agosto 23, 2008

Vem aí a Pré-Flor da Palavra Floripa e Curitiba, dia 23 de agosto

Vem aí a Pré-Flor da Palavra Floripa e Curitiba, dia 23 de agosto

Por FLOR DA PALAVRA 19/08/2008 às 17:24

Estamos convidando os coletivos locais e nacionais para participarem de um evento em Curitiba no dia 23 de agosto (sábado) a partir das 13h30min, na Ocupa 13 de Janeiro, onde será discutida a questão de rádios livres e movimentos sociais com mostra de vídeos, debates e dinâmicas. A proposta é, além de debater tal questão midiática, articular coletivos diversos trocando experiências entre esses. Os movimentos convidados até o momento são: GELC, MST, CMI (Curitiba e Florianópolis), GAFE (Florianópolis), MPL (Curitiba e Florianópolis), hip hop, FERA, Despejo Zero, Ocupa 13 e demais simpatizantes e militantes interessados em se comunicar e traçar laços de solidariedade.

A proposta de uma criação da Flor da Palavra irá ser feita ao encerramento das atividades. Acreditamos que, apesar de cada coletivo estar centrado em uma respectiva luta (moradia, reforma agrária, transporte, direito animal e etc), a articulação e solidariedade entre os movimentos sociais se faz necessária para vencer uma luta em comum chamada justiça e real democracia. Esperamos, com esse encontro horizontal e diversificado, encaminhar ações conjuntas que serão propostas pelos 3 grupos de trabalho que se organizarão no dia.

A rede Flor da Palavra começou a ser inventada em 2006 de forma não planejada e sem uma grande convocatória, graças à grande quantidade e variedade de iniciativas de grupos e indivíduos do campo autonomista brasileiro e mexicano, em particular os ligados à mídia livre, que deram forma à organização horizontal e colaborativa de eventos sobre o zapatismo e as lutas locais. A "facilidade" com que se instaurou esse processo organizativo horizontal apontava o amadurecimento de um interesse amplo pelo zapatismo no Brasil, e de sua capacidade para conectar movimentos e outros lutadores sociais. Diante disto surgiu a idéia de começar a invenção de rede Flor da Palavra, sem renunciar à forma colaborativa e aberta de organização.

Leia a convocatória e a programação: Flor da Palavra Curitiba - Florianópolis

Flores já realizadas: Flor da Vila Pescoço (Tefé) Flor Indígena (Tefé) Flor dos Movimentos Rurais (Tefé) Flor Punk (Brasília) Flor Casa das Pombas (Brasília) Flor Rizoma de Rádios (Campinas) Flor Sampa Flor Anti-Calderón (Marília)

A proposta geral é a invenção de laços de comunicação e solidariedade, retomando a idéia da Internacional da Esperança que foi lançada em 1996 no I Encontro Intercontinental pela Humanidade e Contra o Neoliberalismo: rede de comunicação e solidariedade sem centro e sem coordenação central. Esta teve grandes êxitos, como a catalização do movimento anti-capitalista, mas ficou ofuscada com a articulação do Fórum Social Mundial, que tentou apagar a memória da luta zapatista e servir de instrumento Estatal de cooptação e aparelhamento dos movimentos sociais. A Flor parece estar se tornando uma tentativa de combater a fragmentação entre os movimentos, entre eles e profissionais, artistas e os povos do Brasil e do mundo. Unir movimentos, reduzir a alienação que resulta da divisão e da alienação capitalista no trabalho e dissolver formas de segregação social. É um esforço de longo prazo que por si só já é tecer "um mundo onde caibam muitos mundos" e opô-lo aos sistemas culturais (cultura econômica, cultura política, cultura científica, etc) do capitalismo.

A principal tática da rede, até o momento, tem sido a realização de eventos locais com a finalidade de catalisar laços de comunicação e solidariedade, sem deixar de usar tecnologias para que formas de comunicação e solidariedade à distância também sejam cultivadas. Já ocorreram 3 Flores da Palavra em Tefé (AM), 2 em Brasília e 1 em Campinas, Vitória, São Paulo e Marília (SP). A ausência de uma fórmula a ser seguida pelos encontros tem contribuído para que eles se adaptem às tradições de luta e invenções locais: assim, a rádio Muda e o rizoma de rádios livres deram a tônica na Flor de Campinas, quando ocorreu uma "ação rizomática" ou "arrastão de rádios livres"; em Brasília a tônica maior tem sido dado na conexão entre os grupos atônomos, entre estes e populações locais e no combate à segregação e à especulação imobiliária; em Marília a conexão entre trabalho o intelectual e compromisso com a luta social teve um destaque maior; finalmente, em Tefé cada Flor tem tido uma cara diferente, sendo que o primeiro privilegiou a conexão entre academia, mídias e movimentos sociais rurais, a segunda teve como destaque a conexão entre povos indígenas e destes com a mídia livre, e a terceiro uniu ações de mídia livre, pesquisa acadêmica, grupos de dança e a formação de uma cooperativa de artesanato no combate à segregação social de um bairro de periferia e ao estigma de que são vítimas os seus jovens. Em Curitiba a ênfase parece estar se dando na conexão entre grupos autônomos da cidade de Curitiba e de Florianópolis , mas isso dependerá das iniciativas resultantes da ausência de uma centralização no planejamento.

O "espontâneo" não existe, e sim iniciativas de pessoas e grupos para além de nossas expectativas. Naturalmente, esta descrição resumida dos eventos empobrece a grande riqueza e as múltiplas facetas que a produção horizontal e colaborativa conferiu a cada um. Ofusca também os processos de comunicação, solidariedade e luta que ocorrem antes e depois desses momentos de mística e identificação comum. Porém, ajuda a mostrar algumas das grandes contribuições que têm se forjado na Flor da Palavra: o fortalecimento de uma identidade comum, através da simbologia da Flor, que vem sendo tecida sem pressa e de baixo para os lados, e que não se limita a categorias menos amplas como "movimento social", "profissional", "artista", "classe", "categoria", "demanda", "etnia", etc, facilitando a invenção de novas conexões; e a invenção de rituais e místicas (os eventos) que ajudam a criar laços de comunicação e solidariedade que já são o "mundo onde cabem muitos mundos" e que, pouco a pouco, se fortalece e se opõem ao capitalismo.

PROGRAMAÇÃO:

13: 30 - Apresentação os coletivos participantes, táticas de luta, articulações, história, etc.

15: 00 - Mostra de vídeos (Manual de RÁDIOS LIVRES: Radio Interferência - RJ, Radiola - DF, Rádio Pulga - RJ, Rádio Cerrado - GO, Rádio Filha da Muda - AC) e debates sobre articulações de diferentes lutas por meio de rádios livres. (Histórico da Rádio Tróia e Rádio Tarrafa - Florianópolis).

16: 00 - intervalo

16: 30 - Apresentação da proposta da Flor da Palavra (histórico, flores em outras cidades, inspiração no zapatismo, articulação de lutas, formas de se organizar uma flor, proposta livre que objetive unir e articular diferentes classes, culturas e lutas).

17: 45 - Divisão de 3 grupos de trabalho para que cada grupo pense em uma proposta para o desenvolvimento de uma Flor.

17: 15 - Apresentação das propostas dos 3 grupos formados

18: 00 - Encaminhamentos, proposta de lista de discussão e de criação de uma Flor da Palavra baseada nas propostas lanças pelos grupos

Fonte: Centro de Mídia Independente - Brasil

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