é aplicado nas têmporas, Direto no Cérebro... São de 12 aplicações por sessão, três vezes por semana. Geralmente nas segundas, quartas e sexta feiras, descansam um dia e no outro é eletrocutado. O corpo por semana recebe uma quantidade de descargas elétricas em torno de 1.380 volts, e ponto final, esta é a real nua e crua, o resto é especulações e falcatruas.
- São e foram relatados e provados Cientificamente: Milhares de mortes, causadas pelas aplicações da eletroconvulsoterapia, na hora, dias, meses ou anos depois das aplicações do Eletrochoque.
- Foram constatados o “Enfraquecimento e Comprometimento da atividade normal de Vários Órgãos Humanos” das pessoas que receberam bombardeios Progressivos de Descargas Elétricas como no uso das aplicações da Eletroconvulsoterapia. (Fatos também omitidos nos textos de defesa do Eletrochoque, e inclusive nos artigos manipulados da Revista Veja).
- Os EUA, é o país utilizado como referência por estes profissionais da psiquiatria que defendem o uso das aplicações de choque. Estão “Endeusando a Eletroconvulsoterapia”, como já o fizeram com o “Prozac” e outras drogas americanas.
Os EUA são donos exclusivos das PATENTES que fabricam e comercializam os “Aparelhos de Eletrochoque”. Em seus artigos, os psiquiatras defensores deste método, citam apenas as pesquisas que interessam a “Eles” e aos “Laboratórios Americanos”, com fins lucrativos em primeiro lugar, e para que venhamos a acreditar que o uso da Eletroconvulsoterapia é seguro e sem contra indicações. Omitindo toda a polemica e estudos científicos e suas proibições de uso em outros paises, como na Europa!
Será que compensa passar por todos estes riscos de vida, e colocar em CHEQUE a NOSSA Saúde Mental? Ou isso tudo é mais um engodo psiquiátrico, uma jogatina financeira?
A sociedade brasileira se mantém calada... Por quê? Omissão é ato de pura conivência com esses crimes psiquiátricos.
O que é real ou irreal nessa jogatina financeira, bancada por psiquiatras comprados por interesses financeiros seus e de laboratórios. É a nossa Saúde Mental colocada indiscriminadamente a toda hora em cheque, e não raro em “Cheque Mate”? Até hoje sem recriminação judicial, cobrança de responsabilidades, prisões, indenizações, até quando aceitaremos esse Oba-Oba da psiquiatria brasileira?
Nunca vamos cobrar as responsabilidades psiquiátricas? Quais são as atitudes a serem tomadas sobre estas questões?
Ficaremos sendo sempre colocados como leigos e ignorantes sobre a nossa Saúde Mental? Sem direitos de opinar sem ter uma explicação convincente.
Seremos sempre um bando de “Ovelhas Cegas, Mudas e Surdas” seguindo os ditames dos Pastores do Inconsciente!
Movimentos Internacionais pela Proibição da Eletroconvulsoterapia como Tratamento Psiquiátrico, como Terapia. Organizações Internacionais que condenam, criminalisam e cobram Indenizações Dignas as Vitimas da Eletroconvulsoterapia. (Classificam de “Terapia da Morte” usada até pelos Nazistas como mais um instrumento de tortura).
SÃO ELAS:
- Word Association of Electroshock Survivors (Associação Mundial dos Sobreviventes do Eletrochoque).
- Committee for Truth in Psychiatry (Comitê para verdade na Psiquiatria).
- Support Coalition International (Coalizão de Apoio Internacional).
- Comitato Dei Cittadini Per I Diritti Dell ‘Uomo - Milano, Itália.
- Citezens Commission no Human Rights (CCHR) in Action.
A REALIDADE DA PSIQUIATRIA NO BRASIL É TRISTE E CRIMINOSO...
JÁ foram encontrados cemitérios psiquiátricos clandestinos, e outros sendo descobertos.
ENTRE OS JÁ ENCONTRADOS ESTÃO:
- O Cemitério Psiquiátrico Clandestino em Santa Catarina na Colônia Psiquiátrica Santana (em 2003), com mais de mil covas psiquiátricas clandestinas. Covas com mais de cinco esqueletos.
- E MAIS de trinta mil covas psiquiátricas clandestinas que denunciamos em 1998 na Colônia do Juqueri em São Paulo, através da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.
E tudo acaba em pizza... A psiquiatria brasileira é a do vale tudo: confinar, prender, drogar, estuprar, eletrocutar, inutilizar, até matar pra vender ou esconder os corpos... Isto tudo são fatos históricos, registrados e enraizados... Assunto para outros artigos, minha única arma de desabafo!
APESAR DE TUDO ISTO TER SIDO DESCOBERTO E DENUNCIADO, NINGUÉM FOI RESPONSABILIZADO E MUITO MENOS INDENIZADO...
Absurdo ou Omissão Social?
AUSTREGÉSILO CARRANO BUENO.
- Ex-paciente cobaia-psiquiátrica vítima de ERRO MÉDICO PSIQUIÁTRICO...
- Vítima de 21 aplicações da ELETROCONVULSOTERAPIA (que deixaram seqüelas físicas e emocionais).
- Representante Nacional dos Usuários (pacientes psiquiátricos internados ou não) na Reforma Psiquiátrica Brasileira “apoiada” pelo Ministério da Saúde.
- Escritor do Livro “CANTO DOS MALDITOS” que originou o Filme “BICHO DE SETE CABEÇAS”. O Filme mais premiado de toda a cinematografia brasileira com 53 prêmios de cinema, sendo 08 prêmios internacionais.
- Ator; Dramaturgo e Diretor de Teatro. Segundo livro são seis peças para Teatro, editado. Quatro peças de teatro já montadas. Duas teve sua direção.
- “Terceiro e Quarto Livros”... Estão à espera de editora!
- Palestrante reconhecido NACIONALMENTE sobre Saúde Mental; Reforma Psiquiátrica Brasileira; Histórico sobre a proliferação dos hospícios; Indenizações; “Holocausto Psiquiátrico Brasileiro”.
(Artigo revisado no dia 04/12/06).
outubro 25, 2007
Los presos de la salud mental
Los presos de la salud mental
Unas 15 mil personas están detenidas sin motivo en neuropsiquiátricos. El informe de una entidad internacional y el CELS.
Por Pedro Lipcovich
En la Argentina hay por lo menos 15.000 personas detenidas sin razón alguna que lo justifique, y así lo reconocen los propios directores de los centros de detención que las alojan: esa cifra corresponde al 60 por ciento de los 25.000 internados en instituciones psiquiátricas, mínimo para el que los propios directores reconocen que deberían ser externados. El término "detención" es el que utiliza un detallado informe, que se presentará hoy en el Congreso y fue preparado por una entidad internacional de protección a los derechos de las personas con discapacidad mental, en colaboración con el CELS. Según el documento –al que Página/12 tuvo acceso–, "el sistema argentino de salud mental está desfasado respecto de los cambios de los últimos 30 años en el mundo" y que "la segregación de miles de personas en instituciones es una práctica prohibida por el derecho internacional". El documento desciende a los extremos del horror patentizado en las "celdas de aislamiento", la violencia física, los abusos sexuales, el uso disciplinario de psicofármacos o la falta de atención médica. Señala también que "la legislación argentina no cumple los requerimientos internacionales", ya que "permite que un juez interne a una persona en un centro psiquiátrico sólo por entender que necesita asistencia'". El informe será presentado hoy en el Congreso de la Nación.
El informe, que se presentará hoy a las 18 en el auditorio del Anexo de la Cámara de Diputados, se llama "Vidas arrasadas. La segregación de las personas en los asilos psiquiátricos argentinos" y fue elaborado por la Mental Disability Rights International (MDRI) y el Centro de Estudios Legales y Sociales (CELS). "A pesar de que en muchas partes del mundo se han clausurado los grandes asilos psiquiátricos, el 75 por ciento de las personas en el sistema de salud mental argentino se encuentra detenido en instalaciones de mil camas o más", advierte el informe, que utiliza indistintamente los términos "personas institucionalizadas", "internadas" o "detenidas", de acuerdo con los estándares internacionales de derechos humanos".
En la Unidad Penal 20, del hospital Borda, "los investigadores encontraron personas encerradas, desnudas, en celdas de aislamiento que medían metro y medio por dos metros. El personal reportó que las personas habían estado encerradas en estas celdas por períodos que iban desde diez días a más de un año; un hombre informó que estaba encerrado en una celda de aislamiento desde hacía siete meses. Otro hombre había sido detenido en una celda de aislamiento durante tres meses debido a un intento de suicidio. El personal informó que los detenidos eran desnudados 'para prevenir el suicidio' y que esta detención en aislamiento era usada 'para observación de los pacientes'. Sin embargo, las celdas de aislamiento carecían de luz natural, la supuesta observación sólo hubiera sido posible a través de una minúscula mirilla y no había personal asignado, lo que hacía que una observación periódica fuera imposible".
