junho 07, 2010

Ferreira Gullar, o reacionário

Ferreira Gullar

Oleo do Diabo


Posted: 06 Jun 2010 06:56 AM PDT
O poeta Ferreira Gullar publica hoje, no caderno de cultura da Folha, um artigo melancólico, desinformado, reacionário e pró-guerra. Considero-o mais uma daquelas vítimas da mídia. Na década de 60, tínhamos o poeta Augusto Frederico Smith, outrora um generoso e boêmio editor, que publicara obras do comunista Graciliano Ramos, participando ativamente do histérico macartismo patrocinado pelos meios de comunicação. Histérica e oportunista, porque sempre visando enfraquecer a esquerda democrática representada pelo PTB e pelo presidente João Goulart.

O texto é inteiramente equivocado, e precisarei apelar para aquela estratégia de fazer comentários intercalados.


Ferreira Gullar: Entre o diálogo e a bomba

Como pode Lula afirmar que está aberto ao diálogo um regime que não tolera divergência, como o do Irã?

O ATUAL REGIME do Irã é um atraso. Trata-se de uma ditadura teocrática intolerante e cruel que não permite aos cidadãos iranianos manifestar-se contra qualquer decisão do governo.

As últimas eleições, que mantiveram no poder Ahmadinejad, foram descaradamente fraudadas e todas as manifestações populares de protesto, brutalmente reprimidas por tropas militares, sendo seus líderes, presos e condenados à morte.

[Todo mundo agora fica chamando o Irã de "ditadura", o que é conceitualmente confuso, visto que o país elege seus governantes através do sufrágio universal. O resultado das eleições do Irã foi confirmado pelo sistema judiciário do país. É, no mínimo, temerário afirmar que houve fraude sem atentar para a campanha política patrocinada pelos EUA para desestabilizar o regime. Gullar apela para o exagero e a desinformação. Vários líderes foram presos, mas consta que somente alguns foram condenados à morte. Em função da notícia, publicada no New York Times, de que os EUA lançaram uma ofensiva clandestina contra o oriente médio, voltada principalmente para o Irã, cujo objetivo era fazer alianças com grupos de dissidentes (leia-se patrociná-los) políticos para que, numa futura guerra contra o país, tivessem auxílio interno, nada prova que os condenados pelo regime iraniano não fossem traidores a soldo dos serviços secretos americanos.]

Às vésperas da visita de Lula a Teerã, cinco deles haviam sido executados. O fanatismo religioso e o ódio aos discordantes é de tal ordem que os cega, a ponto de negarem, perante o mundo, fatos históricos incontestáveis como o massacre de judeus nos campos de concentração nazistas e a destruição das Torres Gêmeas.

[Há manipulação nas falas do presidente iraniano. Lula, que já conversou com ele sobre esse tema, explicou que ele não nega o Holocausto, mas lembra que na II Guerra morreram 60 milhões de pessoas, e 6 milhões de judeus. Não houve somente morte de judeus, portanto. Morreram 20 milhões de russos, por exemplo. Ninguém nega a destruição das Torres Gêmeas. Gullar não pode pegar a afirmação de algum fanático iraniano e fazer disso uma posição oficial do Estado. Os EUA tem fartura de fanáticos que também negam o 11 de setembro.]

Tamanha insensatez e intolerância, que beiram o ridículo, resultaram no isolamento do Irã, mesmo no Oriente Médio. Não obstante tudo isso, o presidente Lula tomou a iniciativa de romper esse isolamento e oferecer seu apoio fraternal ao governo de Ahmadinejad.

[Lula não ofereceu apoio fraternal. Ofereceu mediação. O isolamento do Irã ocorre por parte das potências atômicas ocidentais, e não da comunidade internacional. Tanto que a Rússia continua vendendo mísseis para o Irã e a China é a maior compradora de petróleo do país. Gullar tem uma visão colonizada e anacrônica de achar que o mundo é Europa e EUA. O mundo cresceu e a maior parte dele não isola o Irã.]

