De volta para casa - Em meados de 2007, Márcia Maria Gomes de Souza, Terapeuta Ocupacional do Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro, promoveu com a Coordenação do Programa Estadual de Saúde Mental uma Mostra de Fotografias do processo de construção da saída dos usuários de longa permanência hospitalar para as moradias assistidas.
Até a presente data, cerca de 50 pessoas ainda residem no hospital psiquiátrico, constituindo-se no grupo que será beneficiado pelo programa de moradias assistidas.
Psiquiatria amazonense - Para uma população de quase dois milhões de habitantes, chega a ser surpreendente, para quem desconhece a história da Reforma Psiquiátrica no estado do Amazonas, que em Manaus, no único hospital psiquiátrico existente, residam pouco mais de 40 pessoas. Para a realidade brasileira, trata-se de uma situação excepcional, posto que ainda existe uma grande população psiquiátrica que lotam velhos manicômios, alguns com mais de 900 pessoas internadas.
Infelizmente, os estudantes universitários dos cursos afins aos saberes psi (serviço social, enfermagem, psicologia, medicina, educação física), como dos saberes solidários (comunicação, artes), desconhecem como a jovem psiquiatria dos anos 1980 foi decisiva para interromper o processo de degradação a que são submetidos, historicamente, os modelos de tratamento baseados nos manicômios e seus ambulatórios medicalizadores.
Decididamente o Amazonas saiu, ainda nos anos 1980, do mapa da violência institucionalizada contra portadores de sofrimento psíquico. Na época não tinhamos Terapeutas Ocupacionais. Ainda assim deixamos marcado na memória da Saúde Mental os primeiros passos na direção da reabilitação psicossocial dos internos do Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro, através da produção de 1 tonelada de verduras, criação de suínos, roçado de milho, mandioca e macaxeira, além de uma casa para produção de farinha. Todos devidamente remunerados.
Direito à cidadania - Passados 28 anos, alguns dos internos que participaram do que foi nomeado como Grupo de Agricultura, envelhecidos e ainda residentes no Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro, serão beneficiados pelo programa de moradia assistida. Um direito de cidadania, usurpado pelo Estado, com sustenção da legislação da época, está sendo restituído aos portadores de sofrimento psíquico no governo do engenheiro Eduardo Braga. É motivo de orgulho para todos os que contribuiram para com essa página da história que está sendo dobrada. Que renda boas lições!
Nota: Não confundir Moradias Assistidas com o Programa de Volta para Casa, embora o primeiro seja beneficiado pelo segundo.
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