Además, "en la Unidad 20, los hombres detenidos informaron a los investigadores sobre situaciones de abuso físico y sexual, incluyendo violaciones, palizas y otros tipos de violencia. Dos hombres detenidos informaron haber sido ultrajados sexualmente en las celdas de aislamiento. Uno denunció haber sido violado por un guardia y que varios lo habían obligado a desfilar en ropa interior femenina y a actuar de manera afeminada para ellos".
En el Hospital Moyano, "los investigadores recibieron informes de abuso sexual perpetrado por el personal contra las mujeres institucionalizadas". Esta institución fue intervenida en diciembre de 2005, luego de graves denuncias públicas. "Estas denuncias se encuentran en proceso de investigación judicial", pero en julio de 2007 "el director de Salud Mental de la ciudad de Buenos Aires, Carlos de Lajonquiere, desconocía el curso que habían seguido estas investigaciones".
En las celdas de aislamiento de la Unidad Penal 27, del Moyano, encontraron una mujer que "había estado allí un año y medio por dificultades en su trato con las otras personas". El informe señala que "la reclusión involuntaria prolongada y la privación sensorial puede exacerbar síntomas psiquiátricos o inducir daño psiquiátrico severo".
En el hospital Cabred, en la provincia de Buenos Aires ("Open Door"), donde "el director informó que tres enfermeros habían sido transferidos a otros hospitales como 'castigo' por haber cometido abusos": pero, señala el informe, "transferir personal de una institución a otra no implica sanción alguna y conlleva el riesgo de que hechos similares se repitan en la otra institución".
El MRDI y el CELS denuncian también la falta de atención médica en los neuropsiquiátricos: "En la Unidad 20, como en los hospitales Diego Alcorta –provincia de Santiago del Estero–, Moyano y Borda, los investigadores observaron gran número de personas institucionalizadas con heridas abiertas o en estado de infección avanzada, dientes faltantes y algunos con extremidades con gangrena".
Estas situaciones se dan en el marco de "condiciones antihigiénicas", por ejemplo en el Diego Alcorta, donde "los baños estaban inutilizables" por lo cual "muchas personas internadas preferían usar las áreas verdes y los pasillos para defecar y orinar".
Un rasgo generalizado fue que "las personas institucionalizadas no reciben rehabilitación". En los hospitales Borda, Moyano, Estévez, Domingo Cabred y Diego Alcorta, los investigadores encontraron "una inactividad generalizadas. Un importante número de personas estaban acostadas sobre sus camas o en el piso, completamente ociosas". También observan que "las medicaciones psicofarmacológicas son utilizadas como herramienta de disciplinamiento y control".
Según el informe, "la legislación argentina está muy lejos de cumplir los requerimientos establecidos por los estándares internacionales", ya que "las leyes nacionales permiten la internación de aquellos que pudieran 'afectar la tranquilidad pública' y no establecen mecanismos que les garanticen una audiencia dentro de un período razonable, el derecho a ser representado por un defensor, ni el examen periódico de las internaciones por parte de un órgano independiente e imparcial".
Según destacan, "el artículo 482 del Código Civil utiliza el término 'demente', que nunca llega a definir, es extremadamente ambiguo y altamente estigmatizante"; además, "permiten internar a personas que pudieran 'afectar la tranquilidad pública' o que tuvieran problemas de abuso de sustancias o de alcohol", e incluso "autoriza a un juez a internar a una persona en un centro psiquiátrico sólo por entender que 'necesita asistencia'". Los investigadores advierten que "cuando la internación psiquiátrica no se limita estrictamente a casos de personas en peligro inminente de dañarse a sí mismas o a otras, se corre el riesgo de cometer graves abusos". Incluso "familiares y vecinos 'incomodados' pueden solicitar ante un juez la internación coactiva de un individuo" y para estas personas el Código "no provee el derecho a ser juzgado dentro de un plazo razonable, ante un tribunal independiente e imparcial".
La Ley de Salud Mental 448, de la ciudad de Buenos Aires, si bien "contiene sólidas garantías que abogan por los derechos de las personas con discapacidades mentales, sin embargo no protege adecuadamente contra la detención arbitraria". Para colmo, "no existe verdadera representación legal para individuos internados en instituciones psiquiátricas".
Y si las personas internadas denuncian lo que les pasa no se les cree: "Cuando los individuos diagnosticados con una enfermedad mental denuncian lo que ocurre, generalmente son tratados como si estuvieran delirando".
El documento exige la sanción de una ley marco nacional de salud mental, entre cuyos principios debería incluirse el derecho a revisión judicial de todas las internaciones involuntarias por una autoridad independiente dentro de las 72 horas; la revisión periódica de las internaciones involuntarias por un órgano independiente; el derecho a contar con representación legal para los internados, y exige que los fiscales investiguen las "condiciones abusivas en los hospitales Diego Alcorta, Moyano y en la Unidad 20".
“Podrían estar en libertad”
“Lo que más nos llamó la atención en la Argentina es la enorme cantidad de personas encerradas en institutos psiquiátricos que fácilmente podrían estar en libertad –señaló Alison Hillman, directora para las Américas de Mental Disability Rights International (MDRI)–: casi todos los directores de hospitales y jefes de servicio nos dijeron que entre el 60 y el 90 por ciento de las personas internadas podrían estar en la comunidad si hubiera formas de soporte como casas de medio camino, centros de día, programas de rehabilitación. El promedio de institucionalización es de nueve años, y el 80 por ciento permanece más de un año. Es claro que, cuando una persona está tanto tiempo segregada, en un ambiente tan controlado, su discapacidad, si la tiene, se incrementa.” Roxana Amendolaro, coordinadora del equipo de salud mental del CELS, destacó “el énfasis puesto en rescatar todas las voces de los involucrados: funcionarios, autoridades de instituciones, profesionales, familiares y las propias personas institucionalizadas, cuyo testimonio debe ser tomado en cuenta”.
Fonte: Página 12
outubro 24, 2007
Encontro Nacional: 20 anos de luta por uma sociedade sem manicômio
Omissão de solidariedade - Há 20 atrás, entre os dias 11, 12, 13, 14, 15 e 16 de novembro de 1987 fiz uma greve de fome em Manaus, no interior do Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro, palco político da construção da Reforma Psiquiátrica no Amazonas. Com o apoio do movimento sindical e associativista da época, pretendia chamar atenção da sociedade civil e política dos perigos que a Reforma enfrentaria na década vindoura (sobreveio, então, um longo silêncio). Dias depois, no início de dezembro de 1987, o II Congresso Nacional de Trabalhadores de Saúde Mental radicalizava as teses da Reforma ao erguer uma nova bandeira de luta: "Por uma sociedade sem manicômios" (leia o Manifesto de Bauru, publicado abaixo). Curiosamente, o país volta as costas para o Amazonas no momento em que a luta antimanicomial ocupa outra vez seu lugar no cenário político, desta vez contando com um instrumento inestimável, a Lei 3.177, de 11 de Outubro de 2007, para a qual tanto lutou a Associação Chico Inácio - ong de defesa dos direitos civis, políticos e sociais dos portadores de transtorno mental do Amazonas. Salvo pelas raras manifestações de solidariedade, esse silêncio é inaceitável. Por mim, a luta continua; desta vez contra a omissão de solidariedade. Que que é isso, companheiros!!!
20 anos depois, a luta continua!
Entre os dias 6, 7 e 8 de dezembro acontece, em Bauru, o Encontro Nacional "20 anos em luta por uma sociedade sem manicômios". Comemorando 20 anos da luta, o encontro vai trazer de novo à pauta o debate aguerrido sobre as práticas, mas será também um momento de integração cultural, com shows e teatros, buscando a reaproximação de todos os atores desta que, de luta, passou a ser uma política pública do próprio governo federal – a Reforma Psiquiátrica.
Ao completarem-se 20 anos do II Congresso Nacional dos Trabalhadores em Saúde Mental, momento que marcou o início da luta antimanicomial brasileira, é hora de renovarmos nossas forças.
Inscrição de trabalhos, narrativas históricas do tema, a serem apresentadas em Bauru podem ser feitas através do portal da Psicologia – http://www.pol.org.br/lutaantimanicomial/
As inscrições para o evento também já estão abertas no http://www.pol.org.br/ banner do evento.
Participe! Vamos fortalecer as organizações que trabalham com saúde mental e vamos avançar na luta. Em dezembro, todos a Bauru!