É impossível não perguntar: mas por quê? É, sem dúvida, uma atitude surpreendente, difícil de entender. Vejam bem: o Brasil não tem nem nunca teve vinculações estreitas, de qualquer tipo, com o Irã. Não há nenhum objetivo, seja político, seja comercial, que justifique arrostarmos com tamanho desgaste ao apadrinhar um regime repressor e movido pelo fanatismo.

[O Brasil ofereceu mediação porque é membro do Conselho de Segurança da ONU. Não-permanente, mas mesmo assim, membro. Esse cargo implica responsabilidades geopolíticas. O Brasil tem sim objetivos políticos e comerciais para se meter nesse imbróglio. O oriente médio se tornou um dos principais mercados brasileiros, com destaque para o Irã, que é o quinto ou sexto maior comprador da carne brasileira. Os objetivos políticos são ainda mais explícitos. O Brasil abriu espaço para o mundo emergente, deixando claro que as grandes decisões de guerra e paz agora devem ser tomadas pelo conjunto da comunidade internacional. ]

Pior ainda: o apadrinhamento de Lula a Ahmadinejad implica a tentativa de justificar o projeto iraniano de fabricar armas atômicas, contrariando assim o Tratado de Não Proliferação, de que, como o Brasil, é signatário.

[Não há nenhuma prova de que o Irã pretenda construir bombas atômicas. Os EUA justificaram seu ataque ao Iraque com dossiês secretos que provavam a existência de armas de destruição em massa. Era mentira. Por que razão o mundo deve, mais uma vez, se curvar submissamente às tendenciosas acusações americanas?]

Lula faz que não vê, mas não pode ignorar as artimanhas do regime iraniano para escapar à fiscalização da Comissão de Energia Atômica, fingindo disposição de dialogar quando, de fato, tudo o que pretende é ganhar tempo e dar prosseguimento a seu projeto nuclear militar.
Assim foi que, diante de uma nação brasileira perplexa, Lula promoveu um encontro em Teerã com o presidente iraniano e o premiê da Turquia para produzir um suposto acordo que mostrasse a boa vontade do Irã em resolver o impasse.

[O Irã tem aberto suas instalações à Agência Internacional de Energia Atômica e acaba de assinar um acordo duríssimo exigido pela mesma entidade. Não fingiu disposição para o diálogo. Efetivamente dialogou. Gullar faz acusações sem provas ao Irã. Isso se chama irresponsabilidade. Não vimos nenhuma "nação brasileira perplexa", e sim orgulhosa. Gullar confunde seus amiguinhos do Leblon com a "nação brasileira". ]

Mal o assinaram (nele, o Irã prometia entregar 1.200 kg de urânio para serem enriquecidos na Turquia), um porta-voz iraniano declarava que o país continuaria a enriquecer urânio em suas centrífugas. Que sentido tinha então aquele acordo, se o objetivo era o Irã desistir de enriquecer urânio e assim inviabilizar a construção da bomba?

[Gullar está extremamente desinformado. O acordo nunca teve o objetivo de fazer o Irã desistir de enriquecer o urânio, porque as regras internacionais permitem que qualquer país use energia atômica para fins pacíficos. Para fazê-lo, é preciso, naturalmente, desenvolver tecnologia de enriquecimento de urânio. O acordo previa a transferência de 1.200 quilos para outro país, de forma a eliminar as desconfianças das potências nucleares, mas permitia que o Irã prosseguisse enriquecendo parte de seu urânio.]

Sabe-se que o próprio Lula se surpreendeu com essa declaração do governo iraniano, mas, de novo, fechou os olhos e insistiu em avalizar as boas intenções do Irã, enquanto criticava os membros do Conselho de Segurança da ONU, que se dispunham a impor-lhe sanções.

