PICICA: "“Não existe nenhum critério médico que justifique que algo como ataques de ‘birra’, ou comportamentos de crianças que antigamente eram consideradas ‘mal educadas’, possa vir a ser considerado um diagnóstico”, adverte a filósofa."
Neuronarrativas: A hipocrisia institucionalizada da medicalização da saúde mental. Entrevista especial com Sandra Caponi
“Não existe nenhum
critério médico que justifique que algo como ataques de ‘birra’, ou
comportamentos de crianças que antigamente eram consideradas ‘mal
educadas’, possa vir a ser considerado um diagnóstico”, adverte a
filósofa.
Com cada vez mais frequência, a
elaboração da lista de sintomas e diagnósticos de psicopatologias tem
sido alvo de polêmica ou desconfiança. Uma das mais recentes foi quando,
ainda em 2013, a nova edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) listava comportamentos tradicionalmente compreendidos como “birra”, “manha” ou “teimosia”
como sintomáticos e, portanto, passíveis de tratamento médico. Ainda
que os tratamentos em saúde mental cumpram papel fundamental para
promover o bem-estar social e o equilíbrio emocional dos pacientes que
deles necessitam, como diagnosticar adequadamente quando os sintomas ou o
grupo etário de risco são tão abrangentes?
Sandra Caponi,
filósofa que tem se debruçado sobre o tema da medicalização da saúde
mental, acredita que existe algo “muito perturbador, algo de hipocrisia
institucionalizada e socialmente aceita por trás da definição de um
transtorno como ‘Distúrbio da desregulação perturbadora do humor’
aplicável a crianças de 8 a 18 anos de idade”. Afinal, defende, um
diagnóstico psiquiátrico muda completamente o modo como nos vinculamos
com os outros, com o mundo e até com nós mesmos.
“Mais de 70% das crianças diagnosticadas com TDAH
têm algum tipo de transtorno mental na vida adulta”, esclarece. “Isso
significa que a medicação ritalina pode ter atingido o efeito desejado
de acalmar a criança. No entanto, esse medicamento não foi uma
verdadeira terapia, pois os supostos transtornos continuam na vida
adulta”. Para ela, uma série de fatores sociais colabora para os
comportamentos desviantes, e o uso de medicamentos nada fará além de
anestesiar a pessoa enquanto a fonte dos abusos permanece intocada.
Em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line, Caponi explora o que é a “anormalidade”
e o que representa um diagnóstico de doença mental. Trata da
biopolítica da medicalização da saúde e explora a construção das
chamadas neuronarrativas. Segundo a filósofa, se antes os relatos
referidos à história de vida dos pacientes eram fundamentais para o
diagnóstico e a compreensão da fonte dos sofrimentos psíquicos, hoje
estes foram substituídos “por narrativas que reduzem a complexidade da
vida a explicações que se apresentam como neurológicas: ‘eu tenho déficit de serotonina’, ‘eu tenho um problema nos neurotransmissores’, ‘meu problema está localizado no cérebro’”, elenca.
Sandra Caponi é graduada em Filosofia pela Universidad Nacional de Rosário (Argentina). Possui mestrado e doutorado em Lógica e Filosofia da Ciência pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, com pós-doutorados na Universidade de Picardie e na École des hautes études en sciences sociales, ambas na França.
Atualmente é professora do Departamento de Sociologia e Ciências Políticas da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC,
atuando ainda na Pós-graduação em Sociologia Política e no Mestrado
profissional em Saúde Mental, na mesma instituição. É autora de Loucos e Degenerados: uma genealogia da psiquiatria ampliada (Rio de Janeiro: Fiocruz, 2012) e organizou, entre outros, Medicalização da Vida: ética, saúde pública e indústria farmacêutica (Florianópolis: UNISUL, 2010).