Informações sobre as inscrições:
As inscrições estão abertas até o dia 26 de novembro para as categorias profissional (R$ 60,00), estudante (R$ 40,00) e usuários/familiares (R$ 3,00) e o pagamento, para todas as categorias, deve ser feito à vista. As inscrições de trabalhos deverão ser feitas até o dia 06 de novembro, sendo possível até 02 trabalhos por participante, com quantidade de co-autores livre. Os trabalhos deverão ser tipificados "Apresentação Oral", tendo sempre como tema a expressão "Narrativas históricas: políticas, práticas, instituição e poéticas na construção de uma sociedade sem manicômios". O texto deverá conter até 250 palavras.
Eixo 01: Loucura e Cultura
Mesa 01 A emergência dos novos sujeitos sociais: a produção da organização dos usuários e familiares
Mesa 02 Arte e loucura na construção de uma sociedade sem manicômios
Mesa 03 "Quem não se comunica se trumbica": a mídia e a luta antimanicomial
Mesa 04 "Alguma coisa está fora da ordem mundial": hegemonia, homogeneização, monotonia e constrangimentos
Mesa 05 Invenções, metáforas e neologismos: reinvenção da teoria na relação com a loucura
Eixo 02: Narrativas históricas na construção de uma sociedade sem manicômios
Mesa 01 Memórias parlamentares
Mesa 02 Trajetórias e Gestão da Política Nacional da Reforma Psiquiátrica
Mesa 03 O 18 de maio como dispositivo coletivo de intervenção política do movimento antimanicomial
Mesa 04 Movimentos sociais: construindo a luta antimanicomial
Mesa 05 Do movimento de trabalhadores de saúde mental ao movimento da luta antimanicomial: atravessando conjunturas, construindo o presente
Eixo 03: A Luta Antimanicomial e a Reforma Psiquiátrica
Mesa 01 A insistência dos espaços manicomiais na cultura contemporânea: impasses teóricos, éticos e políticos
Mesa 02 Atores da desistitucionalização ou novos guardiões da ordem: tensões e intenções nas práticas dos trabalhadores da Reforma Psiquiátrica
Mesa 03 Práticas da desistitucionalização e desistitucionalização das práticas: quando a reforma no cotidiano confronta a rotina da Reforma
Mesa 04 O enfrentamento da desigualdade social no Brasil: conquistas e impasses na produção da cidadania dos loucos
Mesa 05 Refazendo as geografias das cidades: invadindo e contaminando os territórios
Eixo 04: Um outro mundo é possível
Mesa 01 Luta pelo espaço: MST Criança e Adolescente: Unicef Diversidade sexual: Arco-íris Salvador (Luís Mott)
Mesa 02 Transformar a vida, reinventar o trabalho
Mesa 03 Direitos Humanos: Urgência na luta por uma sociedade sem manicômios
Mesa 04 Formação de novos agentes na luta por uma sociedade sem manicômios
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MANIFESTO DE BAURU
Um desafio radicalmente novo se coloca agora para o Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental. Ao ocuparmos as ruas de Bauru, na primeira manifestação pública organizada no Brasil pela extinção dos manicômios, os 350 trabalhadores de saúde mental presentes ao II Congresso Nacional dão um passo adiante na história do Movimento, marcando um novo momento na luta contra a exclusão e a discriminação.
Nossa atitude marca uma ruptura. Ao recusarmos o papel de agente da exclusão e da violência institucionalizadas, que desrespeitam os mínimos direitos da pessoa humana, inauguramos um novo compromisso. Temos claro que não basta racionalizar e modernizar os serviços nos quais trabalhamos.
O Estado que gerencia tais serviços é o mesmo que impõe e sustenta os mecanismos de exploração e de produção social da loucura e da violência. O compromisso estabelecido pela luta antimanicomial impõe uma aliança com o movimento popular e a classe trabalhadora organizada.
O manicômio é expressão de uma estrutura, presente nos diversos mecanismos de opressão desse tipo de sociedade. A opressão nas fábricas, nas instituições de adolescentes, nos cárceres, a discriminação contra negros, homossexuais, índios, mulheres. Lutar pelos direitos de cidadania dos doentes mentais significa incorporar-se à luta de todos os trabalhadores por seus direitos mínimos à saúde, justiça e melhores condições de vida.
Organizado em vários estados, o Movimento caminha agora para uma articulação nacional. Tal articulação buscará dar conta da Organização dos Trabalhadores em Saúde Mental, aliados efetiva e sistematicamente ao movimento popular e sindical.
Contra a mercantilização da doença!
Contra a mercantilização da doença; contra uma reforma sanitária privatizante e autoritária; por uma reforma sanitária democrática e popular; pela reforma agrária e urbana; pela organização livre e independente dos trabalhadores; pelo direito à sindicalização dos serviços públicos; pelo Dia Nacional de Luta Antimanicomial em 1988!
Por uma sociedade sem manicômios!
Bauru, dezembro de 1987 - II Congresso Nacional de Trabalhadores em Saúde Mental
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Leia mais sobre o Encontro Nacional "20 anos de luta por uma sociedade sem manicômios". Clique aqui.
outubro 21, 2007
Manifesto ético-estético
Caros amigos, companheiros da luta antimanicomial
Baixou uma entidade lá em casa.
Quem vos escreve é Rogelio "Bispo do Rosário" Casado.
Para quem não me conhece invoco o testemunho de Ana Pitta, Pedro Gabriel Delgado, Sandra Fagundes, Flávio Resmini, Fernanda Penkala, Geraldo Peixoto, Dulce Edie Pedro dos Santos, Marcus Vinicius de Oliveira, Ana Marta Lobosque, Miriam Abou-Yd, com quem mantenho interlocução, menos do que gostaria, o suficiente porém para manter vivo os ideais que nos aproximam. Estou certo que todos torcem para que o Amazonas resgate a história com que teceu, e vem tecendo, a Reforma Psiquiátrica no norte do Brasil.
Pois bem! Agora o Amazonas tem uma Lei de Saúde Mental. Trata-se da Lei 3.177, de 11 de outubro de 2007. Ela foi sancionada pelo governador Eduardo Braga, numa grande festa, no auditório da Universidade do Estado do Amazonas, no Dia Mundial de Saúde Mental.
Reina a alegria nos corações e mentes de todos aqueles que trabalharam para recolocar o Amazonas no mapa da luta antimanicomial. Neste mes de outubro, brilha mais uma estrela no céu da Reforma Psiquiátrica brasileira.
Ainda estamos celebrando, conscientes de que há muito por fazer para que a Lei seja aplicada em sua plenitude.
Por isso, inspirado no gênio de Arthur Bispo do Rosário, cuja obra está entre nós em Manaus, no Centro Cultural Palácio da Justiça, com a cumplicidade da Companhia de Teatro Vitória-Régia, de quem tomei emprestado um manto assemelhado ao do Bispo, venho fazer um pedido. Peço a manifestação solidária dos companheiros de todas as latitudes brasileiras para endereçar aos e-mails abaixo os votos de congratulações pelo gesto do jovem governador amazonense:
casacivil@casacivil.am.gov.br - Dr. Raul Armônia Zaidan
deputado.belarmino@aleam.gov.br - Dep. Belarmino Lins de Albuquerque, Presidente da Assembléia Legislativa do Amazonas
A luta antimanicomial agradece.
Eternamente grato,
Rogelio Casado
Mateus e Mateusa com Nonato Tavares e a Companhia de Teatro Vitória-Régia
Mateus e Mateusa
MATEUS E MATEUSA
Qorpo Santo
Personagens
Mateus, velho de 80 anos
Mateusa, idem
Catarina, filha
Pêdra, filha e
Silvestra, filha
Barriôs, criado
ATO PRIMEIRO
CENA PRIMEIRA
MATEUS (caminhando em roda da casa; e Mateusa assentada em uma cadeira) - Que estão fazendo as meninas, que ainda as não vi hoje?!
MATEUSA (balançando-se) - E o Sr. Que se importa, Sr. Velho Mateus, com as suas filhas?
MATEUS (voltando-se para esta) - Ora é boa esta! A Sra. sempre foi, é, e será uma (atirando com a perna) - não só impertinente, como atrevida!
MATEUSA - Ora, veja lá, Sr. Torto (levantando-se), se estamos no tempo em que o Sr. A seu belo prazer me insultava! Agora eu tenho filhos que me hão de vingar.
