julho 18, 2010

A Agonia do Lago do Aleixo (comentado)

RogelioCasado | 18 de julho de 2010
A Indústria de Papel Sovel da Amazônia é uma das empresas poluidoras do lago do Aleixo, situado a mais de 18 quilometros de Manaus. A emissão de efluentes tóxicos liberados a céu aberto está afetando a cadeia alimentar. É do lago do Aleixo que famílias de baixa renda se alimentam. Há três anos um auto de infração foi expedido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas). A multa é tão irrisória que não chegou a fazer cosquinha na contabilidade da empresa. O despejo de fibra de papel celulose nas águas do lago continua. A luta contra a empresa poluidora também.

O caso se configura como prática de RACISMO AMBIENTAL, ou seja o capital predatório tá pouco se lixando para o futuro da população de ribeirinhos, pequenos agricultores e pescadores. Basta!!!

A empresa não vai se comprometer a reparar o dano, se a Prefeitura de Manaus continuar aplicando multas irrisórias, como a que condenou a Sovel a pagar multa de 300 UFMs (Unidades Fiscais do Município), o equivalente a R$ 16,8 mil. É pouco.

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RogelioCasado | 18 de julho de 2010
A comunidade altiva do bairro Colônia Antônio Aleixo vem lutando há anos pela presevação do lago do Aleixo, de onde retiram parte da sua alimentação. As águas do lago estão recebendo efluentes tóxicos da fábrica de celulose SOVEL, que comprometem a cadeia alimentar da região. No fundo do lago apodrecem entulhos deixados pelas madeireiras ali instaladas. Some-se a este caos construções irregulares, portos dos amigos do rei e temos um cenário depõe contra o poder público, conivente com tanta destruição. Imagina o que vem por aí com a nova região metropolitana da cidade de Manaus. Junte-se ao movimento SOS Ecnontro das Águas, que solidariamente está apoiando esta causa socioambiental.

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Lagoa do Aleixo agoniza

17/07/2010

NÁFERSON CRUZ
Equipe do EM TEMPO
naferson@emtempo.com.br

A Lagoa do Aleixo, Zona Leste, exibe um cenário cada vez mais aterrorizante. No local, são encontrados cada vez em maior volume, dezenas de peixes deformados. São espécies de jaraquis, pacus e matrinxãs, entre outras, castigadas pelo vazamento de efluentes químicos vindos das empresas do Distrito Industrial. A situação preocupa os pescadores da área.  (A questão da poluição do lago do Aleixo é apenas um dos problemas gerados pela expansão do Polo Industrial de Manaus. Os organismos de fiscalização do Estado são impotentes diante do poder do capital).

O presidente do Sindicato dos Pescadores Artesanais de Manaus, Pedro Hamilton Brasil, morador do bairro Colônia Antônio Aleixo, na mesma área, lamenta que as empresas do Distrito Industrial que operam com alta tecnologia, não utilizem de seus artifícios tecnológicos para coibir o lançamento de produtos químicos no lago, ameaçando a vida dos peixes e dos humanos que deles se servem.(O Sindicato dos Pescadores Artesanais de Manaus é uma das entidades, entre outras, que há anos alerta para a poluição dessa região, constituída por famílias de baixa renda, em sua maioria ex-ribeirinhos).

Pedro conta que a gravidade da situação é percebida no dia a dia, quando as redes de pesca são retiradas da água cobertas por uma camada espessa de produtos químicos utilizados no tratamento industrial de papel.
Segundo o pescador, com a chegada do ciclo da vazante, a poluição do lago fica mais perceptível. “Neste período, é comum ver entre a vegetação que flutua as margens dos rios efluentes tóxicos, concentrados entre os galhos, e até peixes mortos”. (Vale lembrar que próximo ao lago do Aleixo, na região das Lajes, os cardumes de jaraquis fazem a desova).

O pesquisador do Instituto Nacional da Amazônia (Inpa), Bruce Forsberg, especialista em Ecologia Aquática, lembra que a contaminação afeta não só os peixes, mas toda uma cadeia, como as plantas e até predadores, como o jacaré. “A química do produto lançado é subtraída pelo peixe. Além disso, ela também acumula nas plantas, que é alimento de outras espécies”, alerta Forsberg. (A cadeia a que se refere o pesquisador é a cadeia alimentar. Significa dizer que a população que se alimenta dos peixes da região está sujeita a contrair doenças. Ora, o peixe é a base da alimentação da população de baixa renda).

Um pescador da área, que pediu apenas para ser chamado de Francisco, conta que veio da região do Purus, no Amazonas, para morar na Colônia, no início dos anos 70 e lembra a beleza do lugar. “Os peixes também apareciam em fartura”. (A instalação da Colônia de Hanseníanos, desativada no final dos anos 1970, ajudou a proteger a flora e a fauna aquática do lago do Aleixo. Com a ocupação do bairro por mais de 40 mil habitantes, e a expansão do Polo Industrial, o ambiente vem se degragando aceleradamente. Mas ainda há como salvá-lo, se as autoridades forem cobradas para tanto).

Além da contaminação dos peixes na lagoa, outros problemas denunciados por moradores da área é o desmatamento da floresta e remoção de relevo em uma Área de Preservação Permanente (APP) e do despejo de fuligem negra, que pode ser visto na região do Encontro das Águas. (A região ainda está ameaçada pela construção de um terminal porturário privado, que encontra forte resistência do movimento social SOS Encontro das Águas).

A Indústria de Papel Sovel da Amazônia, uma das empresas apontadas pela comunidade como a principal causadora da emissão de efluentes tóxicos por meio de uma tubulação na lagoa, já recebeu há três anos, um auto de infração, expedido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas). A punição foi aplicada pelo despejo de fibra de papel celulose nas águas.(É espantoso a timidez com que as autoridades punem o infrator, que se ampara na fragilidade da legislação para continuar pondo em risco a vida da população de ribeirinhos e pescadores. Macacos me mordam, se a isto não se chama RACISMO AMBIENTAL).

Apesar de a empresa ter se comprometido em reparar o dano, a Prefeitura de Manaus a condenou ao pagamento de multa de 300 UFMs (Unidades Fiscais do Município), o equivalente a R$ 16,8 mil. (Se as multas fossem progressivas, a essa altura a fábrica estaria de portas fechadas, como acontece em qualquer país civilizado).

Empresa garante mudanças
no prazo de quatro anos

O coordenador de Meio Ambiente da Sovel da Amazônia, José Cleoço destaca que há três meses a empresa vem fazendo a coleta para análise da água do Lago. Ele explica que a empresa já trabalha em um projeto que trata da construção de uma Estação de Tratamento, em que a água será tratada a partir de plantas naturais da região. “Muita coisa tem que ser melhorada, mas, gradativamente, de acordo com os prazos que os órgãos ligados ao meio ambiente, nos concederem”, disse José Cleoço fazendo referência ao prazo de quatro anos, concedido pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) para que a empresa faça a recuperação da área degradada.(Que curioso! Mais quatro anos é o período de um mandato de governo. Em tempo de eleições, é certo que a população vai querer saber quais as propostas dos candidatos para por fim a essa pouca-vergonha, como diria a saudosa tia Pátria. A pergunta que não quer calar: a construção da estação de tratamento é dos vera, ou os senhores estão brincando com a paciência da população? Aonde estão a Câmara dos Vereadores e a Assembléia Legislativa. Vamos acordar, minha gente, que o dia já vem raiando!...).

Fonte: Amazonas em Tempo

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