A professora esteve na Unisinos em 22-05-2014, ministrando a palestra Medicalização da saúde mental. O evento, parte do III Seminário preparatório para o XIV Simpósio Internacional IHU – Revoluções tecnocientíficas, culturas, indivíduos e sociedades, ocorreu na sala Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros, no IHU. Veja a programação completa do evento pelo link http://bit.ly/3SemXIV.
Confira a entrevista.
IHU On-Line - No ano passado, as
mudanças no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais
(DSM-5) gerou bastante polêmica. Entre alguns pontos, temos a adesão do
“Distúrbio da desregulação perturbadora do humor” (que pode atingir
crianças e jovens dos 8 aos 18 anos) e as alterações no “Déficit de atenção com hiperatividade”
(TDAH), estendendo sua manifestação para toda a vida adulta. Como
diagnosticar uma doença mental quando os sintomas ou o grupo etário de
risco são tão abrangentes?
Sandra Caponi – Não existe nenhum critério médico que justifique que algo como ataques de “birra”, ou comportamentos de crianças que antigamente eram consideradas “mal educadas”,
possa vir a ser considerado um diagnóstico. Não existem marcadores
biológicos, não existem estudos de imagem cerebral, não existem
explicações neurológicas para isso. A identificação desses transtornos
se reduz à contagem de sintomas. Em geral esses sintomas são ambíguos,
pouco consistentes. Fala-se, por exemplo, de crianças que apresentam
“irritabilidade persistente e episódios frequentes de explosões
comportamentais extremas, três ou mais vezes por semana, durante pelo
menos um ano”. Desse modo se silenciam os problemas sociais, familiares,
escolares que podem estar levando determinada criança a ter tais
explosões de raiva. Pode justamente ser naquele ano em que os pais se
separaram, ou que morreu sua avó, ou que tem um menino na escola que
pega no seu pé.
Por fim, existe uma infinidade de
situações sociais concretas que podem permanecer ao longo de um ano ou
mais e que podem provocar reações legítimas de raiva nas crianças. Toda
essa complexidade será desconsiderada quando se atribui a esse
comportamento uma explicação biológica, neurológica, cerebral. Dir-se-á,
não sem certa ingenuidade (ou cinismo), que essa
criança deixará de sofrer porque está medicada, ainda que o contexto
social que provocou o sofrimento permaneça idêntico. Acredito que existe
algo muito perturbador, algo de hipocrisia institucionalizada e
socialmente aceita por trás da definição de um transtorno como “Distúrbio da desregulação perturbadora do humor” aplicável a crianças de 8 a 18 anos de idade.
IHU On-Line – Pensando n’O
Alienista (São Paulo: Saraiva, 2007), de Machado de Assis [1], quem
seria o normal na visão da medicina?
Sandra Caponi – Acredito que está ali justamente o interesse do texto. Machado de Assis mostra que não existe nenhuma fronteira precisa entre o normal e o patológico quando se trata de doenças mentais.
Todos, mesmo o próprio psiquiatra, podem vir a ser diagnosticados com
alguma patologia mental. O que achei muito interessante é que o autor
escreve O Alienista em 1882, um momento de grandes debates sobre as classificações psiquiátricas.
A escola francesa, muito influente no
mundo inteiro, estava representada pela sociedade Médico-Psicológica de
Paris, presidida por Valentin Magnan [2], um psiquiatra
degeneracionista que tinha criado uma classificação muito elástica e
extensa que incluía um número extraordinário de novas patologias
psiquiátricas. Define mais de 50 novas patologias (dos heredodegenerados [3]),
entre as quais estavam comportamentos que de fato se referiam a
circunstâncias que a sociedade desse momento histórico considerava
problemáticas ou inadmissíveis.
Desse modo, identificavam-se como patologias psiquiátricas alguns comportamentos como “a síndrome dos antivivisseccionistas [4]”
ou “a loucura dos vegetarianos”. Nesse contexto escreve Machado de
Assis. Ele fala da psiquiatria de seu tempo, observa como perturbador um
fato que hoje se tornou banal: a possibilidade de multiplicar
indefinidamente os diagnósticos psiquiátricos. Tentou mostrar,
utilizando uma fina ironia, e uma figura bizarra como Bacamarte [5],
que essa multiplicação de diagnósticos indica um fato social muito
estranho, algo sobre o qual é necessário refletir e, porque não, também
rir.