MATEUS (abraçando-a) - Não; não, minha querida Mateusa; tu bem sabes que isso não passa de impertinências dos 80. Tem paciência. Vai me aturando, que te hei de deixar minha universal herdeira ( atirando com uma perna) do reumatismo que o demo do teu Avô torto meteu-me nesta perna! (atirando com um braço) das inchações que todas as primaveras arrebentam nestes braços! (abrindo a camisa) das chagas que tua mãe com seus lábios de vênus imprimiu-me neste peito! E finalmente (arrancando a cabeleira): da calvície que tu me pegaste, arrancando-me ora os cabelos brancos, ora os pretos, conforme as mulheres com quem eu falava! Se elas (virando-se para o público) os tinham pretos, assim que a sujeitinha podia, arrancava-me os brancos, sob o frívolo pretexto de que me namoravam! Se elas os tinham brancos, fazia-me o mesmo, sob ainda o frivolíssimo pretexto de que eu as namorava (batendo com as mãos, e caminhando). E assim é; e assim é, - que calvo! calvo, calvo, calvo, calvo, calvo (algum tanto cantando) calvô... calvô... calvô... ô...ô...ô!...
MATEUSA (pondo as mãos na cabeça) - Meu Deus! Que homem mais mentiroso! Céus! Quem diria que ainda aos 80 este judeu-errante havia de proceder como aso quinze, quando roubava frutas do Pai!
MATEUS (com fala e voz muito rouquenha) - Ora, Sra.! Ora, Sra.!Quem, quem lhe disse essa asneira?! (Profere estas palavras querendo andar e quase sem poder. É este o todo do velho em todos os seus discursos.)
MATEUSA (empurrando-o) - Então para que fala de mim a todas as moças que aqui vêm, Sr., chino?! Para quê, hem? Se o Sr. não fosse mais namorador que um macaco preso a um cepo, certamente não diria - que sou velha, feia e magra! Que sou doente de asma; que tenho uma perna mais curta que a outra; que... que... finalmente, que já (voltando-se com expressão de terror) não lhe sirvo para os seus fins de (pondo a mão em um olho) de... O Sr. bem sabe! (esfregando com as costas da mão o outro [ olho] com voz de quem chora). Sim, se eu não fosse desde a minha mais tenra idade um espelho, tipo, ou sombra de vergonha e de acanhamento, eu diria (virando-se para o público): Já não quer dormir comigo! Feio! (saindo da sala) mau! velho! rabugento! Tãobém não te quero mais, fedorento!
MATEUS - Mas (voltando-se para o fundo), e as meninas, onde estão!? Onde? Onde? (Puxa a cabeleira.) Pêdra! Catarina! Silvestra! (Escuta um pouco.) Nenhuma aparece! Cruéis! Fariam o mesmo que a Mãe!? Fugiriam de mim!? Coitado! Pobre de quem é velho! As mulheres fogem, e as filhas desaparecem!
CENA SEGUNDA
PÊDRA (entrando) - O que é, Papaizinho? O que é que quer? O que tem? Sucedeu-lhe alguma cousa? Não? (Pegando-lhe no braço.)
MATEUS (como acordando-se de um sonho.) - Hem? (Esfregando os olhos.) Hem? O que é? Que é? Chegou alguém? Eu estava, aqui estava.
PÊDRA - Que tem, meu Pai?
MATEUS (assoando-se sem tocar no nariz, e olhando) - Vejam o que é ser velho! Menina, menina, já que estás aqui, dá-me um lenço; anda (pegando nos braços da filha), anda, minha queridinha; vê um lenço para o vosso velho paizinho! Sim; sim; vai; vai; anda. (Fazendo-a caminhar.)
PÊDRA (voltando-se) - Também este meu Pai cada vez fica mais porco! Por isso é que a minha mãe já enjoou ele tanto, que nem o pode ver! (Saindo.) Eu já vou buscar! Espere um minuto (com as mãos, fazendo-o parar), já venho, Papai! Já venho, e vou buscar-lhe um dos mais lindos (com ar gracioso) que encontrar em meu guarda-roupa, ouviu, Papai? Ouviu?
MATEUS - Sim, sim; já ouvi. Tu sempre foste o encanto dos meus olhos; o sonho de todos os meus momentos... (Entra outra.) Esta menina (voltado para o povo) é os encantos da imaginação desta cabeça (batendo com as mãos, uma de cada lado da cabeça) e objeto que ao ver, me enche (apalpando o coração) este coração de alegria!
CATARINA - E eu, Papai? E eu, então não mereço alguma?!
MATEUS (voltando-se e olhando para Catarina) - Minha querida Filha! Minha querida Catarina! (Abraçando-a .) És tu, oh! Quanto me apraz ver-te! Se tu soubesses, queridíssima Filha, quão grande é o prazer que banha (inclinando-se e levando a mão ao peito) este peito! Sim (tornando a abraçá-la) , tu és um dos entes que fazem com que eu preze a velha existência, ainda por alguns dias! Sim sim, sim! Tu, tua sábia irmã Pêdra; e... e aquela que ainda hoje não tive a fortuna de ver, a tua mais que simpática irmã Silvestra; - são todas três os Anjos que me amparam; que me alimentam o corpo e a lama; por que, e para quem vivo; e morreria, se fosse mister!
(Entra Silvestra, aos pulinhos, e Pêdra, fazendo passos de dança.)
SILVESTRA - Papaizinho do meu coração! (abraçando-o pelas pernas.) Você é o meu tudo! Olhe, Papaizinho: eu sonhei que o Sr. queria um lenço, e corri! Tomei este que a mana Catarina lhe trazia, e lhe truce!
MATEUS - Quanto sou feliz! (Pega o lenço e enxuga os olhos.)
CATARINA (à parte, e com expressão de dor) - Ele disse que a outra era simpática; e de mim nem ao menos diz que sou formosa. Sempre é velho: não sabe agradar a todos!
PÊDRA - Papai! Eu não fui portadora do que me pediu, porque a Silvestra é muito velhaca, e muito ligeira! Assim que me viu com o lenço na mão, tomou-m’o, e correu para trazer-lhe primeiro que eu!
SILVESTRA - É porque eu quero (dando com a mão na irmã) mais bem ao Papai do que Você; aí está!
PÊDRA - Pois não! Não vê que a Sra. já pesou os graus de amor que em meu coração eu consagro a meu Pai...
SILVESTRA - Não preciso pesar! Olhe: no seu coração existe certa força ou quantidade de amor consagrado (afagando com as mãos) ao papaizinho! E em mim, todo o meu coração é puro amor a ele tributado!
PÊDRA - Vejam só (com aspecto impertinente, desgostoso; rosto franzido, pondo a cabeça de um lado, etc.) como é retórica! Não pensei que a Sra. estivesse tão adiantada! Não estudou; não se preparou hoje tãobém em seus velhos alfarrábios de filosofia!? Se não se preparou, para outra vez prepare-se, e veja se ganha mais um afeto do papai!
CATARINA (acomodando-as) - Meninas! (pegando no braço de uma e de outra) acomodem-se; vocês parecem nenês!
MATEUS - Meus anjos (tãobém querendo acomodá-las). Minhas santas; minhas virgens... não quero que briguem, porque isso me desgosta. Sabem que já sou velho e que os velhos são sempre mais sensíveis que os moços... Quero vê-las contentes; contentezinhas; ao contrário fico triste.
PÊDRA E CATARINA (formando com as mãos pegadas umas nas outras um círculo em roda do pai.) - Nosso Papaizinho! Não há de se desgostar; não há de chorar (dançando). Nós havemos de amparar o nosso querido Papai. (Umas para as outras: ) Vamos; pulemos; dancemos; e cantemos: todos! Todos a uma só voz. ( O Pai vira-se ora para uma, ora para outra, cheio do maior contentamento: o sorriso não lhe sai dos lábios; os olhos são ternos; a face se franze de prazer; quer falar, e apenas diz: ) Meu Deus! Eu sou; eu sou tão feliz! que... Sim, sou; sou muito feliz!
(As filhas cantam:)
Nós somos três anjinhos;
E quatro éramos nós,
Que do céu descemos;
E o amor procuremos:
- Mataremos ao algoz
Destes dois nossos paizinhos!
Sempre fomos bem tratadas
Quer deste, quer daquela:
Não queremos que a maldade,
Para nossa felicidade,
Maltrate a ele ou a ela...
Mataremos tresloucadas!
Não somos só anjos
Que assim pensamos;
Que assim praticamos;
Tãobém são os arcanjos!
De principados - exércitos
Temos tãobém de virtudes!
De tronos! Não mudes,
Papai! Vivam as ordens!
- Para debelarmos facínoras!
- Para triunfarem direitos,
- As armas temos nos peitos!
- A força de milhões d’espíritos!
(Terminado o canto, abraçarão todas o Pai, e este a elas, banhados todos na maior efusão de júbilo.)
PÊDRA ( para o pai) - Agora, Papai, vamos coser, bordar, fiar; fazer renda. (Para as irmãs:) Vamos, Meninas; a Mamãe já há de Ter a nossa tarefa pronta para nos dar trabalho!
CATARINA- Ainda é cedo; eu não ouvi dar oito horas; e o nosso trabalho sempre principia às nove.
