Carta aberta aos movimentos populares, sindicatos e centrais, organizações e partidos, estudantes e demais camaradas em luta
Por Ocupação e acampamento ALAGADOS DO PANTANAL 06/05/2010 às 05:12
Estamos desde a noite de 17/abril acampados num terreno, até então, abandonado na Vila Curuçá (São Miguel Paulista), na zona leste de São Paulo. Construímos essa ocupação porque estamos sendo expulsos de nossas próprias casas pelo governo municipal e estadual. Somos, antes de tudo, seres humanos, trabalhadores e trabalhadoras, moradores do Pantanal. Somos vítimas dos governos Serra-Kassab e dos interesses do grande capital, que inundaram nossas casas. Trabalhadoras/es que perderam quase tudo, mas não a coragem!
Denunciamos a ação criminosa e terrorista dos governos do estado e prefeitura que fecharam as barragens da Penha e abriram as do Alto Tietê (desde Mogi). Isso inundou a região do grande pantanal de São Paulo, na zona leste, e ficamos quase 70 dias dentro da "água" do Tietê. O governo SERRA enche a região, e KASSAB cadastra o bolsa-aluguel, mais parecido com bolsa-despejo, uma miséria de benefício e que já acabou para muitos que estão retornando ao pantanal. Tudo isso para demolir essas moradias e "limpar terreno" para a construção do Parque Linear Várzeas do Tietê, importante marco nas campanhas eleitorais e para a Copa do Mundo 2014. Denunciamos esta política FASCISTA de "desenfeiar" a cidade, tirando a pobreza e o povo do campo visual da burguesia e de seus turistas.
Além disso, o governo está demolindo nossas casas para nos VENDER apertamentos do CDHU. As casas prometidas pelos governos não são para MORAR, são para COMPRAR, e pelas quais pagaremos quase trinta anos, enchendo o bolso de bancos e construtoras. (...)
(...) Somos vítimas históricas, além dos governos, também da desigual distribuição e ocupação do solo, da especulação imobiliária, das grandes construtoras e dos interesses da burguesia que nos fazem morar nas periferias, várzeas de rios e encostas. Não há políticas de habitação para quem ganha pouco, os terrenos são muito caros e os salários são muito baixos.
Já houve repressão da polícia, que três dias depois de acampados, resolveu por não permitir que entrasse água e comida. Um absurdo! Isso sem contar o corte de luz e o terrorismo psicológico.
A ocupação de prédios ou terrenos urbanos é historicamente uma forma legítima de luta pela moradia e por outras pautas reivindicatórias, devidos às desigualdades sociais e das suas conseqüências urbanas.
NOSSAS PAUTAS DE REIVINDICAÇÕES SÃO AS SEGUINTES:
1) O fim imediato do processo de remoções e de derrubada das moradias;
2) Fim do terrorismo e da falta de respeito aos direitos humanos, nas ações do governo na área inundada;
3) Construção imediata das casas para abrigar as famílias atingidas e concessão sem custo, em troca das casas removidas. UMA CASA POR OUTRA CASA!;
4) Indenização pelos prejuízos causados pela enchente, resultado do fechamento da barragem da Penha e abertura das barragens do alto Tietê;
5) Desapropriação do terreno ocupado na Vila Curuçá e linhas de crédito para material de construção, pois nós mesmos faremos nossas casas!
POR ISSO PEDIMOS SEUS APOIO E SOLIDARIEDADE NO SEGUINTE SENTIDO:
- Ajuda material-financeira ao acampamento;
- Doação de alimentos e água;
- Ajuda com material de construção e manutenção do acampamento (fios, telhas, sarrafos, madeirite, palitis, lonas, etc.)
- Moções de apoio de todas as entidades solidárias e simpáticas aos moradores alagados do pantanal;
- Pressão ao poder público, em todas as esferas, pela luta por moradia;
- Força-tarefa militante: para as tarefas prático-políticas da ocupação e durante o enfrentamento com polícia e prefeitura. Todos pra ocupação!
NA LUTA, NÓS VAMOS RESISTIR! PELA NOSSA CASA, PELA MORADIA, PELA TERRA LIVRE
LUTAREMOS TODO DIA!
Ocupação e acampamento ALAGADOS DO PANTANAL
Fonte: CMI Brasil
PICICA - Blog do Rogelio Casado - "Uma palavra pode ter seu sentido e seu contrário, a língua não cessa de decidir de outra forma" (Charles Melman) PICICA - meninote, fedelho (Ceará). Coisa insignificante. Pessoa muito baixa; aquele que mete o bedelho onde não deve (Norte). Azar (dicionário do matuto). Alto lá! Para este blogueiro, na esteira de Melman, o piciqueiro é também aquele que usa o discurso como forma de resistência da vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário