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PICICA: "O debate foi mediado pelo Dr. Rogelio Casado e coordenado pelo professor Ranniery Mazzily. Dos nove componentes da mesa, apenas um era favorável à descriminalização da maconha."
Evandro Brandão
A maconha é uma erva consumida no Brasil para dar um “barato” na cabeça das pessoas que a utilizam. Ao realizar estudos e pesquisas sobre o uso da maconha pode-se aprender de forma consolidada quais são as características e quais são os efeitos do uso da maconha, assim como descobre-se que diferentes usos podem ser feitos dessa mesma erva. Paralelamente, o tráfico de drogas se revelará como mais um dos conhecimentos transversais a ser adquirido durante uma pesquisa aprofundada. Finalmente, o nível de educação no Brasil, com quase 20 milhões de analfabetos (totais e funcionais) e uma série de outros tantos problemas estruturais a serem solucionados revelarão como a maconha deve ser tratada no nosso país nos tempos atuais.
Descriminalizar nesse caso, quer dizer não considerar crime o uso da maconha. Não significa legalizar o uso da maconha. Significa o estabelecimento de regras para o seu uso e, uma vez que essas regras estejam sendo cumpridas pelo usuário não será considerado crime o uso da erva.
A Universidade do Estado do Amazonas promoveu debate sobre a descriminalização da maconha no dia 16 de dezembro de 2011, no horário das 21:30 às 00:30, no auditório do terceiro andar da Escola de Saúde, no bairro da Cachoeirinha. O debate foi mediado pelo Dr. Rogelio Casado e coordenado pelo professor Ranniery. Dos nove componentes da mesa, apenas um era favorável à descriminalização da maconha.
As falas dos debatedores deixaram claro que existe uma consciência coletiva sobre maior grau de prejuízos à sociedade em decorrência do uso do álcool do que pelo uso da maconha. Alguns dados ali revelados indicaram que o percentual de consumidores de álcool é de aproximadamente cinco a seis vezes maior do que os utilizadores da maconha; isso porque o consumo do álcool não é proibido, mas o uso da maconha ainda é proibido no Brasil.
Segundo um dos debatedores, o momento atual apresenta muitas outras prioridades a serem resolvidas no país e não é o momento oportuno para a descriminalização da maconha. Outra discussão significativa durante o debate foi a revelação de que é preciso aumentar a vigilância sobre as ações de traficantes para puni-los mais severamente, ao invés de despender tanta energia enquanto prendem-se usuários.
Quando a palavra foi franqueada às pessoas que lotaram o auditório, o mediador informou que quatrocentas e cinqüenta perguntas haviam sido formuladas e anotadas pela coordenação do evento, mas apenas algumas seriam lidas e direcionadas aos debatedores. E assim foi feito. As perguntas abordaram a necessidade de políticas públicas que valorizem a educação, investimentos no tratamento de drogados, criação de instituições capazes de recuperar aqueles que já consomem drogas, criação de mecanismos de prevenção contra o uso de drogas em geral e, principalmente, as perguntas revelaram as dificuldades infraestruturais dos órgãos de segurança pública e da rede de saúde pública.
As respostas dos debatedores foram rápidas, sem aprofundamentos que tratassem das especificidades de cada pergunta. Embora entre os debatedores houvesse representantes das classes política, militar, segurança pública, direitos humanos, acadêmica e sociedade civil. Uma apuração mais detalhada dos conteúdos das perguntas e das respostas revelará a quase ausência de novidades sobre o tema “uso e tráfico de drogas no Brasil”. Mais de noventa por cento de tudo que ali foi discutido é de conhecimento coletivo popular. Uma indicação da necessidade de aproximar a ciência, a tecnologia e a inovação da realidade do uso e do tráfico de drogas no Brasil, no Amazonas. Pesquisas científicas específicas e bem estruturadas para que se revelem de fato o que é a maconha, como vivem as pessoas que consomem maconha, quais são as conseqüências sociais das mudanças de comportamentos daqueles que consomem maconha, quais os reflexos no tráfico e no consumo das drogas caso a maconha seja descriminalizada.
É importante que a Universidade do Estado do Amazonas tenha iniciado a série Debates Contemporâneos, como se refere o professor Ranniery, para trazer ao debate temáticas atuais e necessárias ao desenvolvimento cultural e sócio-político da comunidade Acadêmica.
O debate foi encerrado por volta de 01:00h da manhã do dia 17 de dezembro de 2011, quando alguns dos participantes já não mais se encontravam presentes porque utilizar o transporte coletivo após às 23:00h em Manaus não é muito fácil e também porque ainda não há cumprimento de regras no uso de drogas criminalizadas ou descriminalizadas no Brasil. A lição resultante é que os acadêmicos em formação na Universidade do Estado do Amazonas tem a oportunidade de iniciar o processo de construção de consciência crítica necessário àqueles que pretendem construir o desenvolvimento socioeconômico e cultural do Amazonas e do Brasil.
Parabéns aos organizadores do debate, ao mediador, aos debatedores e a todos os participantes.
Sobre o autor
Evandro Brandão
Evandro Brandão Barbosa é graduado em Ciências Econômicas e Administração, especializado em Engenharia Econômica, pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap); especializado em Informática e Educação pelo Centro Universitário do Norte (Uninorte), em Manaus; Mestre em Educação pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e professor Universitário na cidade de Manaus-AM.
Fonte: Portal da Amazônia
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