SILVESTRA - Eu não sei o que fazer hoje: se bordar, se fiar, ou se crivar!
PÊDRA - Por bem de Deus, você nunca sabe o que há de fazer!
SILVESTRA (olhando-a com certo ar de indiferença) - Se te parece, minha querida Maninha, chama-me de preguiçosa!
PÊDRA - Não; isso eu não digo, porque a Sra. deu as mais delumbrantes provas de que há de vir a ser lá... (elevando a mão) para o futuro uma moça das mais trabalhadoras que eu conheço! E ainda hoje disso deu segurança no jardim do quintal, em que não ficava flor que não fosse pela Sra. cultivada!
SILVESTRA - Inda bem que a Sra. sabe, e faz-me o obséquio de dizer! E se eu o não fora ainda, não era de admirar; pois não conto mais de nove a dez anos de idade.
MATEUS (voltando-se para Silvestra) - Pois a Sra. esteve no quintal?
SILVESTRA - Pois então, Papai; eu não havia de ir cortar, arrancar todas as ervas perniciosas, que crescendo destroem as plantas, as flores preciosas ?
MATEUS (com muita alegria, pegando a filha) - Filha! Filha minha! Vem a meus braços! (Abraça-a e beija-a muitas vezes.) Fazes, minha muito amada Silvestra, o que Deus faz aos Governos! O que os bons Governos fazem aos Governados! Prendem; castigam; melhoram; ou inutilizam os maus - para que não ofendam, nem prejudiquem os bons! E vocês (para as outras), o que faziam, durante o tempo em que minha inteligente Silvestra procedia com tanto acerto, praticando uma tão meritória ação e digna dos maiores elogios?
PÊDRA E CATARINA (quase ao mesmo tempo) - Eu regava as plantas e flores, com a mais fresca e cristalina água, a fim de que crescessem e dasabrochassem - perfeitas e puras! ( Isto disse Catarina)
PÊDRA - Eu, Papai, mudava algumas e plantava outras.
MATEUS - Já vejo que todas trabalharam muito! Hei de fazer a cada uma das Sras. O mais lindo presente! (Movendo a cabeça - inclinando- a.) Isto é, quando eu sair à rua! Pois bem sabem que eu aqui não tenho com que lhes presentear.
PÊDRA - Eu quero... quero: o que há de ser? (Levantando algum tanto a cabeça.) Uma boneca de cera, do tamanho da (apontando) Silvestra! E toda vestida de seda, ouviu, Papai? Com brincos, adereço... O Sr. sabe como se vestem as moças que se casam; assim é que eu quero! Não se esqueça; não se esqueça de comprar e me trazer assim. Olhe ( batendo- lhe a mão no braço), se na loja do Pacífico não tiver, tem na do Leite, na do Rodolfo, ou do Paradeda.
SILVESTRA - Eu me contento com menos! Quero um vestido de seda, lavrada a barra, e as mangas a fio de ouro; com blonds, e tudo o mais que se usar, do mesmo fio, ou daquilo que for mais moderno.
MATEUS (para Silvestra) - Contentas-te só com isso? Não queres sapatos de seda, botinhas de veludo tãobém bordadas de ouro, ou enfeite fino para a cabeça?
SILVESTRA - Não, Papai; basta o vestido; o mais tudo eu tenho muito bom, e em estado de poder servir com o lindo vestido que lhe peço. Sempre gostei da economia; e sempre aborreci a prodigalidade!
MATEUS - Estimo muito; é o mais fiel retrato da moral do velho Mateus! (Para Catarina:)E a Sra., que está tão calada! Então, não pede nada?
CATARINA - As manas já pediram tanto, que eu não sei o que lhe hei de pedir; parece que tudo há de custar tanto dinheiro, que se o Sr. não tivesse ainda há pouco tirado a sorte grande na loteria do Rio de Janeiro, eu acreditaria - que teria de vender a cabeleira, para satisfazer tantos pedidos!
MATEUS - Não; não, menina! O que elas pedem custa pouco comparativamente aos meus e vossos rendimentos. Diga, diga: o que mais estimará que eu lhe traga, para comprar e trazer-lhe?!
CATARINA - Pois bem; em vou dizer-lhe: mas V. Mcê não se há de zangar.
MATEUS - Não; não; peça o que quiser, que eu com muito prazer lhe trago!
CATARINA - Pois então, visto que tem gosto em me fazer um presente... Até se eu não tivesse de ir a um batizado à casa da minha amiga e comadre D. Leocádia das Neves Navarro e Souto, eu não diria o que mais preciso, e quero que me dê... É um ramalhete das mais delicadas flores que se costumavam vender nas lojas das modistas francesas e alemãs.
MATEUS - E levou tanto tempo para pedir uma cousa de tão pouco valor!?
CATARINA - Não é de muito pequeno valor! O que eu quero é de uns muito mimosos, cujo preço sobe a dez ou doze mil-réis!
MATEUS - Pois então, isso é muito barato! Mas como é o que me pede, fique certa que há de ser servida, tanto mais que tem a intenção de se apresentar com ele em um baile, batizado, ou não sei que festa!
CATARINA - É quanto basta; e com ele ficarei muito contente!
MATEUSA (entra rengueando, revirando os olhos, e fazendo mil trejeitos; as filhas que a observam dizem umas para as outras) - Aí vem a Mamãe! - (Quase em segredo, rapidamente:) Olhem a Mamãe! Vamos! Vamos! Já são nove horas! (Para o pai:) Papai! Não se esqueça das nossas encomendas, como nós não nos esquecemos d’orar a Deus para que prolongue seus dias; e que estes sejam felizes! Até logo à hora do jantar ( e fazendo uma profunda cortesia, depois de lhes beijarem a mão, pegando nas saias dos vestidos), que é quando poderemos ter o inexprimível prazer de passar alguns preciosos momentos em sua estimável companhia.
CENA TERCEIRA
MATEUSA (aproximando-se às filhas) - Vão meninas, vão fazer a sua costura! Está tudo marchando! Cada uma das Sras. Tem na sua almofada o pano, a linha, a agulha; e tudo o mais que é necessário para trabalhar até às 2 da tarde. O que é de abordar para a Pêdra, está desenhado a lápis; os picados para a Catarina, estão alinhavados; e a costura lisa, a camisa deste velho feio ( batendo no ombro do marido) está começada. Tenham cuidado: façam tudo muito bem feitinho.
CATARINA, PÊDRA E SILVESTRA - Como sabe, somos obedientes filhas; deve por isso contar que assim havemos de fazer. (Saem.)
MATEUSA (para o marido, batendo-lhe no ombro) - Já sei que está repassado de prazer! Esteve com suas queridas filhinhas mais de duas horas! E eu lá, sofrendo as maiores saudades!
MATEUS - É verdade, minha querida Mateusa (batendo-lhe também no ombro), mas, antes de te dizer o que pretendia, confessa-me: Por que não quiseste tu o teu nome de batismo, que te foi posto por teus falecidos Pais?
MATEUSA - Porque achei muito feio o nome Jônatas que me puseram; e então preferi o de Mateusa, que bem casa com o teu!
MATEUS - Sempre és mulher! E não sei o que me pareces depois que ficaste velha e rabugenta!
MATEUSA (recuando um pouco) - És bem atrevido! De repente, e quando não esperares, hei de tomar a mais justa vingança das grosserias, das duras afrontas com que costumas insultar-me!
MATEUS (aproximando-se e ela recuando)
MATEUSA - Não se chegue para mim ( pondo as mãos na cintura e arregaçando os punhos) que eu não sou mais sua! Não o quero mais! Já tenho outro com quem pretendo viver mais felizes dias!
MATEUS (correndo a abraçá-la apressadamente) - Minha queridinha; minha velhinha! Minha companheirinha de mais de 50 anos (agarrando-a), por quem és, não fujas de mim, do vosso velhinho! E as nossas queridas filhinhas! Que seriam delas, se nós nos separássemos; se tu buscasses, depois de velha e feia, outro marido, ainda que moço e bonito! Que seria de mim? Que seria de ti? Não! Não! Tu jamais me deixarás. (Tanto se abraçam; agarram; pegam, beijam-se, que cai um por cima do outro.) Ai! Que quase quebrei uma perna! Esta velha é o diabo! Sempre mostra que é velha e renga! (Querem erguer-se sem poder.) Isto é o diabo!...
MATEUSA ( levantando-se, querendo fazê-lo apressadamente e sem poder, cobrindo as pernas que, com o tombo, ficaram algum tanto descobertas) - É isto, este velho! Pois não querem ver só a cara dele? Parece-me o diabo em figura humana! Estou tonta.. Nunca mais, nunca mais hei de aturar este carneiro velho, e já sem guampas! (Ambos levantaram-se muito devagar; a muito custo; e sempre praguejando um contra o outro. Mateusa, fazendo menção ou dando no ar ora com uma, ora com outra mão: ) Hei de ir-me embora; hei de ir; hei de ir!
