maio 13, 2010

A desconstrução do manicômio

Nota do blog: O Amazonas entrou no mapa da Reforma Psiquiátrica no início dos anos 1980. Nesse período foram estabelecidos o alicerce ético de tudo o que viria pela frente. Ali começamos a fazer a história da desconstrução do manicômio, da qual o psiquiatra amazonense Manoel Galvão é um dos seus precursores. Tal foi o alcance e a repercussão desse momento inaugural que mesmo os reformistas de araque findaram por defender o ideário dos serviços substitutivos ao manicômio y outras cositas que não faziam parte do seu vocabulário. Um momento marcante dessa época foi a presença de Alfredo Moffat, autor do livro "Psicoterapia do Oprimido", que veio conhecer o prinicipal projeto terapêutico da época. Tratava-se de um projeto de reabilitação psicossocial através de um trabalho agrícola, que resultou na produção de uma tonelada de verduras, roçado de macaxeira, mandioca, milho e feijão, criação de 60 cabeças de suínos e uma casa de farinha, em que homens e mulheres ali internados passaram a ter sua própria renda com o suor do seu rosto. Para minha tristeza, deixei de conhecer Moffat por estar em missão fora do velho hospício. Até a presente data, nenhum governante, nem candidato ao governo anunciou quando o velho hospital colônia dará lugar a um hospital de clínicas, conforme está previsto na Lei Estadual de Saúde Mental, de número 3.177, de 11 de outubro de 2007, lei proposta pela Associação Chico Inácio - filiada à Rede Nacional Internúcleos de Luta Antimanicomial - e sancionada pelo governador Eduardo Braga. Já que vão demolir o estádio Vivaldo Lima para dar lugar a uma outra praça de esportes (Manaus é uma das sub-sedes da Copa do Mundo de 2014), porque não aproveitar o ensejo e demolir o velho hospício da cidade. Você que está de passagem por Belo Horizonte, aproveite e vá conhecer a experiência de desconstrução do manicômio de Trieste, através do psiquiatra italiano Franco Rotelli. Imperdível! Enquanto isso, em Manaus o 18 de maio - dia nacional da luta antimanicomial - será comemorado dentro do hospício. O único momento punk da programação é uma manifestação na rua, em frente do velho manicômio. Ufa! Franco Basaglia, o pai da psiquiatria democrática, que promoveu a terceira revolução do setor, convulso se dabate no túmulo. Ninguém merece!
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