“Os relatos referidos à história de vida dos pacientes, antes essenciais, foram substituídos por narrativas que reduzem a complexidade da vida a explicações neurológicas” |
Sandra Caponi – A
muitas pessoas. Em primeiro lugar ao saber médico, aos psiquiatras, mas
também aos médicos gerais e especialistas. Interessa muito especialmente
aos laboratórios farmacêuticos que desse modo podem vender seus
medicamentos e ampliar o mercado de consumidores de psicofármacos de
modo quase indefinido. Porém, esse interesse seria irrelevante se não
existisse uma demanda social que aceita e até solicita que uma ampla
variedade de comportamentos cotidianos ingresse no domínio do
patológico.
Um exemplo bastante óbvio é a escola.
Crianças com problemas de comportamento mais ou menos sérios hoje
recebem rapidamente um diagnóstico psiquiátrico. São medicadas,
respondem à medicação e atingem o objetivo social procurado. Essas
crianças que tomam ritalina [6] ou antipsicóticos ficam mais calmas, mais sossegadas, concentradas e, ao mesmo tempo, mais tristes e isoladas.
Também existe uma demanda de medicalização da vida no mundo adulto. Muitas pessoas chegam aos postos de saúde afirmando que têm ansiedade, depressão, fobia ou pânico e que estão ali apenas para procurar receita para alguma medicação. O antropólogo espanhol Angel Martínez Hernáez [7] fala
de neuronarrativas, explica que, pouco a pouco, os relatos referidos à
história de vida dos pacientes, antes essenciais para fechar um
diagnóstico e para compreender o contexto no qual apareceram os
sofrimentos psíquicos, foi substituído por narrativas que reduzem a
complexidade da vida a explicações que se apresentam como neurológicas:
“eu tenho déficit de serotonina”, “eu tenho um problema nos
neurotransmissores”, “meu problema está localizado no cérebro”.
IHU On-Line – O que representa
para uma criança, ou mesmo para um jovem, receber um diagnóstico
psiquiátrico e receber esta pecha social da dita “anormalidade”?
Sandra Caponi – Como explica Canguilhem [8],
ter uma condição dita “anormal” significa muito pouco. Todos nós
podemos ter uma pequena anormalidade ou anomalia, isto é, algum
comportamento que pode ser considerado como um desvio da “norma”.
Aquilo que, em determinado momento histórico, se considera normal e
frequente. As anomalias têm um valor neutral, nem positivo, nem
negativo. O problema ocorre quando um comportamento considerado anormal (fora da norma), como ser “distraído”, passa a ter um valor médico negativo; quando se transforma em uma “patologia”.
Quando uma criança ou jovem recebe um
diagnóstico psiquiátrico, é muito provável que ele se identifique com
esse diagnóstico e comece a adquirir o tipo de comportamento que se
espera das pessoas que receberam o mesmo diagnóstico. Ian Hacking [9] afirma que as classificações psiquiátricas criam “modos de ser sujeito”.
Uma classificação, um diagnóstico psiquiátrico muda completamente o
modo como nos vinculamos com os outros, com o mundo e até com nós
mesmos. Um exemplo: mais de 70% das crianças diagnosticadas com TDAH têm algum tipo de transtorno mental
na vida adulta. Isso significa que a medicação ritalina pode ter
atingido o efeito desejado de acalmar a criança. No entanto, esse
medicamento não foi uma verdadeira terapia, pois os supostos transtornos
continuam na vida adulta.
“Uma classificação, um diagnóstico psiquiátrico muda completamente o modo como nos vinculamos com os outros, com o mundo e até com nós mesmos” |
IHU On-Line – Nos termos de Agamben [10], é possível pensar o doente mental como um homo sacer?