MATEUS - Não há de ir; não há de ir; não há de ir porque eu não quero que vá! Você é minha mulher; e pelas leis tanto civis como canônicas, tem obrigação de me amar e de me aturar; de comigo viver, até eu me aborrecer! (Bate com um pé.) Há de! Há de! Há de!
MATEUSA - Não hei de! Não hei de! Não hei de! Quem sabe se eu sou sua escrava!? É muito gracioso, e até atrevido! querer cercear a minha liberdade! E ainda me fala em Leis da Igreja e civis, como se alguém fizesse caso de papéis borrados! Quem é que se importa hoje com Leis ( atirando-lhe com o ‘Código Criminal’) , Sr. banana! Bem mostra que é filho dum lavrador de Viana! Pegue lá o Código Criminal, - traste velho em que os Doutores cospem e escarram todos os dias, como se fosse uma nojenta escarradeira!
MATEUS (espremendo-se todo, abaixa-se levanta o livro e diz à mulher) - Obrigado pelo presente: adivinhou ser cousa de que eu muito necessitava! (Mete-o na algibeira. À parte: ) Ao menos servirá para algumas vezes servir-me de suas folhas, uma em cada dia que estas tripas (pondo a mão na barriga) me revelarem a necessidade de ir à latrina.
MATEUSA - Ah! já sabe que isso não vale cousa alguma; e principalmente para as Autoridades - para que tem dinheiro! Estimo muito; muito; e muito! (Pega em um outro - a "Constituição do Império" e atira-lhe na cara.)
MATEUS (gritando) - Ai! cuidado quando atirar, Sra. D. Mateusa! Não continuo a aceitar seus presentes, se com eles me quiser quebrar o nariz! (Apalpa este, e diz: ) Não partiu, não quebrou, não entortou! ( E como o nariz tem parte de cera, fica com ele assaz torto. Ainda não acaba de endireitá-lo, Mateusa atira-lhe com outro de ‘História Sagrada’, que lhe bate numa orelha postiça, e que por isso com a pancada cai; dizendo-lhe: ) Eis o terceiro e último que lhe dou para... os fins que o Sr. quiser aplicar!
MATEUS (ao sentir a pancada, grita) - Ai que fiquei sem orelha! Ai! Ai! Ai! Onde cairia? (Atirando os livros na velha e com raiva. ) Por mais que recomendasse a esta endemoninhada que não queria presentes caros, este demônio havia de quebrar-me o nariz e pôr-me fora uma orelha! Ó Mateusa do diabo! Com quê, partes desta casa sem eu ir amanhã ao baile masquê, visitar as Pavoas!? e...
MATEUSA (batendo o pé) - Cachorro! Ainda me fala em pavoas, e em baile masquê!? Traste! Ordinário! Já... rua, seu maroto!
MATEUS (voltando-se para o público) - Já se viu que escaler velho mais impertinente! Esperem que eu lhe boto cavernas novas! (Procurando uma bengala. ) Achei! ( Com a bengala em punho) Já que a Sra. não faz caso da lei escrita! falada! e jurada! há de fazer da lei cacetada! paulada! ou bengalada! (Bate com a bengala no chão.)
MATEUSA - Ah! dessa lei, sim, tenho medo. (À parte.) Mas ele não pode comigo, porque eu sou mais leve que ele; tenho melhor vista ; e pulo mais. (Pega em uma cadeira e dá-lhe com ela, dizendo: ) Ora tome lá! (Ele apara a pancada com a bengala, encolhendo-se todo; enfia esta na cadeira; empurram para lá, empurram para cá.)
CATARINA, PÊDRA E SILVESTRA (aparecendo na porta dos fundos; umas para as outras) - Vai lá! (Empurrando. Outra: ) Vai tu apartar! (Outra: ) Eu, não; quando eles estão assim, eu tenho medo, porque sou pequenina!
MATEUS - Ai! eu caio! Quem me acode! Perdi o queixo!
MATEUSA (gritando e correndo) - Ai! eu esfolei um braço, mas deixo-lhe a cadeira enfiada na cabeça! (Quer assim fazer e fugir, mas Mateus atira-lhe a cadeira às pernas; ela tropeça e cai; ele vai acudi-la; quer correr; as filhas convidam-se a fugir; ele cai aos pés da velha).
BARRIÔS (o criado) - Eis, Srs., as conseqüências funestas que aos administrados ou como tais considerados, traz o desrespeito das Autoridades aos direitos destes; e com tal proceder aos seus próprios direitos: - A descrença das mais sábias instituições, em vez de só a terem nesta ou naquela autoridade que as não cumpre, nem faz cumprir! - A luta do mais forte contra o mais fraco! Finalmente, - a destruição em vez da edificação! O regresso, em vez do progresso!
FIM DA COMÉDIA
Porto Alegre, maio 12 de 1866.
Beco do Rosário, sobrado de 3 janelas, nº 21.
PELO RIO-GRANDENSE -
JOSÉ JOAQUIM DE CAMPOS LEÃO, QORPO-SANTO; AOS 37 ANOS DE IDADE.
Mateus e Mateusa ou...
... O que é e o que poderia ser.
Quem não viu a peça de teatro que encerrou a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia ainda tem tempo de assistir a última apresentação. Hoje, domingo, às 20h00, no Teatro Gebes Medeiros (Av. Eduardo Ribeiro - Ideal Clube). No elenco Nonato Tavares e Koia Refskalevsky, entre outros. A realização é da Pro-Reitoria de Extensão da Universidade Estadual do Amazonas em parceria com a Secretaria de Estado de Cultura.
A abertura da peça faz uma homenagem a Arthur Bispo do Rosário, cuja obra está em exposição no Centro Cultural Palácio da Justiça, onde também está em exposição a obra do fotógrafo Nivaldo de Lima, presidente da Associação Chico Inácio - ONG em defesa dos direitos civis, políticos e sociais dos portadores de transtorno mental do Amazonas.
Nonato Tavares veste um manto semelhante ao de Bispo do Rosário e encarna um dos loucos de rua da cidade de Manaus dos mais conhecidos da atualidade. É antológica a cena em que usa uma camisa de força, símbolo da psiquiatria carcerária.
Não perca! Último dia!
outubro 20, 2007
Tefé recebe prêmio nacional em saúde mental
Da esq. para dir.: Heliana Feijó (Secretaria de Saúde do Interior da Secretaria Estadual de Saúde), Ralf Kaiser (Coordenador do Programa Municipal de Saúde Mental de Tefé-AM), Rogelio Casado (então Coordenador do Programa Estadual de Saúde Mental); Ester Pellizzari (médica psiquiatra do CAPS II de Tefé) e Dário Vicente da Silva (Secretário de Saúde do Município de Tefé-AM)
No dia 29 de abril de 2006, fui convidado pelo Secretário Municipal de Saúde de Tefé, Dário Vicente da Silva, a participar da inauguração do CAPS Lígia Rodrigues Barros (CAPS tipo II, que funciona de segunda a sexta, em dois turnos, e que tem na equipe médico psiquiatra, assistente social, enfermeira, entre outros profissionais de saúde). Comigo, participou desse momento histórico da saúde pública de Tefé, a querida companheira Heliana Feijó, Secretaria de Saúde do Interior da Secretaria Estadual de Saúde). Tive a honra de cortar a fita simbólica.
Três personagens merecem destaque. Primeiro, o Secretário Dário Vicente da Silva, com quem tive o prazer de manter longa interlocução quando ele atuava no Conselho Estadual de Saúde. Sem ele o CAPS seria apenas um sonho. Conhecido como um dos secretários municipais de saúde mais dinâmicos do estado do Amazonas, foi dele a iniciativa de criar o segundo CAPS do estado. Visão pública e compromisso social fazem parte do perfil desse jovem gestor de saúde.
Foi Dário quem identificou o psicólogo Ralf Kaiser em Manaus, que vinha do Rio Grande do Sul de uma experiência em CAPS, onde fez sua formação. Aqui, o segundo personagem. Ele é o autor do Projeto CAPS de Tefé. Conhecido como Alemão (apelido que me foi confiado por suas companheiras de trabalho, que encontrei no I Congresso Brasileiro de Centros de Atenção Psicossocial, realizado em São Paulo, em 2004). Sem perspectiva de trabalho em Manaus, não precisou aguardar pelos concursos públicos municipal e estadual, se mandou para Tefé a convite de Dário, onde pretende ficar pelos próximos 20 anos. Na pressa, Ralf deixou de despedir-se da Associação Chico Inácio - ONG de defesa dos direitos civis e políticos dos portadores de transtorno mental, filiada à Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial -, ONG que o acolheu quando chegou na cidade. A turma não gostou, Ralf. Sem ressentimentos, baixou a Síndrome do Pequeno Princípe (tu-te-tornas-eternamente-responsável-por-aquilo-que-cativas). Em jogo, a solidariedade nossa de cada dia.
