A par da luta contra a criminalização do movimento indígena no nordeste, pelo estado e pela mídia da classe dominante, a IX Assembléia do Povo Xukuru do Ororubá de Pernambuco discutiu o lugar do pensamento e da prática anticapitalista nesse movimento. A simples defesa do usufruto coletivo da terra vai na contramão da organização dos territórios em uma sociedade capitalista, baseada na propriedade privada. A reforma agrária de inspiração capitalista promove a divisão das terras em pequenas propriedades que entrem no circuito de produção, de concorrência e de posterior reconcentração por via do jogo natural da concorrência entre capitais. Nesta entrevista, o cacique Marquinhos, do povo Xukuru, desenvolve os temas da Assembléia, na linguagem e nos termos práticos em que ali foram discutidos. Passa Palavra, na base do texto referenciado aqui em baixo. Entre no link e ouça a entrevista - http://passapalavra.info/?p=6401
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Nota do blog: Os Xukuru e seus aliados participaram no início deste mês - 5 de junho - de um ato público contra a criminalização do seu povo.
ATO PÚBLICO
CAMPANHA CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO DO POVO XUKURU
Como se não bastasse agora querem prender o Cacique Marcos e mais 35 Xukuru !
A história é a seguinte:
Em fevereiro de 2003, o cacique Marcos foi vítima de um atentado por parte de José Lourival Frazão (Louro Frazão), indígena Xukuru. Nesse atentado foram assassinados dois jovens Josenilson José dos Santos (Nilsinho) e José Adenilson Barbosa da Silva (Nilson), o cacique Marcos Xukuru, conseguiu escapar. Naquele dia, a comunidade, indignada com o crime, se voltou incontrolada, contra um grupo de famílias Xukuru ligadas ao assassino – todos aliados dos antigos invasores da terra indígena.
O Ministério Público Federal em Pernambuco, sem mais uma vez realizar uma análise crítica da investigação policial, denunciou 35 (trinta e cinco) pessoas pela prática de diversos crimes.
Após longa batalha judicial o cacique Marcos e quase todos os denunciados foram condenados pela 16ª. Vara da Justiça Federal em Caruaru/PE a penas que variam de 13 anos a 10 anos de reclusão, além de vultosas indenizações em dinheiro.
A investigação e o processo judicial sobre esse conflito foram questionados por antropólogos e pelo Movimento Nacional de Direitos Humanos. Os advogados de defesa dos Xukuru questionam o cerceamento de direito de defesa e o tamanho das penas, considerado exagerado. No caso da condenação do cacique Marcos Xukuru, a sentença foi publicada antes de se juntar ao processo os depoimentos de importantes testemunhas de defesa: o deputado federal Fernando Ferro e a Sub-procuradora Geral da República Raquel Dodge
Agora querem prender a vitima! Está claro, portanto, que essa é mais uma expressão do processo de criminalização que o povo enfrenta há mais de uma década, por causa da reconquista da terra.
Em protesto os Xukuru e seus aliados convidam a todos para participar de um grande ato público!
Local da concentração: Câmara de Vereadores do Recife (PR Pça 13 de Maio)
Destino: TRF 5ª Região (Cais do Apolo)
Data: 05 de junho (sexta-feira)
Hora: 14 horas
Fonte: Mania de História
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