Sandra Caponi – Acho
que seria simplificar muito um fenômeno complexo. Uma coisa é falar do
doente mental institucionalizado no hospital psiquiátrico. Nesse caso
concreto, poderíamos sim falar de vida nua, porém sabemos os esforços
realizados no sentido de reverter essa situação com os projetos de
desmanicomialização, com a criação dos Centros de Atenção Psicossocial [11]
e com a existência de espaços de acolhimento. No entanto, é verdade que
algumas dessas velhas práticas que ainda permanecem tendem a reduzir
esses indivíduos exclusivamente a uma patologia que pode ser tratada com
medicamentos, como os antipsicóticos atípicos [12].
Esses medicamentos possuem efeitos colaterais fatais e irreversíveis que
necessariamente limitam as possibilidades de escolha e de reconstrução
de sua subjetividade.
IHU On-Line – Como compreender, a partir de Foucault [13], a biopolítica do tratamento destinado aos doentes mentais?
Sandra Caponi - O conceito de biopolítica tem em Foucault
um significado preciso, refere-se à gestão calculada da vida. A
biopolítica não é uma política sobre a vida, mas, sim, como afirma Fassin [14],
a criação de instâncias de governo sobre as populações, governo sobre
os outros, governo dos vivos. As estratégias biopolíticas são variadas,
mas, de acordo com Foucault, nas sociedades liberais e
neoliberais existe um modo privilegiado de governar. Ele afirma: “Em um
sistema que diz preocupar-se pelo respeito aos sujeitos de direito e
pela liberdade de iniciativa dos indivíduos, de que modo os fenômenos
referidos à população, com seus efeitos e problemas específicos (saúde, higiene, mortalidade, raças, loucura ou delinquência) podem ser administrados?”. A resposta será: em nome da segurança.
Acredito que o dispositivo de segurança,
com seus estudos estatísticos de antecipação e prevenção de riscos, é o
elemento central para compreender a articulação entre biopolítica e
psiquiatrização da sociedade no mundo contemporâneo. Essa lógica permite
que pequenos comportamentos indesejados (como estar “no mundo da lua”,
tamborilar dos dedos, estar a mil) possam passar a ser considerados
como indicativos de um transtorno mental grave que ocorrerá no futuro.
Fala-se então de crianças em risco de vir a ter uma patologia mental
crônica, fala-se de agir antes que essa patologia se cronifique.
Esse dispositivo que leva a diagnosticar
crianças a partir dos três anos de idade leva também a medicalizar
tristezas cotidianas para evitar uma depressão grave que poderá vir a
aparecer no futuro. A mesma lógica permite explicar o uso cotidiano e
extremamente difundido de medicações como os ansiolíticos, utilizados
para controlar as mais mínimas e inevitáveis situações de ansiedade e
temor que fazem parte de nosso dia a dia.
IHU On-Line – Qual o papel da
mídia, tanto a tradicional quanto os blogs e comunidades e em redes
sociais, na cobertura das doenças mentais? Você acredita que a
superexposição de transtornos (bipolaridade, déficit de atenção, etc.)
ou mesmo de condições mais graves, como a psicopatia, pode promover uma
“histeria coletiva”, colaborando para a medicalização da vida?
Sandra Caponi - O papel
da mídia, dos blogs e das comunidades é importantíssimo, na medida em
que serve como um espaço de amplificação e naturalização dessa visão que
associa comportamentos cotidianos e sofrimentos inevitáveis a doenças mentais.
A indústria farmacêutica tem um papel central em tudo isso. Pelo fato
de não ser possível a realização de uma propaganda direta, como ocorre
nos Estados Unidos, a publicidade aparece de modos
muito mais sutis. Por exemplo, um dos laboratórios que financia o blog
(aliás, completíssimo), da Associação Brasileira de TDAH é nada menos que a Novartis, o laboratório que produz a ritalina.