[A surpresa de Lula não foi com a declaração do Irã de que continuaria a enriquecer urânio, e sim o timing da declaração, que foi feita para satisfazer setores linha-dura do regime iraniano.]

Mas isso é coisa sabida e debatida. Difícil é entender por que Lula tomou essa posição, arvorando-se em defensor de um regime antidemocrático e ideologicamente primário, comprometendo desse modo o prestígio de nossa diplomacia, por todos respeitada, graças ao equilíbrio e isenção com que sempre atuou.

[Lula não defendeu o regime iraniano. Defendeu o diálogo e o respeito. O mundo respeita ditaduras muito mais fechadas e autoritárias que o Irã, como a Arábia Saudita e a China. Não vejo motivo para não respeitar o Irã, sendo que ele, repito, tem características bem mais democráticas que outros países.]

Como pode Lula afirmar que está aberto ao diálogo um regime fundamentalista que não tolera divergências? Todas as tentativas de entendimento com o Irã, promovidas pela ONU, fracassaram. Mas, Lula, sempre tão esperto, quando se trata de Ahmadinejad, faz-se de tolo, confia em tudo o que ele diz. Custa crer.

[Tentativas anteriores fracassaram não apenas por culpa do Irã, mas pela arrogância das potências. Lula não "confia" em Ahmadinejad, e sim no Estado iraniano e na capacidade da Agência Internacional de Energia Atômica de fiscalizar o programa nuclear do país.]

Chego a pensar que a explicação esteja em certas declarações suas, como aquela em que negou aos Estados Unidos e à Rússia autoridade para impedir que o Irã fabrique armas atômicas, uma vez que ambos possuem arsenais nucleares.

Com isso, desautorizou o Tratado de Não Proliferação e admitiu implicitamente que qualquer país -inclusive o Brasil- tem o direito de fazer a bomba. Seria essa sua verdadeira intenção, embora nossa Constituição o proíba? Talvez não.

[Irresponsável leviandade. Ridículo. Ainda termina com esse "talvez não" fariseu. Fulano é estuprador, assassino e pedófilo? Talvez não. Fala sério.]

Mas, no Fórum Mundial de Aliança das Civilizações, ao afirmar que o Brasil deseja um mundo sem armas nucleares, voltou a defender a tese, como se não fazer a bomba fosse uma concessão do Irã. E insistiu na necessidade de se preservar a paz no Oriente Médio. Mas não é o Irã que promete pôr fim ao Estado de Israel? Pretende fazê-lo pelo diálogo?

[O Irã tem feito declarações agressivas a Israel, mas as traduções são sempre exageradas e manipuladoras. De qualquer forma, nunca passam de ataques verbais. Enquanto isso, Israel comete crimes hediondos concretos contra as leis internacionais. Claro que é pelo diálogo! Gullar prefere o quê? A guerra? Sanções na adiantam nada. O último país do oriente médio a sofrer sanções foi o Iraque, o que apenas serviu para radicalizar o país e fortalecer setores políticos internos ligados ao militarismo.]

4 comentários:

RAYMOND DE SÁ disse...

Puxa, pensei que fosse o Alberto Penkauskas na foto.Pareceu que sim.No aspecto desinformação e falar sem fundamentos, desinformação e comentários a partir dos "achismos", aí sim, são irmãos gêmeos.Senilidades a parte,melhor ler isso do que ser cego.

RAYMOND DE SÁ disse...

Puxa,por instantes pensei tratar-se do Alberto Penkauskas,muita semelhança!Até mesmo nas opiniões,sem base nem fundamento.Qualquer semelhança trata-se mesmo de meras semelhanças.Serei mais atento na próxima rssss

RAYMOND DE SÁ disse...

Ei, quero comentar Rogélio!tá difícil heim? Abração, ajeitaí, deve ser problema na configuração do blog, decerto...

RAYMOND DE SÁ disse...

Nossa, é a cara do Alberto Penkauskas.....