Carta à RENILA
Agradecemos o convite dirigido ao MNLA e gostaríamos de propor uma reunião de representantes dos movimentos RENILA e MNLA para discutirmos o momento atual da reforma psiquiátrica no Brasil e as formas que podemos alcançar para nos mantermos nesta luta dirigindo e aliando nossos esforços para os pontos que temos em comum e mantendo a clareza necessária sobre quem são nossos oponentes de modo a evitar atritos e desgastes desnecessários e que só têm alimentado os que realmente querem nos atacar e destruir o que temos conquistado.
Com relação à Marcha a Brasília, considerando que:
- o Movimento Nacional da Luta Antimanicomial (MNLA) foi informado da Marcha a Brasília e convidado oficialmente para participar desta ação no início de setembro;
- que em julho havíamos realizado uma reunião presencial em Angra dos Reis/RJ;
- que estamos mobilizados e empenhando esforços e energias na organização e realização do IX Encontro anual dos Usuários e Familiares do MNLA e do VIII Encontro anual do MNLA, que se realizariam no início de setembro de 2009 e agora marcados para novembro de 2009;
- que não temos apoio financeiro permanente de nenhuma instituição;
- que pelas razões anteriores não tivemos tempo ou condições para promover uma discussão ampliada e com participação efetiva e significativa de todos, principalmente de usuários e familiares;
- que aqueles que têm acesso a internet e assim se manifestaram sobre o tema mantiveram posições divergentes apontando a necessidade de aprofundamento da discussão;
O MNLA definiu por não participar formalmente da Marcha a Brasília, embora tendo a participação de vários de nossos membros nesta atividade.
Esclarecemos que apoiamos todos os movimentos e ações genuínas em defesa da reforma psiquiátrica brasileira e da luta antimanicomial dentro dos princípios pelos quais lutamos há vários anos e consideramos que este processo passa por um momento delicado e importante no Brasil, sendo necessário atuarmos com força, determinação e muita clareza quanto aos pontos com os quais concordamos ou discordamos, assim, como com muita clareza com relação a quem e onde estão nossos oponentes e nossos apoiadores.
Coerentes com nossa postura antimanicomial, não buscamos a homogeinização das formas de luta, de organização e/ou das manifestações pela luta antimanicomial. Reconhecemos a importância e o valor dos colegas da RENILA nesta luta e consideramos que temos hoje duas fortes organizações antimanicomiais no Brasil, ambas com história de valor nesta luta e ambas lutando pelos mesmos ideais.
Valorizamos a capacidade de respeitar e lidar com as diferenças e as tensões geradas por elas e reconhecemos o valor histórico e político da luta antimanicomial no Brasil que tem alcançado grandes vitórias, mas que necessita se manter forte e atenta aos constantes ataques e riscos de retrocesso. Continuamos a representar uma posição contra-hegemônica, mas entre nossas conquistas conseguimos a institucionalização e a efetivação de muitas de nossas antigas reivindicações.
Consideramos que este novo momento nos traz novos desafios, entre eles a difícil tarefa de manter a força inovadora e revolucionária dos movimentos instituintes estando agora em posição de defender o que já vem sendo instituído.
Secretaria Executiva Nacional Colegiada do MNLA.
Em 29/09/2009
Nota do blog: A Associação Chico Inácio (filiada à Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial) enviou 6 pessoas para a Marcha dos Usuários por uma Reforma Psiquiátrica Antimanicomial, com passagem de ida e volta para Manaus. Duas delas foram obtidas junto à CUT-AM; as outras quatro foram divididas em "suaves dez prestações". Só pra esclarecer! E olha que daqui só dá pra sair de avião. No mais, a carta é um avanço para um diálogo amadurecido, passadas tantas porradas. À luta, companheir@s!
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