Nesses espaços as pessoas criam vínculos
de identificação e reconhecimento; fala-se dos sintomas e das
medicações. Claro que esses não são espaços para tentar refletir sobre
as razões que levam a que, em determinado momento da vida, tenhamos
certa sensação de tristeza ou de mal-estar. Os sintomas se apresentam e
difundem, logo, reconhecer esses sintomas como próprios é muito simples.
Todos nós temos, em algumas circunstâncias de nossas vidas, alteração
de sono e apetite, sentimento de culpa, sentimento de inferioridade, mas
isso não significa que tenhamos um transtorno mental chamado depressão.
Sobre a segunda parte da pergunta, a “histeria coletiva”,
acho que não será esse o caminho. A medicalização da vida integrou-se
como um fato natural, transformou-se, para muitas pessoas, no único modo
possível de dar resposta às dificuldades cotidianas de seu dia a dia, e
isso ocorreu de modo sutil e constante nos últimos 15 ou 20 anos, sem
necessidade de grandes manifestações de histeria coletiva.
“A biopolítica não é uma política sobre a vida, mas, sim, como afirma Fassin, a criação de instâncias de governo sobre as populações, governo sobre os outros, governo dos vivos” |
IHU On-Line –
Nas redes sociais, surgem espontaneamente diversas hashtags relacionadas
à magreza e à forma física. #Bikini bridge, #BarrigaNegativa e #TighGap
são apenas algumas delas. Em um contexto de exposição e de busca pelo
“corpo perfeito”, os transtornos alimentares são o novo mal do século?
Sandra Caponi - Nunca trabalhei com transtornos alimentares.
Só posso dizer que a procura pelo corpo perfeito, pela felicidade
perfeita, pela saúde perfeita, representa o caminho mais curto para o
fracasso. Nunca teremos plena saúde, nem felicidade completa (como afirma o conceito de saúde da OMS), nem corpo perfeito, pois todos envelhecemos.
Essas demandas sociais ingênuas e
inatingíveis podem ser pensadas também como dispositivos biopolíticos.
Metas impossíveis em relação às quais podem multiplicar-se os
dispositivos de segurança e antecipação dos mais variados medos e
temores: medo de ser rejeitado, de não ter boa aparência e não ser
admitido num trabalho, de ficar velho, de não levar uma vida feliz, etc.
Esses medos, certamente, provocam sofrimentos, porém essas causas não
podem ser identificadas a explicações neurológicas, nem ao déficit de serotonina, nem à simples contagem de sintomas.
(Por Andriolli Costa)
NOTAS
[1] Machado de Assis [Joaquim Maria Machado de Assis] (1839-1908): escritor brasileiro, considerado o pai do realismo no Brasil, escreveu obras importantes como Memórias póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro, Quincas Borba e vários livros de contos, como O Alienista,
que discute a loucura. Também escreveu poesia e foi um ativo crítico
literário, além de ser um dos criadores da crônica no país. Foi o
fundador da Academia Brasileira de Letras. Sobre o escritor, foram produzidas duas edições, a 262, de 16-06-2008, Machado de Assis: um conhecedor da alma humana, disponível em http://bit.ly/ihuon262, e a 275, intitulada Machado de Assis e Guimarães Rosa: intérpretes do Brasil, de 29-09-2008, disponível em http://bit.ly/ihuon275. (Nota da IHU On-Line)
[2] Jacques Joseph Valentin Magnan (1835-1916): psiquiatra francês, conhecido por ter expandido o conceito de degeneração, introduzido na psiquiatria por Bénédict Augustin Morel (1809-1873). (Nota da IHU On-Line)
[3] Heredodegenerativo: diz-se das doenças e anomalias de ordem constitucional e hereditária que se têm considerado como "degenerescências". (Nota da IHU On-Line)
[4] Vivissecção: ato de dissecar um animal vivo com o propósito de realizar estudos de natureza anatomofisiológica. (Nota da IHU On-Line)
[5] Simão Bacamarte: protagonista de O Alienista, de Machado de Assis. (Nota da IHU On-Line)
[6] Ritalina:
