O dia em que matei um sanfoneiro
Cineas Santos
Menino, como todos os moleques da minha aldeia, eu tinha um sonho recorrente: arribar para São Paulo, ganhar dinheiro graúdo, botar um dente de ouro, comprar uma sanfona vistosa e regressar à terrinha falando o dialeto “paulistês”. Na verdade, o que eu queria mesmo era encontrar um meio de chamar a atenção das mulheres, ariscas como juritis novas. Com o tempo, o irmão mais velho foi, os primos foram, os amigos foram, e eu, cada vez mais fincado em minha aldeia, não fui. Descobri minha indeclinável vocação para pedra, pedra recoberta de limo de tanto não rolar. Os outros iam e voltavam, trazendo ou não sanfona. Eu, a exemplo de seu Liberato, irremovível, permanecia na aldeia. Havia entre mim e o chão um grude, um visgo que me impediam de alçar vôo...
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