A terceira personagem é Ester Pellizzari. Médica psiquiatra, trabalhou no Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro, logo após o início da construção da Reforma Psiquiátrica no Amazonas. Há vinte anos vivia em Porto Alege, onde trabalhava em consultório privado. Retornando ao Amazonas, pediu-me para ir trabalhar no interior do estado (pretendia resgatar seu vínculo profissional com a Secretaria Estadual de Saúde, garantia que a Constituição permite para esposas de militares). A nobreza do pedido - raros são os médicos que querem trabalhar no interior - me sensibilizou. Ofereci três alternativas. Sua escolha recaiu para o município de Tefé. Dário não titubeou, quando indiquei seu nome, contratou-a de imediato.
O prêmio concedido pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) tem tudo a ver com esses três personagens. No entanto, é preciso contextualizá-lo. Tem um duplo mérito: reconhecer o esforço amazonense de se incluir no cenário da Reforma Psiquiátrica brasileira contemporânea e reconhecer que apesar da ambiguidade da ABP (desde julho de 2006 vem agredindo sistematicamente a pessoa de Pedro Gabriel Delgado, atual Coordenador Nacional de Saúde Mental - a quem presto minha solidariedade - e detonando as conquistas da Reforma), a psiquiatria conservadora rende-se ao trabalho dos mentaleiros de todas as latitudes do Brasil.
A pergunta que não quer calar: quando outras municipalidades investirão na implantação dos seus CAPS? Pelo que tenho conhecimento estão em perspectiva: Itacoatiara, Tabatinga, São Gabriel da Cachoeira. Oxalá, seja verdade! Quanto a Manaus? Dolorosa interrogação.
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Tefé recebe prêmio nacional em saúde mental
Luiz Castro
19.10.2007
A Prefeitura Municipal de Tefé recebeu, esta semana, em Porto Alegre (RS), o Prêmio Nacional de Inclusão Social em Saúde Mental, concedido pela Associação Brasileira de Psiquiatria. O Projeto do Centro deAtenção Psico-Social (Caps), implantado pela Secretaria Municipal de Saúde de Tefé, concorreu com 157 projetos de prefeituras de todo o País.
O deputado Luiz Castro (PPS) disse que o prêmio é um reconhecimento aotrabalho que vem sendo desenvolvido pelo município, no atendimento eficiente e humanizado, dos pacientes com transtornos mentais.
Dentre os municípios amazonenses, Castro disse que Tefé vem se destacando pelos avanços na política de saúde, não só na saúde mental, mas em outras especialidades de atendimento que estão disponíveis àspopulações dos municípios próximos.
O Centro de Atenção Psico-Social é coordenado pelo psicólogo Ralf Kaiser, e funciona desde o início do ano passado. Mais de 500 pacientes recebem tratamento médico, psicológico, de enfermagem, e fornecimento de medicamentos. Uma equipe especializada realiza terapia de grupo e visitas às famílias dos pacientes.
De acordo com o secretário de Saúde, Dário Vicente da Silva, o Centro dispõe de toda a estrutura para o atendimento e os portadores dedistúrbios mentais não precisam mais se deslocar a Manaus em busca de tratamento.
Entusiasmado com a experiência na saúde mental, Dário atribui o sucessodo projeto ao esforço e à dedicação dos profissionais, que contam com o apoio do prefeito Sidônio Gonçalves. Além do prêmio no valor de R$ 20mil, o projeto implantado no município amazonense será divulgado em todos os Estados.
Dário Vicente destacou ainda que o município de Tefé apresentou à Comissão Européia um projeto para aquisição de equipamentos médicos e contratação de pessoal. No início deste mês, ele esteve em Lisboa acompanhando a avaliação do projeto e está otimista quanto à aprovação do repasse de recursos no valor de 800 mil euros.
O secretário lembrou ainda que o município foi convidado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para de um encontro de saúde em El Salvador, no final deste mês. O Brasil terá apenas dois representantes nesse encontro: Tefé e Porto Alegre (RS).
Assessoria de Comunicação
Georgina Andrade - 8812-8015
Simone Oliveira - 9964-0542 / 9131-5285
Gabinete - 3183-4421 ou 4422
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Agora leia o que foi publicado neste blog por ocasião da inauguração do CAPS II de Tefé:
CAPS II Lígia Rodrigues Barros
No dia 29 de abril de 2006 foi inaugurado no município de Tefé, Médio Solimões, o segundo Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) do estado do Amazonas. O Secretário Municipal de Saúde Dário Vicente da Silva - presidente do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (CONASEMS) -, não mediu esforços para viabilizar um CAPS tipo II na cidade de Tefé, que é um dos 14 polos de saúde do estado (cada polo de saúde foi estrategicamente definido ao longo das diversas calhas dos rios amazônicos). O credenciamento do CAPS II junto ao Ministério da Saúde só é possível mediante a presença de um médico psiquiatra na equipe. Preenchidos todos os requisitos, a comunidade tefeense não precisa mais recorrer à capital amazonense para receber cuidados em caso de sofrimento mental. De imediato serão igualmente beneficiados os municípios circunvizinhos ao polo de saúde de Tefé: Alvarães, Uarini, Maraã, Japurá, Juruá e Carauari. Desde já os cofres públicos desses municípios não precisam mais investir em deslocamentos aéreo ou hidroviário (1 hora e meia de avião e quase dois dias de barco) para tratar cidadãos com sofrimento mental, poupando sofrimento aos familiares e recursos financeiros da prefeitura.
Persistência
Foram quase 9 meses de busca por um imóvel capaz de abrigar um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) na cidade de Tefé. Segundo o psicólogo Ralf Kayser, coordenador do Programa Municipal de Saúde Mental, os aluguéis de imóveis são caros, e estão quase no mesmo nível de cidades como Porto Alegre, como informa a médica psiquiatra Ester Pellizzari, recém chegada da capital do Rio Grande do Sul.
Medicamentos
[...] o CAPS II de Tefé estará dispensando medicamentos psiquiátricos para os usuários de saúde mental do Médio Solimões. O Ministério da Saúde é quem fornecerá os medicamentos da cesta básica e os medicamentos especiais utilizados na clínica psiquiátrica. Exigência: o município deve possuir uma rede de atenção em saúde mental. É o caso de Tefé, que brevemente estará oferecendo leito psiquiátrico para portadores de sofrimento mental no hospital geral da cidade, ampliando o leque de ações em saúde mental.
Lulinha, paz e amor
Dário Vicente da Silva, Secretário Municipal de Saúde de Tefé, encarna um "Lulinha, paz e amor". Na sua fala, a consciência do dever cumprido e os agradecimentos a todos que ajudaram a colocar Tefé no mapa dos serviços substitutivos ao manicômio no Brasil.
A arte que liberta não pode vir da mão que escraviza
A arte que liberta não pode vir da mão que escraviza
Vem aí Semana de Arte Moderna da Periferia. Iniciativa recupera radicalidade de 1922 e da Tropicália, mas afirma, além disso, Brasil que já não se espelha nas elites, nem aceita ser subalterno a elas. Diplô abre coluna quinzenal sobre cultura periférica
Eleilson Leite
Tomei este título de empréstimo do Manifesto da Antropofagia Periférica, mais uma pedra preciosa do poeta Sergio Vaz. Escrito em prosa poética, este texto, cuja íntegra, reproduzo aqui é uma ode à Periferia e a cultura produzida nas quebradas e cafundós da metrópole paulistana. No ano em que se comemora os 85º aniversário da Semana de Arte Moderna e os 40 anos da Tropicália, é da Periferia que emerge o movimento que melhor representa a tradição antropofágica celebrada em 1922 e 1967. Por isso, prepare-se caro leitor: vem aí a Semana de Arte Moderna da Periferia.
Concebido pela Cooperifa – Cooperativa de Artistas da Periferia, o evento é organizado por mais de 40 grupos de várias partes da Região Metropolitana de São Paulo e promoverá, entre os dias 4 e 10 de novembro, mais de cem atividades, em diversos pontos da Zona Sul da Capital. A abertura será no melhor estilo Fórum Social Mundial. Haverá uma caminhada cultural que partirá da Ponte do Socorro até a Igreja de Piraporinha. No percurso, muita agitação, manifestos e intervenções artísticas.