medicamento do grupo dos anfetamínicos, utilizado principalmente para o
tratamento do déficit de atenção com hiperatividade em crianças e
depressão no idoso. Seu uso é bastante polêmico, mesmo entre médicos. (Nota da IHU On-Line)
[7] Angel Martínez Hernáez (1964): doutor em antropologia social pela Universidad de Barcelona e mestre em Psiquiatria Social pela mesma universidade. Entre seus principais livros, destaca-se ¿Has visto cómo llora un cerezo? Pasos hacia una antropología de la esquizofrenia (Barcelona: Universitat de Barcelona, 2000) e Antropología
médica: Teorías sobre la cultura, el poder y la enfermedad (Barcelona:
Anthopos Editorial, 2008). (Nota da IHU On-Line)
[8] Georges Canguilhem (1904-1995): filósofo e médico francês, especialista em epistemologia e história da ciência. (Nota da IHU On-Line)
[9] Ian Hacking (1936): filósofo da ciência, canadense, graduado na Universidade de Columbia e na Universidade de Cambridge, onde estudou no Trinity College. Doutorou-se em Cambridge, lecionou por vários anos na Universidade de Stanford e mais tarde na Universidade de Toronto. Em 2001 foi apontado para a cátedra de Filosofia e História dos Conceitos Científicos do Collège de France. De sua vasta produção acadêmica, destacamos: Representing and intervening (Cambridge: Cambridge University press, 1997); Por que a linguagem interessa à filosofia? (São Paulo: UNESP, 1999); The social construction of what? (Cambridge: Harvard University Press, 1999); e Historical ontology (Cambridge: Harvard University Press, 2002). É mundialmente reconhecido como um dos mais importantes e originais filósofos contemporâneos. Com o título Linguagem, racionalidade e discurso da ciência, Hacking e Judith Baker, sua esposa e também filósofa, ofereceram um seminário de 19 a 23-03-2007 no curso de Pós-Graduação em Filosofia da Unisinos.
O evento repercutiu amplamente no meio filosófico como um dos mais
importantes desse ano. Confira a entrevista exclusiva que concederam à IHU On-Line 216, de 23-04-2007, intitulada Há muita informação genética codificada nas raças tradicionais. (Nota da IHU On-Line)
[10] Giorgio Agamben (1942): filósofo italiano. É professor da Facolta di Design e arti della IUAV (Veneza), onde ensina Estética, e do College International de Philosophie de Paris. Formado em Direito, foi professor da Universitá di Macerata, Universitá di Verona e da New York University,
cargo ao qual renunciou em protesto à política do governo
norte-americano. Sua produção centra-se nas relações entre filosofia,
literatura, poesia e, fundamentalmente, política. Entre suas principais
obras, estão Homo Sacer: o poder soberano e a vida nua (Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2002), A linguagem e a morte (Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2005), Infância e história: destruição da experiência e origem da história (Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2006); Estado de exceção (São Paulo: Boitempo Editorial, 2007), Estâncias – A palavra e o fantasma na cultura ocidental (Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2007) e Profanações (São Paulo: Boitempo Editorial, 2007). Em 04-09-2007, o sítio do Instituto Humanitas Unisinos – IHU publicou a entrevista Estado de exceção e biopolítica segundo Giorgio Agamben, com o filósofo Jasson da Silva Martins, disponível em http://bit.ly/jasson040907. A edição 236 da IHU On-Line, de 17-09-2007, publicou a entrevista Agamben
e Heidegger: o âmbito originário de uma nova experiência, ética,
