Repúdio, como desabafo...
Vários estudiosos da Saúde Mental discorrem sobre as dificuldades de implementação de um novo modelo assistencial. Estamos em pena transição de paradigma, é compreensível que obstáculos existam, não é simples romper com o poder do modelo hospitalocêntrico, porém toda a compreensão não deve ser passiva. Como profissional comprometida com a causa das PESSOAS com sofrimento mental intenso, me sinto obrigada a fazer esta pequena nota de repúdio, até como um desabafo..
Hoje, dia 11 de Outubro (dia seguinte ao dia Nacional da Saúde Mental), uma colega de trabalho e eu - ambas psicólogas de um CAPS - sistema ainda não substitutivo - estivemos em um dos hospitais psiquiátricos particulares conveniados ao SUS de Maceió, para realizar um acompanhamento psicológico de dois de nossos usuários que ali estão internos.
Respaldadas pela nova política de atenção em saúde mental, que trabalha dentro do conceito de Território, sendo este todo o espaço permeado de sentido para a pessoa com sofrimento mental; que aponta a Tomada de responsabilidade (DELL’AQUA & MEZZINA) como atitude fundamental deste modelo, que compreende, entre outros, o acompanhamento da articulação de outros espaços do território, segundo a necessidade do usuário.
Porém, fomos impedidas pela enfermeira plantonista do hospital de realizar nosso trabalho, com as seguintes argumentações:
1° Não poderíamos entrar depois de encerrado o horário de visita.
2° Teríamos que ter uma autorização dos familiares dos usuários.
Como contra argumentação afirmamos que já estabelecemos vinculo com os usuários e seus familiares no nosso trabalho no CAPS, e que seria interessante para os usuários a continuidade deste vinculo.
3° Porém, afirmou que este Hospital é uma instituição privada e como toda instituição existe regras, ela não estaria autorizada á rompê-las. Neste momento os usuários CAPS, são PACIENTES deles, portanto teríamos que vir com uma autorização do Serviço Social do hospital e com um ofício do secretário de saúde do município. Afirmando ainda, que apenas familiares estão autorizados a realizar visitas, assim, teríamos que nos submeter a toda essa burocracia.
Antes da plantonista se fazer presente, ficamos na guarita do segurança e um dos usuários que iríamos acompanhar nós avistou e conseguimos falar com ele, ele comentara que o segundo usuário estaria ali por perto e se deslocou em uma suposta busca ao mesmo. Não voltou, pelo menos até o nosso convite à retirada ser concluído...
Não sinto necessidade de fazer maiores interpretações...
Maria Carolina Freire d’Anunciação
Psicóloga
Transtornada!!!
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