Durante toda a semana que segue, uma extensa programação dará uma mostra eloqüente da riqueza da produção cultural periférica, cada dia privilegiando uma linguagem artística. Na segunda-feira, artes plásticas; terça, dança; quarta, literatura; quinta, cinema; sexta, teatro e no sábado, música. Serão shows, espetáculos, intervenções, exposições mostras, além de debates, oficinas e palestras. Tudo organizado pelos próprios artistas, coletivamente, num processo participativo tão característico dos movimentos sociais. As reuniões preparatórias chegam a reunir mais de 50 pessoas, lá no Bar do Zé Batidão, palco do famoso Sarau da Cooperifa.
“Pensávamos que não sabíamos ler, agora estamos escrevendo livros”
Essa característica de movimento e a condição social dos artistas que promovem a Semana de Arte Moderna da Periferia é um fator que distingue este evento daqueles liderados por Oswald de Andrade e Caetano Veloso. A Semana de 1922 e a Tropicália defendiam posições estéticas dentro do campo dominante. Eram posturas inovadoras, radicais, mas disputavam com a elite. Agora, Sergio Vaz e os artistas da Periferia vêm à público constranger as elites. Como diz o escritor Alessandro Buzo, “pensavam que não sabíamos ler, agora estamos escrevendo livros”. Esses artistas vão defender um espaço no qual sempre estiveram excluídos. Na Periferia se faz cinema, teatro, música, dança, artes plásticas e literatura. O evento vai se constituir num espaço de afirmação dessa cultura.
Afirmar a arte da periferia é em si um ato político.
Os famintos farão seu próprio banquete. E a fome é grande: fome de arte, de amor, de paz , de justiça. “Por uma Periferia que nos une pelo amor, pela dor e pela cor”, como diz o Manifesto em seu verso final.
Participe. Na próxima coluna vou apresentar, comentar e dar dicas da programação completa da Semana de Arte Moderna da Periferia.
Fonte: LE MONDE diplomatique
I Colóquio Internacional Psicanálise e Arte - Saber Fazer com o Real
Data: 29 e 30 de outubro
Local: UERJ
Inscrições on line: http://www.cepuerj.uerj.br/
Sandra Autuori apresentará o texto "A Arte Sinthomática na Clínica das Psicoses" na mesa Arte e Psicose.
Segunda Edição da Mostra do Filme Etnográfico
II Mostra Amazônica do Filme Etnográfico
Data: 26 a 31 de outubro
Local: Teatro Gebes Medeiros
Inicia na próxima semana, no Teatro Gebes Medeiros (Centro Cultural Ideal Clube), a edição anual da Mostra Amazônica do Filme Etnográfico, uma realização do Núcleo de Antropologia Visual da UFAM e o Centro Universitário do Norte – Uninorte. A II Mostra pretende reeditar o sucesso alcançado no ano passado, quando conseguiu – nas suas várias atividades – repercutir junto a estudantes e artistas da área da imagem cinematográfica, abrindo horizontes no olhar que devemos ter sobre os povos que habitam a pan-amazônia.
A realização da II Mostra está sendo patrocinada pela Secretaria de Estado da Cultura e FAPEAM, com o apoio da Petrobrás, Copa Airlines, ISA, SESC/Amazonas, COIAB e IPHAN e recebe a chancela da Associação Brasileira de Antropologia.
Praticamente mantendo a mesma estrutura de multi-eventos, esta segunda edição traz a Mostra Competitiva como carro-chefe, quando premiará com o Troféu Muiraquitã os melhores filmes nas categorias curta, média e longa-metragem, além do escolhido pelo Júri Popular. Como novidade, haverá ainda duas novas premiações: uma, o Prêmio ABD-Am, patrocinado pela Associação Brasileira de Documentaristas – Seção Amazonas, com júri específico, e outra, o Prêmio COIAB.
Para a Mostra Competitiva, a curadoria selecionou 15 filmes dos 40 inscritos (nas três categorias), que têm procedência de São Paulo (3), Pará (1), Rio (1), Roraima (1), Amapá (1), Pernambuco (1), Amazonas (4), Peru (2) e Colômbia (1). Os filmes serão julgados pelo júri composto pelo escritor amazonense Márcio Souza, pela antropóloga e professora da UFAM Márcia Calderipe, pelo cineasta peruano Fernando Valdívia (vencedor na I Mostra), pelo professor do Departamento de Cinema da Unicamp Marcius Freire e pelo cineasta e presidente da ABD/Rondônia Beto Bertagna.
A II Mostra prestará uma homenagem ao projeto Vídeo nas Aldeias, com sede em Pernambuco, através de seus coordenadores e cineastas Vincent Carelli e Mari Corrêa, por sua contribuição, desde 1987, no intercâmbio de tecnologias audiovisuais e na capacitação de indígenas interessados em realizar seus próprios filmes. Haverá ainda uma Mostra de Filmes do projeto, numa espécie da Circuito Paralelo, que ocorrerá no auditório Rio Negro do ICHL/UFAM (dias 29 e 31), no auditório da COIAB (dia 29) e no Campus do Uninorte (dia 30), além das sessões de abertura e encerramento.
Uma segunda homenagem será prestada ao Pe. Casimiro Bekstá, um dos primeiros estudiosos dos povos indígenas do Rio Negro que se preocupou em registrar com imagens seus ritos e comportamentos cotidianos. A homenagem será manifestada através das palavras do prof. Renato Athias, da Universidade Federal de Pernambuco, que trabalhou aqui, durante vários anos, próximo ao Pe. Casimiro.
Cursos e Oficina
À exemplo da edição anterior, a II Mostra realizará dois mini-cursos e uma oficina gratuitos, cumprindo o importante papel de contribuir para a formação e capacitação de futuros realizadores e pesquisadores do campo do filme documental e etnográfico.
O mini-curso “O Uso da Fotografia na Pesquisa de Campo” será ministrado pelo fotógrafo, cineasta e psicanalista José Inácio Parente, do Rio de Janeiro. Parente age decisivamente há quase 20 anos na produção cultural, tendo publicado seis livros de fotografias, dentre eles “A Estereoscopia no Brasil” e “Pai Presente”. Dirigiu diversos filmes que ganharam prêmios em festivais nacionais e internacionais, entre eles Rio de Memória e A Trama da Rede, além de ser curador da exposição “Retratos da Cidade”, no Centro Cultural Banco do Brasil. Metodologicamente, o curso está estruturado em exibições de filmes e leituras de portifólio, quando os participantes terão a oportunidade de analisar fotografias e trocar impressões, inclusive sobre produções próprias.
Na condução do mini-curso “Antropologia Visual” estará o professor Renato Athias, da Universidade Federal de Pernambuco, com larga experiência em estudos e produções audiovisuais etnográficos. O sucesso obtido no ano passado com a oficina de “Som Direto Para Documentários”, com o professor David Pennington, da Universidade de Brasília, e a grande procura por essa área técnica motivaram a coordenação da II Mostra a oferecer uma nova edição dessa oficina, com o professor David apresentando agora mais novidades nesse setor de produção.
Fóruns de Debates
Estão previstos três fóruns no Teatro Gebes Medeiros, com a constituição de mesas-redondas de debates. O primeiro abordará “A Experiência do Projeto Vídeo nas Aldeias”, contando com a presença de seus coordenadores Vincent Carelli e Mari Corrêa e do prof. Carlos Dias Jr., da UFAM. Uma outra mesa-redonda - “Olhares Indígenas” – debaterá as imagens produzidas pelos cineastas indígenas, representados por Isaac Pinhanta, Takuma Kuikuro, André Baniwa e Zezinho Yube, mediada por Fernando Valdívia e Marcius Freire. Um terceiro fórum refletirá o tema “Imagem e Memória”, sobre a importância do registro imagético na preservação da memória social, contando com a presença André Bazzanella, do IPHAN, Beto Bertagna, da ABD/Ro e IPHAN, e do professor Alfredo Wagner de Almeida, da UFAM.
Lançamentos e Exposições
Na sessão de abertura da II Mostra, no dia 26, será lançado o 1º DVD da coleção “Cineastas Indígenas” realizado pelo Coletivo Kuikuro de Cinema e produzido pelo projeto Vídeo nas Aldeias. Também será efetuado o lançamento do livro “Silvino Santos, o Cineasta da Borracha”, de Márcio Souza, resgatando o importante papel do pioneiro do cinema no Amazonas.
No mesmo dia, após a sessão de abertura, serão abertas as exposições “Três Olhares, uma Amazônia”, dos fotógrafos Jimmy Christian, Fernanda Preto e Erlan Moraes, todos integrantes do NAVI, e “O Mito Tukano da Criação, segundo Gabriel Gentil”, com desenhos do falecido indígena, atuando na curadoria a professora Graça Barreto.
*** Para saber mais dê uma espiada no site www.mostraetnografica.ufam.edu.br