política e direito, com o filósofo Fabrício Carlos Zanin, disponível em http://bit.ly/ihuon236. A edição 81 da publicação, de 27-10-2003, teve como tema de capa O Estado de exceção e a vida nua: a lei política moderna, disponível para acesso em http://bit.ly/ihuon81. Além disso, de 16 de abril a 23 de outubro de 2013, o IHU organizou o ciclo de estudos O pensamento de Giorgio Agamben: técnicas biopolíticas de governo, soberania e exceção, cujas atividades integraram o I e o II seminários preparatórios ao XIV Simpósio Internacional IHU – Revoluções tecnocientíficas, culturas, indivíduos e sociedades. (Nota da IHU On-Line)
[11] Centros de Atenção Psicossocial (CAPS):
instituições brasileiras que visam à substituição dos hospitais
psiquiátricos — antigos hospícios ou manicômios — e de seus métodos para
cuidar de afecções psiquiátricas. (Nota da IHU On-Line)
[12] Antipsicótico atípico:
classe de medicamentos usados para o tratamento de certos transtornos
psiquiátricos. Alguns têm sido aprovados para uso em pacientes com
esquizofrenia, outros são indicados para tratar a mania, a anorexia
nervosa, o transtorno bipolar, agitação psicótica e outras. (Nota da IHU On-Line)
[13] Michel Foucault (1926-1984): filósofo francês. Suas obras, desde a História da Loucura até a História da sexualidade
(a qual não pôde completar devido a sua morte) situam-se dentro de uma
filosofia do conhecimento. Suas teorias sobre o saber, o poder e o
sujeito romperam com as concepções modernas destes termos, motivo pelo
qual é considerado por certos autores, contrariando a sua própria
opinião de si mesmo, um pós-moderno. Seus primeiros trabalhos (História da Loucura, O Nascimento da Clínica, As Palavras e as Coisas, A Arqueologia do Saber)
seguem uma linha estruturalista, o que não impede que seja considerado
geralmente como um pós-estruturalista devido a obras posteriores como Vigiar e Punir e A História da Sexualidade. Foucault
trata principalmente do tema do poder, rompendo com as concepções
clássicas deste termo. Para ele, o poder não pode ser localizado em uma
instituição ou no Estado, o que tornaria impossível a "tomada de poder" proposta pelos marxistas. O poder não é considerado como algo que o indivíduo cede a um soberano (concepção contratual jurídico-política),
mas sim como uma relação de forças. Ao ser relação, o poder está em
todas as partes, uma pessoa está atravessada por relações de poder, não
pode ser considerada independente delas. Para Foucault,
o poder não somente reprime, mas também produz efeitos de verdade e
saber, constituindo verdades, práticas e subjetividades. Em várias
edições a IHU On-Line dedicou matéria de capa a Foucault: edição 119, de 18-10-2004, disponível em http://bit.ly/ihuon119, edição 203, de 06-11-2006, disponível em http://bit.ly/ihuon203, e edição 364, de 06-06-2011, intitulada 'História da loucura' e o discurso racional em debate, disponível em http://bit.ly/ihuon364. Confira, também, a entrevista com o filósofo José Ternes, concedida à IHU On-Line 325, sob o título Foucault, a sociedade panóptica e o sujeito histórico, disponível em http://bit.ly/ihuon325.
De 13 a 16 de setembro de 2010 aconteceu o XI Simpósio Internacional
IHU: O (des)governo biopolítico da vida humana. Confira a edição 343 da IHU On-Line que traz o mesmo título que o evento, publicada em 13-09-2010, disponível em http://bit.ly/ihuon343, e a edição 344, intitulada Biopolítica, estado de exceção e vida nua. Um debate, disponível em http://bit.ly/ihuon344. Além disso, o IHU organizou, durante o ano de 2004, o evento Ciclo de Estudos sobre Michel Foucault, que também foi tema da edição número 13 dos Cadernos IHU em formação, disponível para download em http://bit.ly/ihuem13 sob o título Michel Foucault. Sua contribuição para a educação, a política e a ética. (Nota da IHU On-Line)
[14] Didier Fassin (1955): professor de Ciências Sociais no Instituto de Estudos Avançados de Princeton, New Jersey e diretor de estudos da Escola de Altos Estudos de Ciências Sociais em Antropologia política e moral. (Nota da IHU On-Line)
Fonte: IHU
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